Democracias à beira de um ataque de nervos
As democracias latino-americanas encontram-se ameaçadas pela insatisfação social, pela intervenção militar dissimulada e pela sua deterioração
As democracias latino-americanas encontram-se ameaçadas pela insatisfação social, pela intervenção militar dissimulada e pela sua deterioração
O que há na multidão do 8 de janeiro é a destruição fascista de toda possibilidade de algo novo, para preservar violentamente os privilégios do velho
É preciso detectar onde teve início o projeto de extermínio colocado em prática pela extrema direita e quais são seus principais atores, pensar se podemos considerar a gestão de Bolsonaro (quatro anos com pretensão de mais quatro) o ápice desse projeto e, por fim, analisar os desafios da atual retomada democrática brasileira
Heleno tem sentimentos fortes com relação ao presidente Lula e talvez o culpe por não ter chegado ao comando da força terrestre
Concentrar as atenções na personalidade abjeta de Bolsonaro, como fizemos esse tempo todo, lançou um véu sobre o fato de que os militares brasileiros permanecem no campo ideológico “amigo-inimigo”, da guerra interna e da doutrina da segurança nacional. Identificamos apenas como psicopatia de um vulgar ex-militar o que é, na verdade, expressão dessa cultura ideológica
As repetições de graves violações de direitos humanos produzidas pelo governo Bolsonaro estão fortemente ligadas ao não desenvolvimento dos eixos da justiça de transição de responsabilização dos crimes pela justiça brasileira e de criação de mecanismos de não repetição por parte das instituições de Estado
Por mera coincidência, aqui, no Brasil, no dia 8 de janeiro de 2023 – exatamente quando se completa 100 anos da primeira tentativa de golpe de Hitler; 90 anos da queima do Parlamento alemão – milhares de seguidores de Bolsonaro fizeram a história se repetir como tragédia: ocuparam e destruíram o Palácio do Planalto, os prédios da Suprema Corte e do Congresso Nacional
Qual agenda Lula encontrará em Washington? Quais as possibilidades para o atual governo brasileiro?
As eleições de Jair Bolsonaro no Brasil, Donald Trump nos EUA, Recepp Erdogan na Turquia, Benjamin Netanyahu em Israel, Victor Orbán na Hungria, os democratas suecos na Suécia e Georgia Meloni na Itália demonstram inequivocamente a urgência de entendermos o espírito do tempo e provermos não apenas enquanto governos, mas também enquanto sociedades as respostas adequadas a esse desafio global
Uma subjetivação delirante, que mobiliza massas lutando por autoritarismo como se lutassem por sua libertação
Como explicar que, sem apoio da mídia, de grande parte do patronato e das elites políticas conservadoras, as redes do ex-presidente Jair Bolsonaro tenham tentado um golpe no dia 8 de janeiro? Talvez pela esperança de que os militares se juntassem a eles. Apesar do fracasso do golpe, a corrente política encarnada pelo ex-presidente demonstrou que não precisa mais de seu mentor para existir
O acúmulo de fatos contra Bolsonaro indica ter ele supostamente praticado improbidade e inúmeros crimes, inclusive contra a “consciência universal” – uma catástrofe humanitária –, os quais poderão levá-lo à prisão, à inelegibilidade e à condenação a reparar danos. Mas ele e o bolsonarismo não desaparecerão