Quem paga a conta da crise?
Uma coisa é certa: se tudo continuar como está, a crise econômica na Europa vai se espalhar ainda mais. Cada país “recuperado” receberá apenas o suficiente para pagar seus credores, em troca de uma redução implacável de suas despesas públicas. Os bancos sairão vitoriosos, não as populações
No início do mês de janeiro, o governo grego convocou, em caráter de urgência, um grupo de especialistas em economia. Entre eles, um funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI) que explicava secamente ao primeiro-ministro como este deveria desmantelar o Estado de Bem-Estar Social. Outro conselheiro, vindo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), dizia animado: “Uma decisão que escandalizou todo mundo, inclusive os próprios partidários dela, só pode ser uma boa decisão”. A equação que justifica essas afirmações é conhecida: os mercados obrigam os Estados a apertar o cinto. Os compradores de títulos são os únicos juízes dos planos de austeridade consentidos pelos governos. Somente eles decidem se devem ou não confiar na capacidade de um Estado pagar sua dívida. Basta um país se submeter a uma disciplina orçamentária de ferro para as taxas de juros ficarem suportáveis e as válvulas do crédito se abrirem novamente. Esta teoria…