Junho 2014
Edição 83

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O QUE É SER DE ESQUERDA HOJE NO BRASIL?
Pôr em marcha as forças de transformação
Há uma grande dúvida hoje sobre o que é ser de esquerda no Brasil. Em comum, o enfrentamento das injustiças causadas pelo capitalismo, mas para cada visão sobre a questão se bifurcam táticas, objetivos e estratégiasCristiano Navarro e Luís Brasilino

O QUE É SER DE ESQUERDA HOJE NO BRASIL?
Independência de classe, democracia socialista e internacionalismo
A esquerda não é uma posição relativa, mas um programa histórico. O que é chamado hoje de esquerda oficial não é mais do que a social-democracia, o stalinismo e o nacionalismo burguês reciclados, e o polo programático desse referencial permanece quase vazioHenrique Carneiro

O QUE É SER DE ESQUERDA HOJE NO BRASIL?
O continente desconhecido da esquerda
Mover-se à esquerda hoje no Brasil significa desativar um sistema imunológico impermeável e todos os reflexos quase pavlovianos diante da alteridade, para se deixar afetar por movimentos de novo tipo e pela reinvenção dos existentes, dessa rede cuja determinação em resistir, transformar as relações de poderBruno Cava

O QUE É SER DE ESQUERDA HOJE NO BRASIL?
Desmascarar situações de opressão e injustiça tidas como “naturais”
Como as configurações políticas mudam incessantemente, adjudicar a determinada facção o papel de representante único da esquerda num país tão grande e variado não se justifica. Ser de esquerda hoje no Brasil é lutar pela democracia tendo em vista a plena realização de seus valores aqui e alhuresPaul Singer

GRANDE MERCADO TRANSATLÂNTICO
As potências redesenham o mundo
A negociação de um grande mercado transatlântico (GMT) entre os Estados Unidos e a União Europeia confirma a determinação dos liberais em transformar o mundo. Mobilizar tribunais a serviço dos acionistas e alçar o sigilo ao posto de virtude progressista… sua criatividade não conhece limites.Serge Halimi

GRANDE MERCADO TRANSATLÂNTICO
No fim, quem leva a pior é sempre o povo
Não pode mais ser considerado exceção o caso de transnacionais que processam os Estados para impor sua lei e fazer valer seus “direitos”: já se contam mais de quinhentas ações desse tipo em todo o mundoBenoît Bréville e Martine Bulard

GRANDE MERCADO TRANSATLÂNTICO
Negociação opaca, mas não para todos
As discussões em torno do projeto do Grande Mercado Transatlântico são há muito tempo realizadas em segredo, gerando legítimas preocupações – ou vários vazamentos que confirmam as suspeitas…Martin Pigeon

CONTRAPODERES SE ORGANIZAM NAS ARQUIBANCADAS
Quando os torcedores marcam os gols
Cinco vezes vencedor, o Brasil acolhe a Copa do Mundo de futebol num clima de desencantamento político e fervor artificial. Teatro de uma expressão desenfreada e por vezes violenta, os estádios, que o sport business gostaria de pacificar. Algumas associações de torcedores defendem seu caráter popularDavid Garcia

GRANDE MERCADO TRANSATLÂNTICO
Carta (fictícia) da tonsanMo a seus acionistas
Pedimos sua atenção para a extraordinária oportunidade oferecida pelas negociações atuais relativas ao Grande Mercado Transatlântico (GMT). Esse tratado deverá contribuir para o crescimento exponencial de seus dividendos e reforçar nossa posição como líder mundial nas sementes, nos organismos geneticamente modificadosAurélie Trouvé

GRANDE MERCADO TRANSATLÂNTICO
Liberdade para o capital ou proteção aos capitalistas?
No século XIX, os defensores do livre-comércio e do protecionismo já se enfrentavam na imprensa. Advogados da “liberdade” comercial ou do “produzir francês”, todos, no entanto, defendiam os grandes proprietáriosAntoine Schwartz

FUTEBOL NO LESTE EUROPEU
Uma questão de dinheiro e espirituosidade
Desde a queda do Muro de Berlim, o capitalismo da Europa Central e do Leste Europeu também se estende ao futebol. Por muito tempo estruturados de maneira diferente da que se vê no Ocidente, os grandes clubes do Leste tornaram-se capricho de oligarcas donos de fortunas muitas vezes ilícitas.Balthazar Crubellier

UMA CULTURA DE EMPRESA CONTRA EMPRESA
Cinismo, ferramenta de gerenciamento das consultorias
Ter orgulho de sua empresa, convencer-se de que ela contribui para a humanidade: tal estado de espírito pode dominar alguns setores, como a tecnologia; em outros, como o mundo da consultoria e dos bancos, isso é mais difícil.Clarice Victor

GOLPE DE ESTADO EMBLEMÁTICO DO INTERVENCIONISMO DOS EUA
A Guatemala esqueceu Jacobo Arbenz?
Para os revolucionários latino-americanos, o golpe que derrubou o presidente Jacobo Arbenz em junho de 1954 ilustra a recusa de Washington em tolerar as mais modestas reformas em seu “quintal”. Presente durante o putsch, Che Guevara recordaria o episódio na Revolução Cubana… Mas do que se lembra a população do país?Michael Faujour

INDÍGENAS
A revolta dos povos autóctones do Canadá
“Idle no more!” (“Basta de apatia!”): desde dezembro de 2012, essas palavras de ordem aglutinam, da Colúmbia Britânica a Nova Brunswick, as comunidades autóctones canadenses. Elas exigem justiça social, igualdade entre os sexos e respeito aos direitos territoriaisPhilippe Pataud Célérier

“O QUE É MEU É MEU; O SEU, PODEMOS NEGOCIAR”
Por que as negociações no Oriente Médio sempre falham?
As negociações entre Israel e Palestina não chegaram a nenhum resultado. Os próprios emissários norte-americanos ficaram surpresos com a intransigência de Netanyahu; por ora, isso não coloca em questão o apoio de Washington a Tel-Aviv.Alain Gresh

UM SERVIÇO PÚBLICO POPULAR, MAS INSUSTENTÁVEL
Aquecimento residencial, pauta quente na Rússia
Ao restaurar a autoridade e as finanças do Estado russo, Putin soube ganhar a confiança da população, apesar dos desvios autocráticos. Mas a questão do aquecimento residencial mostra que a restauração das capacidades de investimento público não chegou aos serviços de baseRégis Genté

SÃO PAULO
Uma saída justa e digna: promover a verdadeira reforma urbana
Um país com tamanha diversidade e complexidade como o nosso pede um leque abrangente de políticas públicas territoriais articuladas, que abandone a rigidez e consolide a flexibilidade, dialogando com soluções que a contemporaneidade exige e que os valores modernos, liberais e fordistas não são mais capazes de suprirFrancisco Comarú

BALANÇO
Um ano depois de junho
As jornadas de junho completam um ano e seguem dando lugar a uma profusão de análises díspares e contraditórias. Logo na sequência dos acontecimentos, a Fundação Ford me pediu um relato que pudesse promover uma análise dos aspectos políticos, do papel dos meios de comunicação tradicionais e da internetJoão Brant

DORMIR, UMA AFRONTA INTOLERÁVEL À VORACIDADE DO CAPITALISMO
Ao assalto do sono
Em geral, consideramos a necessidade de dormir uma perda de tempo. O sono serve frequentemente como metáfora para ilustrar a apatia de povos diante da ditadura. Num momento em que o capitalismo deseja fazer da vida humana um processo de produção e consumo ininterruptos, não seria o caso de revisar essas representações?Jonathan Cary

100 ANOS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
O atentado de Sarajevo, pretexto para reescrever a história
Segundo uma análise cada vez mais difundida, o assassinato do herdeiro do Império Austro-Húngaro provocou a Primeira Guerra Mundial. Ao conferir um lugar central à política sérvia no início do conflito, essa leitura ajuda a criar a imagem sóbria dos Bálcãs e oculta as causas reais da carnificina de 18 milhões de mortosJean-Arnault Dérens