Democracias à beira de um ataque de nervos
As democracias latino-americanas encontram-se ameaçadas pela insatisfação social, pela intervenção militar dissimulada e pela sua deterioração
Em seu livro Pluralism by Default,[1] o pesquisador da Universidade de Toronto, Lucan Way, dá uma reviravolta interessante para o eterno debate sobre a democracia. De acordo com ele, a sobrevivência do pluralismo e das eleições em democracias jovens tem menos a ver com instituições robustas, líderes de vocação republicana ou partidos fortes do que com a fraqueza dos atores autoritários. Os mesmos fatores que fragilizam as democracias – a crise das forças políticas, as divisões territoriais dentro de um mesmo país e a ausência de organizações civis sólidas – são os que criam um cenário de atomização e impasse que impede os líderes autocráticos de reunir a força necessária para derrubar o regime democrático. Não é que a democracia seja forte; os autocratas é que são fracos. Embora Way tenha escrito seu livro pensando nas novas democracias do espaço pós-soviético como a Moldávia ou a Ucrânia, a perspectiva é…