Contar as histórias na primeira pessoa
Há 15 anos crescendo em sucesso de público e arrecadação, a indústria cinematográfica de Israel mergulha no encalço de Amos Gitai e, contraditoriamente, conta com o apoio de um Estado cuja rigidez política não impede de patrocinar filmes muito críticos em relação ao ideal sionista
A cena cinematográfica de 2009 foi marcada por três filmes israelenses muito diferentes, todos, porém, com raízes fincadas numa realidade social retratada sem complacência: Pecado da carne, de Haim Tabakman, que abordou a homossexualidade numa comunidade ortodoxa; Vasermil, de Mushon Salmona, retrato da juventude desempregada de Ber Sheeba; e Zião e seu irmão, drama sobre a imigração da Etiópia. Depois foram lançados Líbano, uma impressionante visão do conflito bélico naquele país, filmado a partir de um tanque de guerra, e Ajami, crônica com ares policiais de um bairro da cidade de Jaffa, codirigida por um judeu e um árabe. Há 15 anos, questionando insistentemente a sociedade da qual se origina, o cinema israelense tem visto crescer o seu sucesso de público e arrecadação. Em setembro passado, o Leão de Ouro de Veneza foi concedido ao filme Líbano. Depois de Valsa com Bashir, em 2009, Ajami concorreu ao Oscar de melhor…