Há cinquenta anos…
No início dos anos 1970, o governo de Salvador Allende também tentava aprovar uma nova Constituição para o Chile. O ex-presidente tinha claro que a democracia só poderia ser salva com mais democracia
No início dos anos 1970, o governo de Salvador Allende também tentava aprovar uma nova Constituição para o Chile. O ex-presidente tinha claro que a democracia só poderia ser salva com mais democracia
Após o plebiscito que rejeitou a nova Constituição, fomos invadidos pelo desânimo marcado por uma inexplicável decisão popular, tomada contra seus próprios interesses. Algo mudou o rumo e esse “algo” afeta as deliberações como um fator decisivo
Impedir as revoltas violentas contra o governo e, em última análise, contra a democracia não é tarefa apenas de quem está no La Moneda, é também dos movimentos sociais
O principal dever político neste momento, inevitável na busca da nova Constituição, consiste em resistir à tendência de confundir as próprias convicções ideológicas com uma condição de superioridade moral
Até agora, as pessoas não votaram pelo fascismo ou pela privação de direitos sociais, mas pelo desejo de combater a insegurança e proteger a frágil precariedade alcançada
O discurso do presidente Gabriel Boric em 18 de outubro deste ano abriu um desafio às interpretações que têm sido feitas sobre o “estallido” chileno de 2019, reclamando visões mais complexas e abrangentes que superem as unilateralidades e os reducionismos das leituras feitas até agora
Os governos do Chile pós-ditadura não têm conseguido canalizar, por diversas razões, os direitos dos povos originários ao modelo democrático do país. Após a vitória do Rejeito no plebiscito da nova Constituição, o discurso de ódio se consolidou em alguns setores políticos, principalmente os vinculados ao Partido Republicano.
Durante as últimas semanas tive a oportunidade de conversar com dois grupos diferentes de acadêmicos latino-americanos que vieram ao Chile e queriam ouvir uma explicação sobre o estado em que se encontra o diálogo do governo com a oposição sobre o futuro da Constituição. Neste artigo, interessa-me ordenar os componentes a respeito do consenso constitucional que hoje se busca, mas também deixar um espaço aberto para um melhor funcionamento do processo democrático no país
A cada campanha eleitoral, fica cada vez mais evidente a importância das redes sociais como canais de informação, de conexão e até de mobilização para milhões de pessoas
Aproximar-se do entendimento da derrota no referendo requer uma análise multivariada, ou seja, a compreensão de que não há uma causa única que explique a ampla margem com que a rejeição foi imposta
Temos um importante desafio para as próximas etapas do processo constituinte, a fim de sustentar práticas políticas e sociais que nos permitam superar a subjetividade herdada da ditadura e ter um desenho estratégico que nos permita derrotar seu legado
Não surpreende que algumas das hipóteses que explicam a rebelião que se espalhou pelo Chile em 2019 se baseassem na suposta participação de agentes estrangeiros, principalmente chavistas venezuelanos e colombianos, coordenados por cubanos