Rumo a uma “democracia maoísta”
O Nepal teve uma história particularmente agitada a partir da introdução do pluripartidarismo, em novembro de 1990, após três décadas de um regime de democracia dirigida, conduzido pelo rei.
Ventos de mudança sopram na cordilheira do Himalaia. Não para os lados do Tibete, apesar de todos os olhos do mundo parecerem voltados para lá agora, mas para seu vizinho Nepal. No dia 10 de abril passado, esse pequeno país asiático, extremamente pobre, elegeu uma Assembléia Constituinte com a expectativa de resolver o impasse político que atravanca seu desenvolvimento. A democracia participativa, almejada pela grande maioria dos cidadãos, saiu fortalecida do pleito. A alta taxa de comparecimento às urnas – mais de 60% do eleitorado – reforçou a importância do processo. Pelos próximos dois anos, os 600 membros da Assembléia assumirão a árdua responsabilidade de redigir aqueles que serão os novos alicerces do país. E os problemas já começam a aparecer: a Constituição provisória, promulgada em 15 de janeiro de 2007, comporta ao menos dois princípios espinhosos que precisam ser revistos. O primeiro refere-se à superação política da monarquia e…