O retorno da inteligência militar
Não surpreende que algumas das hipóteses que explicam a rebelião que se espalhou pelo Chile em 2019 se baseassem na suposta participação de agentes estrangeiros, principalmente chavistas venezuelanos e colombianos, coordenados por cubanos
Em 1986, o “ano decisivo” na tentativa de acabar com a ditadura de Pinochet, o psiquiatra chileno Sergio Pesutic publicou a primeira edição de seu livro La hinteligencia militar. O livro-objeto tinha apenas uma apresentação na contracapa e suas 150 páginas estavam completamente em branco. Foi definido como “um verdadeiro oxímoro: inteligência militar. O jogo de palavras e suas páginas em branco nos dizem que essa figura realmente não existe, ou que tratam-se de uma contradição em si mesma”. Afinal, declarava o autor, “ninguém sabe o que a inteligência militar faz, muito menos para que serve”. Sensação semelhante retorna agora com a divulgação de alguns dos mais de 400 mil e-mails do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas do Chile (EMCO) desclassificados em setembro por ciberativistas do grupo Guacamaya, e que também conta com arquivos vazados do México, El Salvador, Peru e Colômbia. A ação teve tamanho impacto que o governo…