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O caos penitenciário brasileiro
Em janeiro, enfrentamentos entre as organizações criminosas provocaram a morte de 56 detentos em Manaus e de outros 33 em Roraima. A população carcerária do Brasil foi multiplicada por sete em vinte anos. Sem conduzir a avanços em segurança ou na “guerra às drogas”, a política fortaleceu gangues que regem tanto a vida na prisão quanto o retorno à liberdade Anne Vigna
Os medos do Pentágono
Acenando com a ameaça da China ou da Organização do Estado Islâmico, Donald Trump prometeu reforçar os efetivos militares, modernizar o arsenal nuclear e adquirir novos navios e aviões de combate. Ele assume assim uma estratégia da Guerra Fria ainda utilizada por Barack Obama: atiçar o medo com relação ao adversário para aumentar os gastos militares
Em nome da lei americana…
Companhias europeias tiveram de pagar aos Estados Unidos mais de US$ 40 bilhões nas últimas décadas. A justiça norte-americana as acusa de não respeitar sanções determinadas por Washington (e não pelas Nações Unidas) contra determinados Estados. O direito torna-se então uma arma para absorver ou eliminar concorrentes
Um assassinato cruel
Condena-se a sociedade às incertezas do mercado em todas as dimensões da vida social, da educação e saúde até a previdência social, o trabalho e a assistência social. O país perderá gerações – presentes e futuras –, que não terão nem condições de disputar a xepa da feira para sua sobrevivência imediata, enquanto poucos reinarão no mundo da ostentação vazia
Watch Dogs 2 e a retórica dos games: a interdependência entre dois mundos
À medida que a realidade virtual se aproxima, pouco a pouco, estética e discursivamente do mundo real para “existir de forma concreta”, este, por sua vez, usa cada vez mais a realidade virtual para funcionar. É uma via de mão dupla, em que uma interdependência se fortalece
Por que racializar o discurso da esquerda
Publicamos nesta edição o segundo texto da série “Racismo na mídia e na esquerda”, cujo objetivo é diagnosticar, problematizar e combater esse tipo de opressão presente nesses setores. A seguir, confira artigo da historiadora Suzane Jardim, que pesquisa a estereotipação do negro nas mídias e atua como educadora em periferias de São Paulo
Nas cidades rebeldes da Espanha
Na Espanha, o jovem partido Podemos pretendia “tomar o céu de assalto”: derrubar o sistema político por meio de eleições gerais. Sem sucesso. De Barcelona a Madri, passando por Valência e Zaragoza, as forças progressistas críticas da austeridade tiveram seus principais sucessos em nível municipal. Mas trocar o prefeito permitirá mudar o mundo?
Vietnã, o polo industrial da vez
Em menos de quarenta anos, o Vietnã impulsionou um crescimento dinâmico que permitiu uma vida melhor para o conjunto da população. A fome desapareceu; os jovens se conectaram às redes sociais; as famílias assistem a séries sul-coreanas e japonesas na TV… Contudo, as condições de trabalho permanecem muito duras e a economia está cada vez mais dependente
Crime e Estado no Amazonas
A avalanche de informações sobre a “criminalidade” no Amazonas compõe uma grande narrativa que colabora para reproduzir situações de morte. Para escapar disso e elaborar outras narrativas, é preciso situar o pensamento numa gigantesca zona de fronteira entre dispositivos de poder e movimentos do crime
Ondas eletromagnéticas, poluição invisível
Enquanto a sociedade industrial gerava perturbações que podiam ser percebidas pelo odor ou pela vista, a poluição eletromagnética produzida pela sociedade da informação é invisível e inodora. No entanto, não se podem negligenciar os efeitos do uso maciço tanto da telecomunicação – em particular o telefone celular – como das infraestruturas e equipamentos elétricos
Neopentecostais e o projeto de poder
A luta pela pauta moral intensificou nos evangélicos a consciência, ou inclinação, para a construção de um Estado cristão e para uma possível hegemonia amparada pelo crescimento sistêmico e exponencial de sua Igreja no país. Não poucos líderes começaram a vislumbrar a possibilidade, e a necessidade, desse Estado evangélico
A volúpia do sangue
Quando em 1897 o irlandês Bram Stoker inventou, com seu romance Drácula, o arquétipo do vampiro, príncipe da escuridão, seja da noite, seja dos desejos inconfessáveis, o tempo estava nervoso: atentados anarquistas, prodígios tecnológicos (início da aviação), agitação operária. Talvez o retorno atual dos vampiros acompanhe distúrbios comparáveis
Brasileiros na Guerra Civil Espanhola
Ainda que o real impacto e importância das Brigadas na guerra sejam um debate em aberto entre estudiosos, o simbolismo criado por elas é inegável.
“A América primeiro!”
E adeus acordos multilaterais, sobretudo comerciais. Moldado por suas memórias escolares dos anos 1950, o novo ocupante da Casa Branca repete há décadas a fábula de que a América sempre se comportou como um bom samaritano.
Reformar para excluir?
Se for aprovada a reforma que se vê no horizonte, homens e mulheres, rurais e urbanos, trabalhadores privados e servidores públicos terão de comprovar idade mínima de 65 anos e 49 anos de contribuição para terem acesso à aposentadoria com valor integral
Do que nós (realmente) precisamos?
O grande truque do capitalismo no pós-guerra foi reorientar o desejo de mudança em direção à vontade de consumir. Esse modelo encontra agora seu limite no esgotamento dos recursos naturais. Para pensar um modo de vida ao mesmo tempo satisfatório e sustentável, recusar o império da mercadoria não é suficiente. É preciso refletir sobre nossas reais necessidades
O supermercado do fim do mundo
A necessidade de fugir da barulheira do mundo convida às vezes a sonhar com seus limites extremos: espaços distantes, recantos preservados, ilhas de frescor ainda tocadas pela pureza de outrora. Na ponta meridional do continente americano, a Terra do Fogo exerce atração sobre os turistas. Em meio a vastas paisagens, ali se descobre um… supermercado