Frear o golpe contra a democracia
Impedir as revoltas violentas contra o governo e, em última análise, contra a democracia não é tarefa apenas de quem está no La Moneda, é também dos movimentos sociais
Em oito meses os donos de caminhões do Chile fizeram greves que impactaram o cotidiano da economia; com algumas dessas manifestações interrompendo o fluxo das rodovias do país. A primeira mobilização de 2022 ocorreu apenas três dias após a posse do novo governo e o roteiro foi repetido outras quatro vezes. A última, no final de novembro, ocorreu num contexto de dificuldades econômicas e trazia as mesmas reivindicações já presentes na primeira mobilização. Esta deu o tom do que estava por vir: demandas por mais segurança – principalmente na região de Araucanía –, queda nos preços dos combustíveis e controle da alta do custo de vida provocada pela inflação. Ao contrário de março, esta última greve teve o apoio explícito da extrema direita, que desde o Congresso lançou uma ofensiva desestabilizadora composta por diferentes iniciativas: paralisar o processo constituinte após a rejeição da proposta da Convenção Constitucional no plebiscito de…