Pequim usa as finanças para atacar Washington
A entrada da China na Organização Mundial do Comércio, em 2001, foi facilitada pela esperança dos Estados Unidos de que a liberalização econômica do país levaria à “abertura política”. Vinte anos depois, é exatamente o contrário: a desregulamentação serve a Pequim, que se apoia nas transnacionais norte-americanas para se opor às tendências protecionistas da Casa Branca
Em seu discurso de abertura no Fórum Boao, o equivalente chinês do Fórum Econômico Mundial de Davos, o presidente da China, Xi Jinping, convocou, em abril, uma nova ordem internacional. Referindo-se aos Estados Unidos, rejeitou qualquer ideia de “guerra fria” e de “hegemonia”, antes de declarar: “Devemos promover a liberalização e a facilitação do comércio e do investimento, aprofundar a integração econômica regional e fortalecer as cadeias de abastecimento [...], tendo em vista a construção de uma economia global aberta. [...] Na era da globalização econômica, a abertura e a integração são uma tendência histórica irreprimível. A construção de muros ou a ‘fragmentação’ vão contra as leis econômicas e os princípios do mercado”.1 Esse hino ao liberalismo econômico tornou-se um mantra no discurso oficial. Diante dos esforços protecionistas dos Estados Unidos para reestruturar as cadeias de abastecimento transnacionais e limitar o acesso da República Popular da China (RPC) a tecnologias…