Quando a grande mídia pedir desculpas por acabar com a democracia, o que faremos?
A Globo, que apoiou o golpe e a política econômica que ele trouxe, criou um terreno perfeito para o crescimento da extrema direita
A Globo, que apoiou o golpe e a política econômica que ele trouxe, criou um terreno perfeito para o crescimento da extrema direita
As corporações midiáticas e financeiras apoiam a política econômica do candidato de Bolsonaro que nada mais seria que a continuação do governo Temer. Mas não coaduna com a visão moral do presidenciável conservador. Lógico que o empresariado não pensará duas vezes caso tenha que escolher entre salvar sua fortuna ou preservar sua moral
O discurso “responsável” do centro teve um apelo nulo, enquanto as incongruências da direita começaram lentamente a cavar espaço na mídia convencional. A verdadeira funcionalidade do malabarismo discursivo direitista não é só desmoralizar a política e, assim, conquistar um voto de protesto. Trata-se de representar eleitoralmente a última ideia de uma sociedade moribunda: o Estado policial democrático
Esta eleição se diferencia de outras da Nova República porque terá um aspecto central: a restauração de uma concepção pública de Estado em contraposição à forma privada hegemonizada pelo mercado financeiro que se instalou depois do impeachment
Este artigo busca analisar a atual crise econômica e o significado da agenda econômica golpista. Ademais, apresenta uma agenda alternativa para o desenvolvimento econômico, em que o crescimento é movido pela redução das desigualdades e pelo aumento e melhoria da infraestrutura social
Professores da UFRJ respondem a artigo publicado no Estadão que criticava curso sobre o golpe de 2016 que eles estão organizando dentro do Instituto de Economia da universidade.
As tensões de classe latentes vieram à luz em junho de 2013. O golpe de 2016 foi tramado nesse contexto em que os dividendos econômicos já não davam para todos os segmentos de classe. O “nacionalismo burguês” cedeu espaço à “ditadura preventiva de classe”. Porém, a nova autocracia burguesa não consegue se legitimar facilmente pela força, tampouco está aberta a qualquer negociação com a “classe dos outros”
Um regime de não democracia não pode prescindir de eleições, pois, se assim fosse, se tornaria uma ditadura. Convém lembrar que até mesmo o regime militar de 1964 manteve um nível de eleições. Ademais, não realizar eleições implicaria abrir as portas para um contexto de pressão internacional que tornaria o regime de não democracia insustentável
Pela leitura dos acontecimentos, aqui levanto uma hipótese: a caracterização de um momento de ameaça às instituições, de violência aberta, poderia ser uma justificativa para levar o Congresso a adiar as eleições até que o país entre em normalidade institucional. Suspender as eleições é um risco, pois a população pode reagir, mas para os que se apossaram do poder é um risco calculado, que vale a pena correr para impedir o PT de ganhar as eleições.
Eleições só podem ocorrer com a resolução de duas equações: primeiro, a existência, com chances de vencer, de um candidato à Presidência proveniente do consórcio golpista; segundo, um Congresso majoritariamente igual ao atual ou pior que ele, cujo financiamento privado proveniente de interesses privatistas e do grande capital seja majoritário em número de parlamentares
Se várias universidades resolveram colocar o tema “O golpe de 2016” como objeto de reflexão e ensino, é porque o assunto é digno de ser abordado de maneira científica, metódica e sistemática. Os que possuem outra concepção dos acontecimentos de 2016 também têm autonomia para criar disciplinas e cursos que analisem a realidade sob outra ótica
O papel do Judiciário na canalização das disputas e a crença disseminada de que os tribunais são capazes, em algum grau, de aplicar a lei tal como ela está formulada fazem nascer uma sensação de abandono quando deparamos com uma situação de arbitrariedade judicial indisfarçada. A quem vamos recorrer, quando até a Justiça é injusta?