O racismo como psicopatologia social do Brasil
Como psicopatologia social que devém do colonialismo, o racismo apresenta como sintoma nodal a normalização do reducionismo de um determinado sujeito à cor de sua pele
Como psicopatologia social que devém do colonialismo, o racismo apresenta como sintoma nodal a normalização do reducionismo de um determinado sujeito à cor de sua pele
A Covid-19 não escolhe quem contaminar, mas os abismos sociais entre a população branca e negra levam aos fatos já divulgados: a mortalidade do vírus tende a ser maior na população negra e em situação de pobreza
Se Decotelli não foi humilhado sobretudo pelo fato de ele ser negro, eu teria dificuldades de imaginar outro motivo para a difamação desproporcional de que foi vítima
A crise gerada pela pandemia se somou às crises anteriores, que tornaram o Brasil o país com maior número de casos registrados de ansiedade.
A dinâmica brutal da violência comprova a afirmativa de Grada Kilomba: o racismo é uma realidade violenta. Uma violência que se acelera e se aprofunda em política de morte expressa e executada pelo Estado, incentivada por grupos hegemônicos e atiçada por supremacistas brancos, enraizada de tal modo na sociedade que se tornou naturalizada
Com a pandemia, o quadro geral de precariedade, exclusão e adoecimento nas prisões tornou-se ainda mais preocupante, não só pelo previsível efeito letal da doença em ambientes insalubres, mas também em razão das decisões governamentais e judiciais que agudizaram o problema e ampliaram os riscos da crise sanitária em curso
Transformar o racismo estrutural sistemático da sociedade brasileira não é tarefa da população negra, é responsabilidade da população branca e do conjunto das instituições brasileiras. Na atualidade, não nos bastam afirmações e posicionamentos antirracistas, é preciso alterar relações de poder que, efetivamente, atendam aos interesses e às necessidades da população negra
Os amarelos ocupam uma posição estratégica dentro do gradiente racial brasileiro entre brancos e negros
O eco por aqui das insurgências antirracistas visaram os monumentos que exaltam sobretudo bandeirantes
O Brasil é fundado na desigualdade racial, escondida no mito de democracia racial
Para Hans Jonas, o racismo se apresenta como o oposto intocável da racionalidade e, mais ainda, como uma tendência que resistiu até mesmo ao Iluminismo e mesmo às teses mais otimistas ao longo da modernidade. Em outras palavras, o racismo é uma espécie de percalço no caminho da civilização.