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A guerra na vida dos sobreviventes, dissidentes e residentes
“Tudo se modifica quando estamos a viver uma guerra. Há um processo de desumanização que atinge o outro, mas também nos atinge. Para autorizar a violência, eu tenho que desumanizar o outro. Mas esse processo é uma faca de dois gumes: eu também me desumanizo para me legitimar como autor de violência.” Confira entrevista com o escritor moçambicano Mia Couto
Amor e sexo na era digital
É na escola, no trabalho ou entre os amigos que a maioria dos franceses acha sua alma gêmea. A essa lista agora se somam os sites de encontro. Acusados de enganar o amor com a frieza do cálculo econômico, esses casamenteiros da web permitem especialmente a procura por parceiros ao abrigo do olhar de quem é próximo – uma discrição que altera o modo de viver a sexualidade
Paradoxos do efeito placebo
Marginal em muitos países, a homeopatia mantém lugar de destaque no país da Boiron, fabricante líder mundial, a França. Para entender o sucesso desses medicamentos não baseados em evidências, é necessário destacar os efeitos de contexto do qual eles sabem tirar proveito
Os três dias que mudaram a história afegã
Em guerra há quase vinte anos no Afeganistão, os Estados Unidos e seus aliados vão retirar suas tropas. Pelo menos foi o que prometeu Donald Trump… Dezenas de milhares de mortos depois, um balanço político e diplomático do conflito pode finalmente ser traçado. E a história se repete, com russos e norte-americanos estendendo a mão aos talibãs
A Austrália exporta seus refugiados
Em nome do combate aos “coiotes”, pessoas que introduzem imigrantes ilegalmente no país, Camberra terceiriza parte de sua gestão dos requerentes de asilo para outros países. Essa política inspira governos europeus, ao mesmo tempo que deixa indignados os defensores dos direitos humanos, já que os refugiados são reduzidos a simples moedas de troca
A rosa seca os lagos da Etiópia
Em 12 de março, o presidente Emmanuel Macron fez a primeira visita de um chefe de Estado francês à Etiópia desde 1973. Ignorando as críticas quanto à falta de liberdades, ele preferiu destacar o sucesso econômico do país. Mas, embora o forte crescimento da Etiópia atraia investidores, esse desempenho tem um alto preço social e ecológico
A arqueologia preventiva ameaçada pela guerra de preços
As construções modernas submetem também a história ao seu controle. As escavações necessárias aos trabalhos podem revelar importantes vestígios, cobertos há séculos por sedimentos, ou fazê-los desaparecer para sempre… A arqueologia preventiva permite salvar parte desse patrimônio. Mas a falta de envolvimento do governo francês desde 2003 afeta duramente essas missões
“Que morram”: a greve de fome e as indiferenças do Estado
O ato extremo de dispor o corpo à oportunidade da morte ataca as arbitrariedades profundamente cortantes, porém finamente discretas, do fazer burocrático. Confira o terceiro artigo da série Estado de Choque, publicada no Le Monde Diplomatique Brasil entre fevereiro e julho de 2019
A Guatemala organiza a impunidade
As vitórias da Guatemala contra a corrupção escaparam dos radares internacionais – mas não dos do presidente Jimmy Morales. Preocupado, ele acaba de desfazer a comissão internacional formada pela ONU e responsável pelo sucesso das investigações. Sem sombra de dúvida, a aproximação das eleições presidenciais de 16 de junho o fez acelerar esse movimento
A maior mentira do fim do século XX
Apenas as notícias falsas que visam ao partido da reforma e da abertura econômica deixam indignados os jornalistas profissionais e os líderes liberais. É a desinformação tradicional, as fake news oficiais; seu eco repercutido o tempo todo lhes confere um caráter de verdade – sem estimular o ardor das agências de checagem. Esta seção dedica-se a esmiuçá-las
“Os extremos se encontram…”
A fórmula está tão banalizada que poderíamos acreditar que ela está firmemente fundada na geometria: tanto num círculo como na política, os extremos se aproximam. Desde a Revolução Francesa, esse pseudoteorema serve como arma de desqualificação em massa, cuja lista de vítimas não para de crescer
A Espanha vota, o Podemos hesita
Há muito pouco tempo, cada eleição espanhola parecia confirmar o avanço do Podemos. Contudo, são poucos os que esperam uma vitória do partido nas eleições gerais de 28 de abril. Enquanto a extrema direita avança, como explicar a retração de uma formação que parecia ter recuperado a esperança dos progressistas europeus?
Devemos ter medo da China?
A ofensiva partiu dos Estados Unidos antes de se estender para a maioria dos países ocidentais: a China, com seus produtos, espiões e ambições militares, estaria tentando desestabilizar a ordem internacional estabelecida após a Segunda Guerra Mundial. Pequim se defende. Xi Jinping montou uma operação de sedução em sua viagem à Europa, entre 21 e 26 de março. Essa ameaça chinesa existe mesmo?
A falácia dos argumentos em defesa da reforma
A saída apontada é privatizar, transformar um regime de solidariedade em mecanismos especulativos. Os fundos de previdência vão elevar a captação líquida e seus patrimônios e, o que é importante, vão desobrigar os empregadores de pagar contribuições sociais, livrando-os de participar da solução dos problemas sociais do país, o que entregará cada um à própria sorte
A desestruturação do mercado de trabalho
A reforma da Previdência só fará agravar ainda mais o frágil mercado de trabalho brasileiro, em que a formalização e a proteção social convivem lado a lado com a ilegalidade, a precariedade e a vulnerabilidade social
O propósito velado da “reforma” da Previdência
O ardil da “reforma” é retirar da Constituição todas as regras do Regime Próprio de Previdência do Servidor (RPPS) e do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), e introduzir nela o regime de capitalização individual. Transformações de grande monte, sem debate com a sociedade, serão feitas por leis complementares
O cordão sanitário
Judeus foram assassinados na França e nos Estados Unidos por antissemitas. Tal tragédia não deveria servir como arma ideológica para Trump, para o governo israelense e para intelectuais falsários
Adeus ao desenvolvimento
Os países da América do Sul voltaram à condição de economias subordinadas aos interesses norte-americanos.