A questão indígena no pensamento militar brasileiro
Da perspectiva dos intelectuais fardados que buscam resolver o problema do subdesenvolvimento brasileiro, os indígenas estão atrapalhando seus projetos
Da perspectiva dos intelectuais fardados que buscam resolver o problema do subdesenvolvimento brasileiro, os indígenas estão atrapalhando seus projetos
A tragédia que se abate sobre os povos indígenas brasileiros, especialmente os Yanomami, é um dos mais graves crimes já cometidos na história recente brasileira – já tão cheia de horrores. A gravidade da situação é ainda maior se pensarmos que aquela é apenas a ponta de iceberg da imensa crise ambiental
Fora do foco da grande mídia, Maranhão e Tocantins repetem o cenário encontrado em toda a Amazônia Legal, onde comunidades são invadidas e as instituições governamentais não tomam medidas proporcionais que possibilitem o fim dos conflitos
Da escravização e do extermínio, passando pelo regime de tutela e assimilacionista, chegando ao reconhecimento apenas formal pela Constituição Federal de 1988, até a opressão, violência e invasões de terras indígenas tradicionais, jamais existiu em terras brasileiras um Ministério dos Povos Indígenas
Amazônia Legal concentra a maior parte dos indígenas e das candidaturas de mulheres originárias do país, mas este grupo elegeu na região apenas uma representante, que é bolsonarista. Candidatas apontam desigualdade de verba, compra de votos e violência como motivos da derrota
Às vésperas da publicação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que revelará os impactos da pandemia na educação básica do país nos últimos dois anos, os palestrantes questionam sua eficiência em avaliar escolas brasileiras em regiões mais afastadas do centro-sul
É difícil trazer um olhar crítico para uma figura tão respeitada no mundo do ativismo artístico, político e ambiental. As pessoas são complexas e, portanto, também são suas produções artísticas. Acredito que o trabalho de Sebastião Salgado existe em algum lugar entre o benéfico e o nocivo.
O Brasil não é e nunca foi um bom lugar para os povos indígenas, pelo menos não desde a invasão em 1500. A verdade é que a colonização nunca acabou. A invasão, os massacres e a guerra ainda acontecem em nosso país. Normalizamos a barbárie e nos acostumamos com ela. E a realidade da floresta e dos seus povos piora a cada dia.
Dom e Bruno foram silenciados para que não viessem a público as denúncias dos crimes praticados na região – crimes contra os povos indígenas, contra o meio ambiente, contra todos os brasileiros, crime de lesa-humanidade
A permissividade da Presidência da República com relação ao garimpo irregular, ao desmatamento, à pesca ilegal, à grilagem e às invasões de terras indígenas exacerbou tensões históricas, encorajando a atuação de grupos criminosos na região que têm estado confiantes na impunidade
O que mudou em relação a esse contínuo processo de erradicação das culturas indígenas do Brasil? A sistematização do genocídio indígena pelo Estado, especialmente a partir de 2019.
Quatro portarias de restrição de uso expiram até o fim deste ano e organizações se mobilizam para garantir a renovação
O destino percorrido pelos povos indígenas no Brasil não é resultado apenas das decisões de específicos atores políticos, mas de toda uma sociedade que historicamente plasma sua “civilização” e seu “desenvolvimento” na (in)compreensão sobre as mais de 305 distintas e ricas culturas originárias a partir de bases racistas e discriminatórias que as exterminaram
Jornalista acompanhou equipes do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) e da Força Estadual de Saúde do Maranhão (Fesma) durante a imunização de povos indígenas no Maranhão.
Trinta anos atrás uma grande “corrida do ouro” tomava conta do território yanomami causando degradação social e ambiental, situação que arrefeceu após a demarcação da Terra Indígena Yanomami em 1992. Hoje, sob o governo Bolsonaro, a invasão garimpeira volta a assombrar o destino dos Yanomami e Ye’kwana, assumindo proporções inimagináveis. Mesmo repaginado, com novas estruturas e formas de atuação, o garimpo segue deixando rastros de morte pela floresta, especialmente agora com a Covid-19
O presidente Jair Bolsonaro demonstra não apenas resistência em adotar medidas de enfretamento à pandemia, como também ineficiência e irresponsabilidade. Em uma cumplicidade perversa, o coronavírus se apresenta como um aliado poderoso para livrar seu governo da presença de povos indígenas, que, em sua desrazão, representam um obstáculo ao seu projeto
Privados de seus direitos básicos e desrespeitados em suas práticas tradicionais de punição, os indígenas brasileiros engrossam, invisíveis, a população carcerária do país
Em caso emblemático, portaria da Terra Indígena Guyraroka foi anulada em 2014 pela Segunda Turma do STF, com base na tese restritiva do marco temporal e sem jamais ouvir a comunidade. Idosos, adultos e crianças aguardam por decisão em acampamentos há mais de 20 anos.
Anos depois da construção da Usina Hidrelétrica que inundou parte do território tradicional Guarani, a Itaipu amplia o cenário de violações de direitos humanos no Oeste do Paraná ao buscar, na justiça, o despejo de comunidades Avá-Guarani que estão retomando seus territórios tradicionalmente ocupados. A empresa convive com um passado que envolve não só o alagamento das áreas das aldeias, inclusive fazendo desaparecer as Sete Quedas, como também, mais recentemente, surgiram denúncias da prática de incendiar casas indígenas adotadas por funcionários da empresa.
Taily Terena é membro da Conselho Nacional de Mulheres Indigenas e empodera diariamente meninas e mulheres indígenas acerca de seus papéis na sociedade
Lideranças ribeirinhas são ameaçadas de morte ao desafiarem o crime organizado da madeira, a garimpagem e a extração ilegal de recursos em seu território. Ações de proteção territorial são frutos de aliança histórica com os índios Munduruku
Ao longo de 2016 percebeu-se que o poder Judiciário, em primeira instância e nos tribunais regionais federais, tratou de seguir a lógica do Governo Temer tomando para si a centralidade das discussões relativas aos direitos indígenas e descaracterizando procedimentos demarcatórios. Pode-se afirmar que houve, neste período, graves retrocessos no que tange à perspectiva de consolidação de políticas que atendam às necessidades e aos direitos indígenas.Lucia Helena Rangel e Roberto Antonio Liebgott
Os direitos dos povos indígenas às suas terras foram garantidos por todas Constituições brasileiras desde 1934, e eles foram declarados mesmo nos tempos coloniais. A Constituição de 1988 declara que os direitos indígenas são “originários”, isto é, ela reconhece que eles preexistem, como os diferentes cantões suíços, ao próprio Estado. O papel deste não é o de garantir aos povos indígenas direitos territoriais, e sim o de reconhecê-los.