Nicaráguas
De que Nicarágua estamos falando? Da que se livrou da ditadura em 1979 ou da que votou contra os sandinistas em 1990? Da que voltou a vestir-se de vermelho e preto com o retorno ao governo de Daniel Ortega em 2007 ou da que foi testemunha da mutação de Ortega em tirano?
“Bem-vindos à Nicarágua livre.” Em 1992, esse cartaz ainda era exibido na divisa com a Costa Rica. Dois anos antes, os sandinistas haviam perdido a eleição que decretou o fim da “década de todos os sonhos” para a esquerda ocidental. Já naquela época, ao se deparar com um cartaz como esse, começava a se desenhar o sentido aberto por uma pergunta cada vez mais atual: de que Nicarágua estamos falando? À qual acrescentam-se todas as questões possíveis derivadas dessa: da Nicarágua que se livrou de quarenta anos de ditadura da família Somoza com a insurreição de 1979 ou da que votou contra os sandinistas em 1990? Da que voltou a vestir-se de vermelho e preto com o retorno ao governo de Daniel Ortega em 2007, ou da que foi testemunha da mutação de Ortega em tirano a partir de, talvez, 2012 (com sua segunda presidência) ou, sem dúvida, de 2017…