“Você deve lutar pela xepa da feira e dizer que está recompensado”
Hoje, depois de três anos de política estatal de genocídio aberto contra as populações empobrecidas e racializadas, a situação é catastrófica. Nas periferias e favelas, nos aglomeramos precariamente. Os gastos se concentram em alguns itens muito básicos, e o aluguel, as contas de luz, água e gás, a comida e o transporte consomem tudo o que ganhamos
Esses versos da canção de Gonzaguinha no título soam em minha cabeça quando penso nos impactos do aumento do custo de vida para a população mais pobre. Também nomeado carestia, esse aumento do custo básico de reprodução da vida exacerba as desigualdades sociais e não é novo nem inédito no Brasil. Em 1915 foram construídos campos de concentração no estado do Ceará com o objetivo de isolar os pobres ameaçadores dos cidadãos de bem que ainda comiam e de bloquear uma possível insurreição por parte dos famintos em busca de comida. Em 1946, Josué de Castro publicou Geografia da fome, obra e autor fundamentais para a compreensão do Brasil. Ele dedica o livro a Rachel de Queiroz, entre outros, por ter retratado a fome em sua literatura, compartilhando histórias como essa – do campo de concentração – em seu romance O Quinze. Em 1960, Carolina Maria de Jesus publicou o…