A crise migratória venezuelana requer resposta internacional
O ataque recente a um acampamento de venezuelanos no município fronteiriço de Pacaraima, que forçou o regresso de 1.200 deles ao seu país de origem, não se trata de um episódio isolado
O ataque recente a um acampamento de venezuelanos no município fronteiriço de Pacaraima, que forçou o regresso de 1.200 deles ao seu país de origem, não se trata de um episódio isolado
A impressão que fica é que o abandono das populações de ambos os lados por parte dos governantes pode ser intencional e orquestrado para explodir em outubro na mídia nacional, de forma a mostrar a todos o que acontece com os tolos que votam em projetos da esquerda
A onda de ataques xenofóbicos contra refugiados em Roraima traduzem em parte os limites materiais e políticos de nossa existência. São os refugiados que nos arrancam da cegueira da rotina cotidiana e desnudam os limites do Estado-nação, a precariedade da vida e a miséria humana. Nossa miséria.
A insuficiência de ações coordenadas e adequadas do Poder Público à migração tem fomentado a baixa aceitação da sociedade local com relação aos recém-chegados, contribuindo para atos de violência e xenofobia
Estou convencido, mais uma vez, a partir do exemplo venezuelano, que a transformação estrutural, rumo ao socialismo, é muito complicada. Exige perdas humanitárias imensas. O desejo de se romper com o imperialismo, objetivo da política de Maduro, gera uma intervenção extremamente agressiva do capital internacional, que não se importa em provocar fome e matar pessoas
As classes dirigentes vão novamente mobilizar as massas a se unirem contra um mal maior para, assim, controlar a indignação popular. Como o desejo de “pureza” que tocou a população alemã nos pródomos da Segunda Guerra Mundial, estamos mais uma vez submersos em uma situação que nos impele (de forma manipulada) a negar a liberdade em prol da segurança
Profunda, sangrenta, a crise Venezuela apaixona. Na mídia grande, ela serve a uma obsessão: criticar Jean-Luc Mélenchon na França, Jeremy Corbyn no Reino Unido e Pablo Iglesias na Espanha. Mas a crise interpela também os progressistas, mergulhados na desordem. Como interpretar os acontecimentos? O que fazer? Qual será o resultado?
O desafio colocado em 2017 no Brasil não é de símbolos ou palavras de ordem, apenas, mas a esquerda precisa mostrar para a sociedade quais as saídas que poderão ser adotadas para a grave crise. É preciso enfrentar com clareza o novo momento, e levar em consideração que o atual estágio da economia não permitiria mais um Governo de consenso. Como diria o poeta: Nada será como antes, amanhã!
Nobel da Paz em 1980, ativista argentino diz que situação da Venezuela exige serenidade. Para ele, divisão social pode ser resolvida pelo diálogo político. “Desde o governo de Hugo Chávez, a Venezuela sofreu com as agressões dos Estados Unidos, que não quer perder a hegemonia continental, e intervém em todos os governos e suas respectivas economias”
Em novembro, manifestações populares e tentativas de desestabilização intensificaram as convulsões políticas que a Venezuela já conhece bem. Ao longo de todos os anos 2000, contudo, as conquistas – sociais, geopolíticas e culturais – da revolução bolivariana suscitaram o entusiasmo dos progressistas estrangeirosRenaud Lambert
Seus esforços puderam contar tanto com a conjuntura internacional – boom do preço das commodities no mercado mundial – quanto com a ajuda maciça da Venezuela de Hugo Chávez. Mas agora a primeira mudou, e a segunda secou.Bernard Duterme
À medida que a penúria se agrava, a Venezuela afunda no caos econômico. Vitoriosa nas eleições legislativas de dezembro de 2015, a direita tenta organizar um referendo para revogar o mandato do presidente Nicolás Maduro, sucessor de Hugo ChávezLoïc Ramirez