A dignidade aprisionada
Nessas ocasiões, o sujeito parece não entender que está sendo preso. Já sob escolta, ele olha para mim, acreditando que tudo deve ser um engano, um erro que logo será esclarecido
Nessas ocasiões, o sujeito parece não entender que está sendo preso. Já sob escolta, ele olha para mim, acreditando que tudo deve ser um engano, um erro que logo será esclarecido
A humanidade parece ter evoluído suas percepções de Justiça, que se afastam da ideia de vingança. Contudo, demanda certo esforço pensar que a vingança é sempre algo abjeto
O Brasil sempre teve uma diplomacia respeitada no mundo por conta da qualificação de seus representantes e da própria atuação institucional deles. Sempre fomos respeitados internacionalmente por conta da seriedade e do atrelamento às regras internacionais por parte do nosso corpo diplomático. Isso contribuiu para que, sendo um importante país e com dimensões continentais, tivéssemos juízes brasileiros eleitos para a Corte Internacional de Justiça. Todavia, essa tradição foi rompida nos últimos quatro anos por conta do desastroso governo de Jair Bolsonaro
É certo que a racionalidade precisa fundar o trabalho do juiz, afinal, ninguém quer ser julgado por alguém regido exclusivamente pela emoção. Entretanto, a técnica nunca ficará totalmente separada dos sentidos. Sem eles, o julgador sequer passará perto das realidades concretas do indivíduo a ser julgado
Moïse nasceu no ano em que uma guerra terminou e outra começou, um período em que mais de 5 milhões de crianças não receberam educação devido à turbulência política – os níveis de alfabetização estavam em seu nível mais baixo e o trabalho infantil e a exploração em seus níveis mais altos
Milícias vigiam as fronteiras, grupos organizados perseguem comportamentos “imorais”, patrulheiros solitários substituem forças políticas “sobrecarregadas” ou “frágeis demais”: em todo o mundo, pessoas tomam a justiça nas próprias mãos em nome de uma concepção em geral reacionária da lei, uma prática estimulada e amplificada pelas redes sociais
Militares, magistrados e a opinião pública. Quais os efeitos no jogo político da participação de instituições que não tem o veto e nem a adesão do voto?
O sucesso das audiências de custódia como método de prevenção da tortura – que aflige majoritariamente corpos negros – é inegável, sendo seu enfraquecimento um nítido aprofundamento do racismo estrutural. Confira no segundo artigo da série especial sobre a realização de audiências de custódia por videoconferência
Criadas em 2015, as audiências de custódia garantem que a pessoa, uma vez presa, seja levada o mais rápido possível à presença de um juiz, para que este verifique a legalidade da detenção e, principalmente, se houve tortura ou maus-tratos. No dia 24 de novembro, plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou que, durante a pandemia, tais audiências possam ser realizadas por videoconferência. Confira a seguir primeiro artigo da série do Le Monde Diplomatique Brasil que vai analisar as consequências dessa decisão
Uma das características do Estado totalitário é o uso do sistema legal para eliminar opositores políticos, e o pano de fundo desse processo, aqui no Brasil, não é o particular sistema de justiça utilizado por uma instância inferior na Operação Lava-Jato, é o Poder Judiciário em sua instância superior.
A chacina ocorrida no complexo do Salgueiro, Rio de Janeiro, no final de 2017, tornou-se denúncia na Comissão Interamericana de Direitos Humanos e tem todos os ingredientes para entender o funcionamento da violência estatal: brutalidade policial e do Exército, rede criminosa violenta operando na região.
O papel do Judiciário na canalização das disputas e a crença disseminada de que os tribunais são capazes, em algum grau, de aplicar a lei tal como ela está formulada fazem nascer uma sensação de abandono quando deparamos com uma situação de arbitrariedade judicial indisfarçada. A quem vamos recorrer, quando até a Justiça é injusta?