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Tomar o mundo sem mudar o poder
Essencial para a sobrevivência de milhões de pessoas no mundo – refugiados, deslocados, famintos, doentes etc. –, a ajuda humanitária mobiliza bilhões de dólares por ano. Para Estados, entidades civis e indivíduos, ela constitui com frequência um poder de fato, capaz de impor escolhas e normas. Os assistidos, porém, nem sempre saem em vantagem
Milícias espalham-se por Burkina Faso
Em videoconferência no dia 15 de abril, os ministros das Relações Exteriores do G5 Sahel – Mauritânia, Chade, Mali, Burkina Faso e Níger – designaram o Sars-CoV-2 como “inimigo número 1”. Entretanto, eles não abandonam a luta contra os grupos terroristas, que multiplicam os atentados. E a ascensão das milícias eleva a insegurança, principalmente em Burkina Faso
Na Irlanda, o nacionalismo insuflado pela crise social
Em fevereiro, o partido nacionalista Sinn Féin venceu as eleições legislativas na Irlanda. Inédito, esse avanço de uma formação favorável à reunificação com a Irlanda do Norte foi interpretado como uma reação ao Brexit. Contudo, os irlandeses votaram a favor do Sinn Féin ou contra as duas formações que até então dominavam o país?
Controvérsia sobre o populismo de esquerda
A crise sanitária reabriu a caça aos “populistas”. Como suas caricaturas – Donald Trump e Jair Bolsonaro –, eles desprezariam a ciência, a separação de poderes, a complexidade, o estado de direito. Defensor de uma democracia tranquila, consensual, Pierre Rosanvallon retoma certas críticas, arbitrárias, do populismo. Chantal Mouffe, teórica dessa corrente, responde a ele
OEA, o ministério das colônias norte-americanas
A reeleição do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, em 20 de março, sugere a extensão do clima de guerra fria que se instalou na América Latina nos últimos anos. Desde que assumiu o cargo em 2015, o ex-ministro das Relações Exteriores do Uruguai trabalhou para reconstruir a hegemonia norte-americana na região
Na Flórida, ricos não poderão mais viver com o pezinho na água
As águas sobem em Miami. Assim como os preços dos condomínios de luxo construídos para resistir aos furacões e os dos imóveis populares, mais ao alto, para os quais correm os ricos. Gentrificação clássica ou tomada de consciência do aquecimento? Não importa! “Daqui a cem anos”, prevê um construtor, “toda a cidade estará debaixo d’água!”
Suécia evita estado de emergência
Ao contrário da maioria dos países europeus, a Suécia escolheu um método não coercitivo para conter a pandemia de Covid-19. O governo defende restrições de movimento ou contato, mas não impõe confinamento total
Da crise de saúde à panaceia de segurança
Sem serem capazes de tratar a Covid-19, as autoridades públicas de muitos países passam a considerar os potenciais portadores do vírus, ou seja, qualquer pessoa, como uma ameaça. A era do controle digital da população está aberta – um trunfo inesperado para a indústria de vigilância e o complexo de tecno-segurança
E o governo decidiu confinar também as liberdades…
A contínua erosão das liberdades individuais observada desde o 11 de Setembro de 2001 conheceu, na França, uma aceleração brutal com o confinamento da população e o estado de emergência sanitária. Na ausência de contrapoderes, os direitos fundamentais sucumbirão diante de um vírus?
O arsenal bolsonarista: conflito e caos como métodos da ação política
A natureza e a estratégia das ações bolsonaristas envolvem criar fatos, medidas e declarações que aparentam confrontar normas e poderes estabelecidos. É por meio do confronto e do caos, portanto, que o bolsonarismo mobiliza, responde às suas bases e ganha espaço e poder na sociedade. Assim, situações de caos e de desmanche institucional podem alargar a influência e o poder do presidente
Uma via expressa para a renda básica universal?
Apesar do desmonte de políticas sociais dos últimos anos, os R$ 600 destinados aos trabalhadores informais desempregados durante a pandemia reforçam a prevalência das transferências de renda como meio versátil para alcançar diferentes dimensões das necessidades humanas
Aos trancos e barrancos, o Brasil diante da crise
Em termos de governo, o Brasil se caracteriza por uma balbúrdia total em relação à capacidade organizada de enfrentar a pandemia. Precisamos de uma liderança forte e clara, unificadora da nação, já que trata de nosso desafio comum. O que temos, porém, é evidentemente um vazio de poder, brigas de egos e encaminhamentos e recomendações contraditórios
Oportunidade de acabar com o livre-comércio
Nos círculos liberais há apenas uma palavra de ordem: assim que a pandemia passar, tudo deve voltar a ser como era antes. E se, pelo contrário, a crise oferecesse a oportunidade de romper com o modelo que favoreceu o aparecimento do coronavírus e sua propagação?
Quem vai pagar?
As crises são parecidas. Quando a tempestade chega, o capitão apela para a solidariedade. Assim que vem a calmaria, a união desaparece: alguns ficam responsáveis por tirar a água do porão, outros se balançam no convés superior. Será que vai ser de novo assim ou a pandemia vai provocar uma mudança de direção?
Covid-19, menu degustação da crise climática
O abismo no qual um coronavírus precipitou muitos países ilustra o custo humano da negligência em relação a um perigo já perfeitamente identificado. Evocar o destino não pode esconder o óbvio: prevenir é melhor que remediar. Os adiamentos atuais na luta para mitigar o aquecimento global, porém, podem levar a fenômenos muito mais dramáticos
A hora do planejamento ecológico
E agora, o que fazer com o caos planetário? Continuar como antes ou romper com os dogmas neoliberais que conduziram a negligenciar as necessidades básicas da população, começando pela saúde? A pandemia de Covid-19 convida a pensar numa sociedade que respeite os equilíbrios ambientais e esteja à altura dos desafios climáticos. Ela também alerta para os perigos em termos de liberdade individual colocados pelas políticas desenvolvidas durante o estado de emergência, situação da qual a Suécia configura uma notável exceção. A pandemia exige, principalmente, nunca mais deixar o mercado agir sozinho e, desde já, ser imaginativo para absorver seu custo e não poupar os mais ricos de pagar pela recuperação, como parece ser o caso do Brasil. Por aqui, a ameaça de ruptura institucional é cada vez mais real. Adotando uma postura que parece sem sentido, o governo Bolsonaro aposta no caos para manter mobilizadas suas bases e criar situações que justifiquem medidas de emergência para ampliar seu poder. Em meio a isso, o presidente resiste como pode a pagar o tímido auxílio emergencial de R$ 600 para as pessoas mais vulneráveis, conquista que poderia se configurar uma via expressa para a adoção de uma utopia, a renda básica universal
As milícias digitais do capitão
As informações digitais se converteram em armas e são usadas sem nenhuma ética por essa extrema direita. Pessoas são bombardeadas com desinformação sobre os “inimigos do poder”.
Todos crianças
Confinada, infantilizada, estupefata e ao mesmo tempo aterrorizada pelas redes de informação 24 horas, a população se tornou espectadora, aniquilada