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Associações de moradores precisam repensar seu papel nas favelas
Em entrevista, o jornalista Itamar Silva, diretor do Ibase e presidente do Grupo ECO do Santa Marta, comenta avanços e retrocessos da organização dos habitantes das favelas. Para ele, as associações de moradores, que já vinham experimentando uma crise de identidade, precisam rediscutir seu papel após a chegada das UPPsSonia Fleury, Sabrina Guerghe e Juliana Kabad
Esquerda colombiana quer a paz, mas não abre mão da justiça social
Em 27 de agosto de 2012, o presidente Juan Manuel Santos anunciou a abertura de negociações de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na presença de representantes do patronato, mas não do movimento social. Ele conseguirá encerrar o conflito sem dar ouvidos às reivindicações que o fizeram nascer?Maurice Lemoine
Quando a crise derrota o próprio território
Foram necessárias décadas para consolidar o Estado grego e unificar o território. Em alguns meses, a crise minou os fundamentos do primeiro e as privatizações do patrimônio público fragmentaram a geografia do segundoGatien Elie, Allan Popelard e Paul Vannier
“Nossa solução para a Europa”
Em 3 de janeiro, o economista-chefe do FMI reconheceu que um “erro” conduziu a instituição a subestimar o impacto negativo das medidas de austeridade que ela propõe. Assim, ele traçou uma ligação inesperada com a análise que apresenta a seguir Alexis Tsipras, porta-voz da Syriza, a principal força da esquerda gregaAlexis Tsipras
Era uma vez em Atenas
Frequentemente, o universo dos gregos se resume hoje a um aprisionamento em um presente implacável. “Vivemos o presente, sem projetos a longo prazo”, ouve-se todos os dias. O horizonte, o tempo projetado – esperado, poderíamos dizer –, parece parar em uma sociedade a quem a crise despojou, inclusive, do seu futuroPanagiotis Grigoriou
O escravismo entre o passado e o futuro
O filme O som ao redor, de Kléber Mendonça Filho, expõe a incompreensão do Brasil sobre si mesmo e sobre as raízes históricas da violência que atravessa nossa vida urbanaJoana Salém Vasconcelos

Impasse social na África do Sul
“Não há crise de liderança na África do Sul”, repetiu o presidente Zuma após massacre de Marikana. Criticado, ficou na defensiva. Escondeu-se atrás dos cantos de luta contra o apartheid. E se apoiou em números: casas construídas, ligação de luz… mas jamais empregos criados ou jovens negros saídos das universidadesSabine Cessou
Febre de consumo dos brasileiros em Miami
A redução da pobreza sob a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva permitiu que 30 milhões de pessoas a mais tivessem acesso aos supermercados. Para os brasileiros mais ricos, diferenciar-se implica, portanto, fazer suas compras cada vez mais longe… muito mais longeAnne Vigna
Por uma análise profunda dos conflitos
Podemos compreender a guerra no Mali se ignorarmos as precárias condições de vida dos povos que habitam o Saara? O fato de a bandeira dos rebeldes ser a do islamismo radical não muda em nada os acontecimentos seculares, econômicos, sociais e políticos, que constituem o verdadeiro terreno das crises e enfrentamentosGeorges Corm
A pior escolha
Amanhã, o próprio Mali corre o risco de equipar com armas recuperadas e soldados perdidos os próximos fronts americanosSerge Halimi
A proteção ao cinema francês
Ao tornar reconhecido o direito dos Estados de definir livremente sua política cultural, a batalha travada contra o Acordo Multilateral de Investimento (AMI) da OCDE, em 1998, endossou a exceção cultural. Os dispositivos que protegem o cinema francês são a ilustração mais célebre. Mas eles cumprem bem seu papel?Eugenio Renzi
Do welfare ao warfare state
Está havendo uma transmutação regressiva do social, com a presença de valores conservadores, uma articulação nefasta entre política e moralismo religioso, além do incentivo ao empreendedorismo individual e ao consumismo em detrimento de formas solidárias de sociabilidade e da existência de mecanismos de proteção socialSonia Fleury
Judicialização da política no Brasil
A substituição da legitimidade do sistema político pela aristocracia do sistema de justiça revela o grande paradoxo em que vivemos: prescindir da democracia numa época em que se alcança uma liberdade segmentada, seja como consumidor, como usuário ou como eleitorLuiz Moreira
O controle do crime violento no Rio de Janeiro
A compreensão coletiva dos conflitos sociais ficou cada vez mais reduzida à esfera cotidiana imediata, e os alvos das atividades de manutenção da ordem pública tornaram-se cada vez mais territorializados: não se trata mais de coibir atividades proibidas, mas de controlar áreas tidas como perigosasLuiz Antonio Machado da Silva
O estranho destino dos alauitas sírios
Enquanto os combates se intensificam na Síria e a Otan desembarca mísseis na Turquia, o regime de Bashar al Assad tenta reprimir o levante popular. Ele se apoia sobre uma violência sem limites, mas também no pavor entre as minorias, em primeiro lugar as alauitas, de ascensão de um islamismo sunita jihadistaSabrina Mervin
A cor dos homicídios no Brasil
Entre 2002 e 2010, o país apresentou uma inquietante tendência de aumento da distinção entre negros e brancos nos índices de mortalidade. Se os dados globais de homicídio mudaram pouco nesse período, em torno de 27 para cada 100 mil habitantes, foi em razão da queda dos homicídios brancos e crescimento dos negrosJulio Jacobo Waiselfisz
A nova Índia se inquieta
Crime horrível, condenação exemplar? Se os protestos que se seguiram ao estupro de uma estudante em Nova Déli trazem a esperança de uma mudança de mentalidade, a falta de julgamento justo dos suspeitos não é um bom presságio. O governo procura uma resposta diante de uma mobilização espetacular e com aspirações inéditasBénedicte Manier
Visto e escutado em Havana
No dia 19 de novembro, o Estado-Maior das Farc deu ordem a todas as suas estruturas de cessar qualquer operação ofensiva até o dia 20 de janeiro. Em um comunicado, pediu ao governo que fizesse o mesmo, para oferecer uma trégua aos colombianos. O pedido não só foi negado, como as operações militares se multiplicaramHernando Calvo Ospina
Quem governará a internet?
O provedor Internet Free denunciou o YouTube por consumir muita banda e polemizou ao bloquear, em represália, a publicidade do Google. Assim, colocou em questão a “neutralidade da internet” – um dos assuntos discutidos na conferência de Dubai, onde o grande assunto foi, contudo, a tutela dos EUA sobre a rede mundialDan Schiller
Vinte anos de PCC em São Paulo: o espaço entre governo e crime
Só em São Paulo há uma política de encarceramento tão agressiva; só no estado há uma única facção na regulação tanto de condutas criminais quanto dos preços nos mercados ilegais; só em SP isso redundou na redução de 70% dos homicídios; só no estado a “guerra” entre crime e governo pode ter a magnitude vista em 2012Gabriel de Santis Feltran
Rio: marca registrada da participação pacificada
Ao contrário da política de segurança, cujo comando e missão estão definidos, a parte social da pacificação sofre de várias debilidades. As mais evidentes são a desarticulação com as políticas universais de saúde e educação e a falta de coordenação entre os vários agentes que promovem o desenvolvimento urbano e socialSonia Fleury|Julio Borges, Frederico Bertholini, Sabrina Guergu
Território e ocupação: afinal, de quem regime se trata?
A proposta do movimento Ocupa Borel às Nove foi ocupar as ruas das localidades, recuperar o espaço público pelos e para os moradores, exercer livremente sua sociabilidade e praticar sua cultura, desafiar a disciplinarização pretendida pelas UPPs e protestar contra o controle social a que os moradores estão submetidosMárcia Pereira Leite