Análise do discurso de Lula
O discurso Lula foi de estadista, mas não pude deixar de pensar: se Lula voltar ao poder, irá convidar para a área econômica alguém ligado ao mercado?
O discurso Lula foi de estadista, mas não pude deixar de pensar: se Lula voltar ao poder, irá convidar para a área econômica alguém ligado ao mercado?
A pergunta que não quer calar é haverá espaço na sociedade brasileira para um projeto de desenvolvimento capitalista voltado para o atendimento das necessidades da população – uma economia centrada no investimento em saúde, no cuidado, em educação e transporte coletivo, na defesa e valorização do meio ambiente, focada no enfrentamento das desigualdades, na erradicação do racismo estrutural?
Com a anulação dos processos da Lava Jato contra Lula, Supremo antecipa os velhos dilemas eleitorais rumo a 2022
A posse de Luís Fux como presidente do Supremo representa notável continuidade administrativa, se nos apegarmos a formalidades. Trata-se do sexto dirigente seguido da Corte oriundo de indicações do Partido dos Trabalhadores. No entanto, se examinarmos com atenção, veremos que as escolhas resultaram de poucos critérios objetivos ou coerentes
Aos 74 anos, Lula continua sendo alvo da mídia e das forças econômicas que querem impor um modelo de gestão pautado na concentração de renda e na venda das estatais. O principal líder da democracia brasileira ainda assusta as elites que não medem forças para impedir o seu retorno ao poder.
Em 2018 a memória viva da democracia ficou nas cordas. Uma construção de sentidos que nunca terminou de decolar na democracia brasileira, desde 1988. Neste ano existiram dois eventos que colocam os sentidos da democracia e sua memória no precipício. O primeiro evento, o assassinato da lutadora pela democracia e seus valores, Marielle Franco. O segundo, a prisão arbitrária do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e com ele, a democracia ficou no cárcere. Neste pequeno artigo refletiremos a partir de dois conceitos, ditadura e democracia, o tempo presente e os sentidos da memória democrática num Brasil na beira do autoritarismo.
Com este texto inauguramos uma série com análises de discursos das candidaturas Marina Silva, Jair Bolsonaro, Lula, Geraldo Alckmin, Ciro Gomes e Guilherme Boulos produzidas pelo Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CPDA/UFRRJ). A primeira análise é sobre o que diz o ex-presidente e candidato pelo PT, Luis Inácio Lula da Silva:
O estilo Lula não é tecnocrático, nem acadêmico. Ele articula constantemente experiência pessoal e emoção com questões econômicas, políticas e sociais numa linguagem clara e direta, de esclarecimento, que se dirige ao racional, e de mobilização, que se dirige à emoção. Em situações como a das caravanas, destacávamos que tem se construído uma narrativa quase bíblica e dramática, de devoção e simbiose entre Lula e o povo.
Mais que uma análise objetiva das propostas, queremos dar destaque aos componentes estratégicos e emocionais que as candidaturas promovem em sua prática discursiva. A imprecisão e o apelo emocional ou moral das práticas discursivas, que poderiam ser criticados do ponto de vista racional dos programas, passam a ter sentido como mecanismos estratégicos de interpretação da sociedade e seus sujeitos
No campo da militância social, tornou-se mais importante fazer um bom texto do que ter boas ideias. O deslocamento do espaço vivencial cada vez mais para o plano virtual da escrita e imagens mudou nossas relações e a maneira como usamos as palavras. Mas bons textos podem confundir quando não são expressões de boas reflexões e análises. O novo sentido dado ao verbo “lacrar” é a expressão perfeita disso
Não há prefeito, não há gestor de políticas públicas, não há ordenador de despesa neste país que não tenha sentido na pele a arrogância no trato com o Ministério Público. Prazos impostos com ameaças expressas de incriminação são rotina. Não existe um “por favor” nem um “obrigado” na linguagem funcional de seus agentes. Têm o rei na barriga
Era fato, Lula estava preso. O contraste com as cenas da vitória eleitoral em 2002 eram inevitáveis
Lula entrou no auditório onde se realizaria o evento destinado aos países do Mercosul e ocupou a cadeira central da mesa de convidados. Subi também, com minha carga de responsabilidade e me sentei ao lado dele: “Sou sua intérprete”