A esquerda desarmada diante da guerra
De Jean Jaurès a Aristide Briand, de Lenin a Clara Zetkin, quando uma guerra eclodia na Europa e ameaçava enterrá-la, líderes da esquerda e manifestantes pacifistas levantavam sua voz. Esse não é o caso da guerra na Ucrânia. Enquanto o conflito se alastra e a mídia se inflama, a esquerda europeia emudece
Desde fevereiro, o risco de uma guerra nuclear irrompeu em nossa atualidade cotidiana. Entretanto, na maior parte dos países do mundo, os partidos políticos olham para outro lado. Candidatos norte-americanos ao Senado – a assembleia que trata mais diretamente da política externa – se defrontaram por uma hora sem pronunciar a palavra “Ucrânia”; nenhuma manifestação de peso foi convocada sobre esse tema; a diplomacia parece em ponto morto; a quase totalidade das mídias aposta que a ameaça nuclear não passa de uma chantagem da Rússia destinada a esconder o encadeamento de derrotas militares de seu Exército. Explicam-nos que o urso está acuado e rosna; é um blefe, não há por que se preocupar. Na frente de combate, a luta se intensifica, bombardeios se sucedem a sabotagens. Enquanto isso, longe dali as pessoas insistem em falar de outra coisa. Foi assim, em meio a uma indiferença quase geral, que, em 3…