A burocracia, coitada, é mesmo a última a saber?
Como a disputa pela Procuradoria-Geral da República ilustra o desmonte de um processo de fortalecimento institucional do Brasil
Como a disputa pela Procuradoria-Geral da República ilustra o desmonte de um processo de fortalecimento institucional do Brasil
O ensaio provocativo de Sérgio Buarque põe o dedo na ferida ao expor o dilema. Neste sentido, o “raízes” do título pode dar margem a equívocos. Não é obra de história, mas que sobre a história se debruça, de maneira elíptica e sintética, para apontar algumas tensões da sociedade brasileira na sua difícil tarefa de construção da nação. Por isso, ele a escreve sem formalismos, como quem pensa em voz alta.
O governo alimenta e sustenta o proibicionismo, que alimenta e sustenta o governo, seus integrantes e sua base social. Cabe a nós, que prezamos a vida, e não o dinheiro e a morte, defender e aprofundar o legado dos avanços conquistados, independentemente de quem esteja no poder
O poder das milícias ultrapassa a gestão de mercados e desemboca no acesso ao poder político. O controle territorial se converte em poder político. Uma área dominada por milícias também se tornar um nicho eleitoral, ou um curral eleitoral, para retomar um conceito fundamental de um precedente histórico importante para que se compreenda das milícias. As áreas de milícias são também celeiro para a emergência de lideranças que alcançam posições para cargos eletivos e capital político importante para candidatos que pretendam beber dessa fonte de poder.
Começamos muito mal. Muito. Muito. O básico é deixado de lado, o necessário é deixado de lado
Passado algum tempo do início do atual governo, é o caso de se perguntar o que teria levado 57,8 milhões de pessoas vivendo nesses escombros dominados por milícias a acelerar o fim da História, votando em Jair Bolsonaro e sua Tropa de Elite composta por figuras como Paulo Guedes, Sérgio Moro e Ricardo Vélez. O espírito que move a corrida para o abismo seria apenas o Brasil tentando “ajeitar as coisas” mais uma vez?
Os sábios de internet não são anti-intelectuais. Ao contrário, eles têm seus próprios intelectuais, veículos e critérios, mas se sentem excluídos dos espaços em que o poder intelectual se reproduz. Em razão desse ressentimento e investindo em antagonismos que atualizam uma verdadeira luta de classes pelo poder intelectual, eles foram conquistando uma hegemonia paralela
Fanáticos do neoliberalismo junto com fanáticos religiosos, os mais cínicos oportunistas ao lado de criacionistas, impacientes partidários da modernização tecnológica alinhados com terraplanistas… a lista se prolonga em um patético pandemônio de contradições no qual uma rara constante é o entusiasmado nacionalismo, que só confunde o olhar externo porque, no caso, a “pátria amada” são os Estados Unidos da América
O bolsonarismo se constitui como uma nova forma de fazer política, que se sobrepôs ao modo como o sistema político brasileiro funcionou ao longo de trinta anos (entre 1988 e 2018). Tornou-se impossível pensar e fazer política no país sem levar em consideração o novo paradigma bolsonarista, cujos traços como modelo político cabe esmiuçar
O bolsonarismo atende aos anseios da sociedade ao oferecer algo aparentemente novo e aqui exige um cuidado fundamental: o novo não é na figura, mas na forma. A forma de comunicar, de tratar dos problemas e achar soluções