Didática zero
Ao transferir a segurança de algumas escolas ao Departamento de Polícia, a prefeitura de Nova York esperava resolver o problema da violência escolar. Mas, além da diminuição mínima de criminalidade, o que vemos é o surgimento de um sistema disciplinar no qual os vigias se tornaram a principal autoridade
A rede de escolas de Nova York é a mais importante dos Estados Unidos, com cerca de 1,1 milhão de alunos, a maioria proveniente de classes populares. Em 1998, ao deparar com problemas de violência escolar, o republicano Rudolph Giuliani, então prefeito da cidade, transferiu a segurança das escolas classificadas como “difíceis” ao Departamento de Polícia de Nova York (NYPD). Os 4,5 mil agentes de segurança escolar provinham do corpo de policiais e se reportavam diretamente ao NYPD, em vez de acionar professores ou diretores dos colégios. O poder público novaiorquino clama com frequência que esses métodos autoritários e o uso de tecnologias de vigilância permitiram obter uma baixa drástica nos índices de criminalidade nos locais considerados mais perigosos. Contudo, são raros os profissionais que acreditam nessas estatísticas profundamente “envernizadas” para se enquadrarem nos objetivos previamente fixados. Dessa forma, o relatório de inspeção geral da cidade, de 2007, coloca em…