O helicóptero das Franças
Há uma perspectiva faltando. A perspectiva esquecida de classe. Aquela que Francia Márquez trouxe para o centro da política colombiana
Existem duas Franças e uma delas fica na Colômbia. O que é permitido a uma é censurado à outra. Em março, a polêmica explodiu. A vice-presidenta colombiana, Francia Márquez, viajava muito de helicóptero. A explicação era clara e ao mesmo tempo irrelevante. Semanas antes, havia sido desarticulado um atentado que esperava a passagem da caravana vice-presidencial em uma estrada, e as medidas de segurança aconselhavam a viagem pelo ar. Mas isso não importava. Havia outra lógica funcionando por trás da crítica. A própria vice-presidenta a apontou claramente. O uso de aeronaves pelas máximas autoridades do país nunca antes tinha sido questionado com tanta virulência, apesar dos casos de uso para fins bastante privados por parte de governos anteriores. Ninguém questionava o direito à segurança do ex-presidente Álvaro Uribe que gastava muito mais para evitar que se repetissem com ele atentados como o planejado contra Francia Márquez. No entanto, a lógica…