
R$ 24,00

Enfrentar as crises reconstruindo a democracia
Como as forças populares podem atuar para conter ou reverter a crise das democracias? Que programa teria capacidade de animar corações em luto para mobilizações dispostas a alterar a atual correlação de forças? Conseguiremos enfrentar a hidra capitalista, racista e patriarcal, esse monstro de tantas cabeças? Podemos contar com partidos políticos e governos de centro-esquerda para isso?

Não há polarização real no país. E isso é um problema
Ver a polarização como o maior dos males da Terra pode embutir um misto de ilusão, oportunismo e tergiversação diante de um quadro de riscos colocados para a democracia brasileira. A experiência do governo Bolsonaro mostra o caráter golpista, autoritário, elitista, negacionista, excludente e submisso ao imperialismo da extrema direita. Como não polarizar com um regime desses?

Aonde vai o governo Lula?
Assim como há uma parcela da esquerda moderada que exagera o sentido dos duelos nas “alturas” que são agigantados pela mídia burguesa, há uma parcela da esquerda radical que desvaloriza o significado da luta entre frações da classe dominante que ocorre no teatro institucional


A Internacional dos Censores
A crescente aliança global pela censura, que une regimes autoritários e democracias, ameaça a liberdade de expressão e cria um precedente perigoso para o futuro

A China se ancora no Peru
Inaugurado em Lima, em 14 de novembro de 2024, pela chefe de Estado peruana interina, Dina Boluarte, e pelo presidente da China, Xi Jinping, o megaporto de Chancay deve se tornar a peça-chave do dispositivo logístico e comercial da potência asiática na América do Sul. No entanto, em meio às preocupações da população local, Washington não vê a situação da mesma forma

As máscaras do soft power
“O presidente Donald Trump não entende o soft power”, lamentou recentemente Joseph Nye, criador da noção de “poder suave”. Essa capacidade de influência, sobretudo cultural, que os Estados Unidos usariam para subjugar o mundo também seduziu muitos intelectuais. Seu sucesso se deve, em grande parte, ao fato de cobrir com uma luva de veludo o punho de aço da coerção
Luta anticolonial, tentação neoliberal, a Irlanda no espelho palestino
A Irlanda há muito tempo demonstra solidariedade com a Palestina. Sua história a sensibilizou para os horrores da colonização, da ocupação e da divisão territorial. Derry, segunda maior cidade da Irlanda do Norte, se assemelha a Gaza quando Londres se disfarça de Tel Aviv. Mas que apoio efetivo pode oferecer uma ilha transformada em enclave econômico norte-americano dentro da União Europeia?
Madri se levanta contra os massacres em Gaza
O apoio do poder espanhol à Palestina explica-se pelo compromisso de longa data nesse tema das forças que compõem a coalizão governista. Entretanto, ele também se fundamenta em uma tradição histórica singular, que, por exemplo, levou correntes fascistas a defender o ensino do árabe nas escolas
Longe das trilhas e do folclore turístico, um país em reconstrução
O Nepal acaba de anunciar que não tem oito, e sim catorze picos com mais de 8 mil metros de altitude – promessa de um novo fluxo de turistas e de elevação da renda. Nos vales, a expectativa de que os maoistas transformassem a sociedade, porém, foi frustrada. Assim, a população olha menos para os cumes e mais para o exterior
No Oceano Índico, um ecossistema em perigo
Dos desertos às fossas submarinas, a atividade industrial vai minando, pouco a pouco, o planeta inteiro. Nem os tesouros ecológicos mais isolados conseguem resistir. Esse é o caso de Saya de Malha, um alto planalto marinho situado bem no meio do Oceano Índico. Um ecossistema gigantesco, ao mesmo tempo crucial e frágil, ameaçado tanto pelos arrastões do fundo marinho como pelos projetos de mineração
A Rússia é uma ameaça?
A paz é impossível? Por vezes se questiona em Washington se a culpa seria do presidente ucraniano. O conselheiro norte-americano de segurança nacional chegou a convidar Volodymyr Zelensky a deixar o cargo. Contudo, após três anos de conflito, a realização de eleições na Ucrânia parece complicada, com um desfecho incerto. Se os europeus apoiam, de modo geral, o chefe de Estado em exercício em Kiev, sua autonomia em relação aos Estados Unidos permanece mais teórica do que estratégica. Isso apesar do grande rearmamento anunciado por Bruxelas, Berlim, Londres e Paris, e apesar do sonho de união na adversidade. Então, a guerra é inevitável? Quando os dirigentes do Velho Continente inflam, em coro, o balão da ameaça russa, eles preparam sobretudo um conflito que afirmam querer prevenir
Sobre a democracia em tempos de guerra
A Casa Branca e o Kremlin pediram a realização rápida de eleições na Ucrânia, na esperança de encontrar um substituto para o presidente Volodymyr Zelensky que esteja mais disposto a fazer concessões. No entanto, não é certo que seu sucessor adote uma política mais conciliadora em relação às exigências russas e norte-americanas. Na Ucrânia, a união sagrada está se rompendo, mas organizar uma eleição em um país em guerra continua sendo um quebra-cabeça tanto prático como democrático
Fazer guerra para fazer a Europa
Plano de financiamento ReArm Europe, Livro Branco sobre a Defesa, compra centralizada de material militar, pressão da Comissão Europeia sobre os governos: o projeto europeu até agora focado na paz se reinventa como o mercado único da guerra. Com interesses estratégicos divergentes e lealdade questionada em Washington, os Estados-membros estão, afinal, se beneficiando do bloco?
Uma defesa comum de verdade?
A construção europeia tem raízes na Guerra Fria. Ou, para usar as palavras do atlantista Jean-Louis Bourlanges, “não foi a Europa que fez a paz. Foi a paz que fez a Europa”
A geopolítica da paz
Arquiteto da “terapia de choque” administrada à Rússia por Yegor Gaidar em 1992, o economista Jeffrey Sachs foi tanto protagonista como testemunha da interferência norte-americana no espaço pós-soviético. Sua análise da guerra na Ucrânia, apresentada durante uma reunião no Parlamento Europeu em fevereiro passado, circulou nas redes sociais, mas foi pouco repercutida pela grande imprensa. Embora não coincida em todos os pontos com as posições do Le Monde Diplomatique, ela evidencia a magnitude da dissonância entre as declarações públicas dos líderes ocidentais e sua real avaliação da situação
Aliança Atlântica ou racha ocidental?
Guerra comercial, guerra na Ucrânia, progressismo cultural, censura: os temas de desacordo se multiplicam entre as duas metades do bloco ocidental. A maioria dos Estados europeus sempre se submeteu às exigências de Washington e se apressou em dar sinais de obediência a seu padrinho norte-americano. A brutalidade do presidente Donald Trump estaria abrindo caminho para um divórcio atlântico?
Quando a direita e o centro alemães aderiram ao nazismo
Instalar, a título de transição, Adolf Hitler e seus aliados no poder para melhor impor aos alemães um modelo liberal e autoritário – esse foi o plano executado pelo centro e pela direita no início dos anos 1930. O que veio depois é bem conhecido, exceto as concessões, os cálculos dos aprendizes de feiticeiro e, sobretudo, as imprecisões do bloco burguês, que hoje merecem ser relembradas
A cultura do serviço público
Gasto ou enriquecimento? Emancipação para todos ou prazer para privilegiados? A queda dos subsídios na maioria das coletividades territoriais francesas, às vezes acompanhada da contestação de seu próprio princípio, permite questionar a evolução ambígua do sentido da cultura como serviço público
Vitória do pluralismo…
Garantir a liberdade de expressão, por vezes, implica restringi-la? O canal de televisão francês Arte aceitou em 2017 a produção de um documentário sobre a vida no Tibete feudal, pré-revolução chinesa. Anos depois, diante da obra realizada, a qual põe em dúvida a visão ocidental sobre a região, a emissora decidiu rever sua exibição
Miscelânea
Confira as resenhas dos livros Eu devia estar na escola: por muitas crianças moradoras de favelas na Maré, de Ananda Luz e Isabel Malzoni; Eu te matei bem aqui, de Zoë Naiman Rozenbaum e As luzes de dois cérebros Anárquicos, de Ana Barros