Ladeira abaixo
Fatos apontam para dois processos em curso: a desaceleração econômica e o insuflar da bolha. Confira a seguir novo artigo do Observatório da Economia Contemporânea
Fatos apontam para dois processos em curso: a desaceleração econômica e o insuflar da bolha. Confira a seguir novo artigo do Observatório da Economia Contemporânea
A crise grega poderia ser o estopim de um balanço sem concessão dos onze anos de união monetária e políticas econômicas muito restritivas, onde todo questionamento do euro é visto como o Apocalipse. Dizem até que “o comércio livre na Europa não sobreviverá se as nações retornarem às suas antigas moedas”
Uma coisa é certa: se tudo continuar como está, a crise econômica na Europa vai se espalhar ainda mais. Cada país “recuperado” receberá apenas o suficiente para pagar seus credores, em troca de uma redução implacável de suas despesas públicas. Os bancos sairão vitoriosos, não as populações
Enquanto os choques “ordinários” considerados por Naomi Klein tinham geralmente origens externas – golpes de Estado, contrarrevoluções, catástrofes naturais – e provocavam uma situação de desordem em consequência da qual a agenda neoliberal era implementada, o choque presente foi produzido no interior do sistema
Há alguns anos a Espanha experimentou um boom imobiliário. Porém, os créditos concedidos na época foram superestimados e ultrapassavam o limite extremo das possibilidades de pagamento. Não demorou muito para que um grande número de pessoas não conseguisse honrar a hipoteca da casa própria
Já está claro que esta é uma crise sistêmica. Não podem ser vistas como isoladas as crises de segurança alimentar, ambiental, energética e financeira. É uma crise do modo de produção capitalista de mercado e de sua narrativa que explica o mundo como um campo de competitividade, de conquistas e derrotas, de uma predação sem limites.
A crise atual do sistema financeiro só acelerou o movimento de recuo do Ocidente. Sem sombra de dúvida, os Estados Unidos continuarão sendo, por longos anos, a potência dominante. Mas a ascensão de Brasil, Rússia, Índia e China leva à formação de novos centros de poder que contestam a ordem internacional
Nos anos 1960, John Kennedy conseguiu acabar com o sentimento de inferioridade americano perante os soviéticos. Depois de décadas de altos e baixos, como a derrota no Vietnã e a vitória no Golfo, mais uma vez os EUA vivem um momento pessimista, afundados na crise econômica e na guerra iraquiana
Há dez anos, diante da ameaça aos serviços públicos, o movimento antiglobalização forjou a palavra de ordem “o mundo não é mercadoria”. Até hoje, porém, não existe uma teoria capaz de fazer frente ao discurso econômico liberal criticado por eles. É preciso forjar uma ferramenta conceitual alternativa
A crise internacional desafia as boas condições do presente e ameaça a materialização das perspectivas para o futuro de mais longo prazo. As oportunidades só serão aproveitadas caso a gestão macroeconômica seja distinta da que tem predominado nos últimos anos
A especulação financeira chegou ao mercado de alimentos. E não há indícios de que vai parar. Para os produtores, essa movimentação pode significar preços maiores. Para os investidores, a possibilidade de aumentarem os lucros. Para as bolsas, uma liquidez mais atraente. Para os pobres, simplesmente a fome