O grau zero da destruição
Bolsonaro expressa o âmago de seu projeto: a destruição da política nos moldes como existiam, para o estabelecimento da política nos moldes bolsonaristas
Bolsonaro expressa o âmago de seu projeto: a destruição da política nos moldes como existiam, para o estabelecimento da política nos moldes bolsonaristas
Discurso elogioso à ditadura militar, caça às bruxas nas universidades, censura à imprensa, violência e violações de direitos humanos: 2019 consolida a ascensão de Jair Bolsonaro à presidência e desperta fantasmas antigos do autoritarismo no Brasil. Confira o Especial – Tendências Autoritárias no Tempo Presente
O bolsonarismo se constitui como uma nova forma de fazer política, que se sobrepôs ao modo como o sistema político brasileiro funcionou ao longo de trinta anos (entre 1988 e 2018). Tornou-se impossível pensar e fazer política no país sem levar em consideração o novo paradigma bolsonarista, cujos traços como modelo político cabe esmiuçar
Que ninguém se iluda. O que se ensaia no Brasil não é mera aberração sustentada por governo ocasional. Tem importância planetária, como tudo aquilo que cerca a bem-sucedida campanha eleitoral e o modo como se busca consolidar o poder uma vez conquistado.
A participação ativa de civis em 1964 em nada legitima a quebra da “regra de ouro” democrática – o voto popular e direto – e, muito menos, confere legalidade ao golpe de Estado eufemisticamente chamado de “intervenção militar”. Por isso, é preciso disparar o alerta democrático sobre, ao menos, três significados que essa “revisão histórica” da presidência do STF nos emite.
A situação geral demonstra o que as elites norte-americanas, britânicas e europeias, traumatizadas com a eleição de Trump e com o Brexit, sempre se negam a admitir: o autoritarismo não nasce do nada. A aposta da elite brasileira está condenada ao fracasso e acelera a chegada ao poder de um personagem que encarna uma verdadeira ameaça
O cone sul está indo a passos largos em direção à tragédia: aumento da violência, precarização dos direitos, concentração da riqueza e violação sistemática dos direitos humanos. A presença das Forças Armadas está começando a ser parte dos discursos dos políticos num cenário próximo de explosão social.
No Brasil pequeno e mesquinho da casa-grande, todos são iguais perante a lei, mas uns são mais iguais do que outros. E num país racista como o nosso, esses outros, com os quais se rompe eticamente e os quais não se reconhece como iguais em humanidade, são mulheres e homens negros das periferias e favelas. É sobre eles que a barbárie é dirigida e legitimada
A solução da crise econômica tem se dado por meio de expropriações capitalistas que, para desativar a sobreacumulação de ativos fictícios, precisam mercantilizar espaços ainda não exclusivamente mercantilizados, de modo a deixar o capital fluir, se expandir e se (re)acumular. Expropriações são processos indiferentes à anuência do expropriado e, portanto, violentos simbólica e fisicamente.
A situação atual parece desesperadora. A ofensiva das direitas e das extremas direitas ocupa o espaço e as mentes. Ela se exibe nos meios de comunicação e pretende expressar a direitização das sociedades. Contudo, o jogo ainda está sendo jogado. As sociedades resistem e as contradições estão atuando; são elas que determinam o futuro
Fatores históricos, políticos e econômicos explicam a recorrência no país de movimentos reivindicatórios por salários e melhores condições de trabalho da categoria dos profissionais de segurança pública. Volta e meia há greves, paralisações, operações-padrão ou a ameaça de que ocorramMarcelo Freixo
Após a primeira guerra do Golfo, os regimes árabes viveram perturbações desestabilizadoras. No entanto, as estruturas arcaicas sobreviveram. O propalado banho de democracia não ocorreu. E os governos apenas cobriram com novos véus suas feições autoritárias, tentando restabelecer uma imagem de pureza aos olhos do mundo