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“A sociedade brasileira vive um fracasso medonho”
Em entrevista ao Le Monde Diplomatique Brasil, cineasta pernambucano analisa polarização no país e fala sobre seu próximo filme, Piedade, que será lançado em 2019

Quando a gestão corporativa se torna letal
Estranho paradoxo o do assalariado. O contrato de trabalho constituiria uma precondição para a emancipação, garantindo os meios de subsistência. Para muitos, viver é bater cartão. Contudo, frequentemente entrar no mundo corporativo significa ser escravizado pelas obrigações ligadas à obsessão por rentabilidade. Em outros termos, um entrave à vida

Elogio da gratuidade
Renda universal ou gratuidade, eis o dilema: vale mais dar dinheiro aos cidadãos ou fornecer-lhes serviços gratuitos? Propor remunerar os pais pela educação dos filhos, os estudantes por suas lições ou os camponeses pelos serviços que prestam ao meio ambiente não provocaria, ao fim, o aprofundamento da lógica da mercantilização?

A rede de prostituição nigeriana na França
Na França, a importância das redes de prostituição nigerianas ultrapassa cada vez mais as cadeias chinesas ou do Leste Europeu. Presentes em toda a Europa, essas jovens são frequentemente atraídas por compatriotas mais velhas, que as fazem vislumbrar uma vida melhor

Imigração, um debate enviesado
Na Europa, a população mantém-se estagnada e envelhece; do outro lado do Mediterrâneo, ela cresce e rejuvenesce. Com base nessa constatação, muitos concluem que a explosão dos fluxos migratórios é inevitável, impondo duas opções: fechar ou abrir as fronteiras. Entretanto, não seria essa uma análise exageradamente fatalista?

Na Itália, uma rebelião antieuropeia?
A Itália tirou da Grécia o posto de mau aluno da União Europeia. Ao elevar a importância das despesas sociais, sua lei orçamentária para 2019 infringe o dogma da austeridade. A Comissão Europeia ameaça com sanções e critica o populismo. Tal interpretação, cômoda para desqualificar qualquer desobediência, não permite captar as orientações do novo governo

Brexit expõe as fraturas do Partido Conservador britânico
Tempestade internacional, o Brexit pode ser explicado em parte pelas disputas internas do Partido Conservador: das motivações do ex-primeiro-ministro David Cameron ao organizar o referendo às estratégias de negociação de sua sucessora Theresa May. E a discórdia entre os tories, que gostam de se apresentar como “o partido natural do governo”, aumenta cada vez mais
A Venezuela precisa sair do impasse
Após ter representado uma luz na grande noite neoliberal dos anos 2000, a Venezuela atravessa uma grave crise. Mais de 2 milhões de pessoas já deixaram o país, em uma população total de 31 milhões. Inicialmente internas, as convulsões assumiram dimensão internacional após a imposição de sanções pelos Estados Unidos. Estas complicam a busca de soluções para as dificuldades do país
Estados Unidos, México e Canadá: uma renegociação desconcertante
A renegociação do Nafta trouxe alívio para os quatro dirigentes envolvidos. Trump precisava de uma vitória antes das eleições de meio de mandato. Trudeau queria impedir que o processo se fragmentasse em conversas bilaterais. Peña Nieto sonhava com uma vitória antes de deixar o cargo. E, para Obrador, o acordo significa que não terá de enfrentar a inquietação dos mercados
As primeiras fissuras na fortaleza do livre-comércio
Esta era uma das grandes promessas de Donald Trump: se eleito, ele partiria em pedaços o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) e o substituiria por um novo tratado. Divulgado em setembro, o texto renegociado tem recuos preocupantes, mas também muitos avanços sociais. É, assim, um primeiro golpe na ordem comercial internacional
Brasil, novo laboratório da extrema direita
O modelo neoliberal colocado em prática no Chile após o golpe militar de 1973 nos dá um panorama do que pode ocorrer no Brasil em um futuro governo de Jair Bolsonaro. E isso não é casual
O Congresso mais conservador dos últimos quarenta anos
Em que pese reconhecer que o novo Congresso foi o mais renovado em duas décadas e que terá mais jovens, mulheres, negros, mais parlamentares conectados às redes sociais, mais estreantes ou deputados e senadores em primeiro mandato e será mais instruído que os anteriores, pode-se afirmar com segurança que será o mais conservador dos últimos quarenta anos
A perfeitamente resistível ascensão de Jair e Hamilton
Diversamente de 1964/1968, o Brasil não encara uma conjuntura de crescimento interno e internacional, mas uma crise econômica estrutural e uma desaceleração internacional na véspera de uma nova recessão. O programa econômico do governo militarizado a ser empossado em 2019 é o de um neoliberalismo privatista rampante, eivado de contradições
Um novo tempo. Mas… qual?
O tom da coisa é este: o Brasil está desgovernado, destruído por gente mal-intencionada, corrupta, acomodada. O sistema. Daí, a conclusão parece impositiva: precisamos de alguém para botar o país nos trilhos. O recurso retórico é incisivo: retrata o desespero e oferta a salvação. Amém
Um olhar sobre a instável hegemonia da direita radical
A grande guinada capaz de distinguir a direita radical foi a transplantação de seus embates ante a esquerda para o terreno da moral. Por meio de uma hipermoralização da realidade, que reduz todas as disputas a um confronto entre bem e mal absolutos, constrói-se um discurso no qual o universo da esquerda deve ser necessariamente erradicado
Os brasileiros são todos fascistas?
As eleições de outubro de 2018 no Brasil foram marcadas pelo avanço de Jair Bolsonaro e sua formação de extrema direita, o Partido Social Liberal (PSL). Misógino, homofóbico, racista e cercado por defensores de um retorno ao poder dos militares, Bolsonaro encarna uma corrente política que permanecia discreta na América Latina desde o fim das ditaduras
Somos muitos, podemos ser fortes
As manifestações em defesa da democracia e da Constituição, as mobilizações de rua, a discussão com o povo sobre o impacto das políticas que serão implementadas e a disputa das narrativas nas mídias sociais são o caminho para organizar a resistência democrática
Mudança favorável na Ásia
O desarmamento nuclear da Coreia não deve se tornar um pré-requisito para a realização de outros aspectos da negociação: suspensão de manobras militares de ambos os lados, levantamento de sanções econômicas, tratado de paz.