Ucrânia, as fontes do patriotismo
A resistência a um invasor alimenta-se de símbolos compartilhados, de um fundo comum que afirma uma identidade ao mesmo tempo que constrói uma lenda ao longo dos acontecimentos. A mobilização patriótica na Ucrânia provém das fontes mais heterogêneas. Entre elas, um hino cantado por combatentes ucranianos que atuavam no Exército austro-húngaro em 1914 obtém um sucesso inesperado
Neste começo de julho, no centro de Lviv (oeste da Ucrânia), encontramos no café-livraria Ao Velho Leão os últimos lançamentos literários enquanto degustamos um expresso grand cru. Uma hagiografia do líder fascista Stepan Bandera (1909-1959), sugerida pela revista Lokalna Istoria [História local], ladeia sacolas com o lema “Make books, not war” [Faça livros, não guerra]. Essa proposta heteróclita simboliza a dupla pressão a que está sujeito o povo ucraniano. Vista como a encarnação dos valores pacíficos e democráticos da Europa na guerra contra a Rússia, a Ucrânia nutre seu ímpeto patriótico e cultiva um velho fundo nacionalista. A ambivalência existe desde a mobilização da Maidan em 2013. Os que promoviam um movimento cívico que defendia uma aliança com a União Europeia (UE) brandiam tanto a bandeira nacional amarela e azul como a azul estrelada da UE. Em seguida, os manifestantes evocaram a morte da centena de vítimas da repressão de…