Sanções, uma faca de dois gumes
Em 1856, a Rússia perdeu a Guerra da Crimeia. Agora que ela desafia o Ocidente na Ucrânia, que lembranças restam dessa derrota? Na época, os vencedores impuseram-lhe um tratado de paz de acomodação. Hoje, os oponentes sonham em deixá-la de joelhos. Os crimes, principalmente os sexuais, estão aumentando no campo de batalha, enquanto Moscou brande a ameaça nuclear: a estabilidade global poucas vezes foi tão frágil… E o que a esquerda propõe para sair dessa espiral? Enquanto uns preferem fugir do assunto, outros defendem as convicções bélicas dos neoconservadores, reclamando a adoção de sanções que também castigam a Europa e os países emergentes
Há poucos meses, os dirigentes europeus queriam acreditar que “a guerra econômica e financeira total” lançada contra Moscou seria um caminho satisfatório. “A Rússia é um país enorme e tem uma grande população [...], mas seu PIB é apenas um pouco maior que o da Espanha”, declarou o comissário do mercado interno europeu, Thierry Breton, na RTL, em 1º de março, garantindo que o “impacto será fraco” na Europa. Seis meses depois da primeira rajada de sanções ocidentais, a economia russa mostra que foi afetada, mas o desmoronamento não ocorreu. O FMI calculou, em março, uma recessão de 8,5%. Agora, o Banco Mundial fala de uma queda do PIB de 4%. Nesse ritmo, a riqueza do país está longe de ser “reduzida à metade”, como anunciou em Varsóvia, no dia 26 de março, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, diante de um público polonês. Por sua vez, a União…