As guerras e a produção da vida nua
O conceito de vida nua é pertinente para a análise de fenômenos contemporâneos como esses que estamos vivendo atualmente, que utiliza um estado de exceção como política de governo
O conceito de vida nua é pertinente para a análise de fenômenos contemporâneos como esses que estamos vivendo atualmente, que utiliza um estado de exceção como política de governo
O desaparecimento dos meninos não é acontecimento aleatório ou episódico, mas inscrito em um conjunto de políticas voltadas para uma direção bastante específica: a de consentir a morte pela vulnerabilização da vida.
Os regimes autoritários contemporâneos contam com o Direito para lhes servir porque lhe dá um verniz de legalidade. Tem sido recorrente agentes públicos invocarem a Lei de Segurança Nacional ou outros crimes do Código Penal contra críticos do governo
Mas são muito frágeis. Depois da implementação de programas sociais e políticas públicas, o cenário político parece estar num ‘lento, gradual e inseguro’ caminho para a institucionalização do autoritarismo. Esse cenário não se configurou do dia para a noite, nem se trata de um dilema exclusivamente brasileiro
Nos falta ainda o susto com nossa democracia fantasmagórica e fantasmagorizante, com nosso Estado de exceção, com todos os tipos de bovarismos, com a cultura do arremedo de avanço com atraso, quase sempre tendo a violência nas duas pontas
Retrospectiva de fatos e acontecimentos relevantes dos últimos anos que auxiliam a entender a atual crise, com especial destaque para o impeachment de Dilma e a prisão de Lula
Um regime de não democracia não pode prescindir de eleições, pois, se assim fosse, se tornaria uma ditadura. Convém lembrar que até mesmo o regime militar de 1964 manteve um nível de eleições. Ademais, não realizar eleições implicaria abrir as portas para um contexto de pressão internacional que tornaria o regime de não democracia insustentável
Eleições só podem ocorrer com a resolução de duas equações: primeiro, a existência, com chances de vencer, de um candidato à Presidência proveniente do consórcio golpista; segundo, um Congresso majoritariamente igual ao atual ou pior que ele, cujo financiamento privado proveniente de interesses privatistas e do grande capital seja majoritário em número de parlamentares
“Se a agenda da transformação for traída, já não estaremos mais no mesmo lugar de antes, teremos andado um pequeno passo.” Confira entrevista com o pesquisador Felipe Paiva, doutorando em História pela UFF e professor de História da África na UnB, em que ele explica alguns conceitos de estado de exceção e os motivos pelos quais o Brasil vive na era da necropolítica