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Sem igualdade não há liberdade
Ao adotarem a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro de 1948, 58 países entraram, pela primeira vez, em acordo sobre os princípios que permitem a cada um viver em liberdade, igualdade e dignidade. Muito progresso se fez desde então, mas a explosão das desigualdades ameaça tanto as liberdades políticas como os direitos econômicos e sociais
Longo caminho rumo à dignidade
Os Estados-membros da ONU estão engajados em defender quais liberdades fundamentais? A leitura da Declaração Universal dos Direitos Humanos dá vertigem: ela garante quase todos os direitos políticos e sociais. Mas com quais meios? Resultado de um longo combate, contudo, a Declaração continua sendo uma eficaz ferramenta de progresso
O solo fértil do ódio
O profundo ódio e desigualdade entre as classes, o desprezo pela coletividade, a vigorosa arrogância presente em nossos espaços de convivência, a falta de perspectiva que leva milhões a credos religiosos baseados na extorsão, a absoluta descrença com a política, todos esses fenômenos não foram produzidos apenas nesta eleição ou mesmo nos últimos anos
A teologia do management
Para converter alunos de cursos preparatórios em administradores, as grandes escolas de negócios institucionalizam um fenômeno de desescolarização. Os estudantes perdem progressivamente o gosto pelo saber acadêmico para se submeter às obrigações da vida dos negócios. Liberados da preocupação escolar, eles podem se adaptar ao “sério” mundo das empresas
Cosmismo, uma velha ideia russa para o século XXI
Desde o fim da União Soviética, as elites russas procuram por ideologias alternativas. Conjugando cristianismo, racionalismo e sonho de imortalidade, o cosmismo, uma corrente de pensamento nascida no século XIX, oferece um quadro adequado para casar o relançamento dos programas científicos com a afirmação de valores tradicionais
Na origem do ódio ao imposto
A mobilização na França contra os impostos sobre os combustíveis pôs em evidência um sentimento de injustiça fiscal expresso, sobretudo, pelos assalariados subalternos e pelos pequenos autônomos. Em um país onde o imposto continua sendo uma alavanca para a redistribuição, como explicar que ele seja contestado por quem está no ponto mais baixo da escala social?
Firehosing: por que fatos não vão chegar aos bolsonaristas
Polêmicas efêmeras que confundem milhões e falsidades que consolidam crenças são combustível para o firehosing, uma tática que tem nas redes sociais o terreno perfeito. Como pará-lo? Segundo um volume crescente de pesquisas da psicologia,1refutar (repetindo) mentiras não enfraquece valores e pode até reforçá-los. O que fazer então?
No Equador, o liberalismo-surpresa
O Equador com frequência entusiasmava os progressistas durante a presidência de Rafael Correa (2007-2017): redução da pobreza, reestruturação da dívida pública, asilo político a Julian Assange, fundador do WikiLeaks… Como então explicar a guinada de 180 graus de seu sucessor, Lenín Moreno, eleito para conduzir a mesma política?
Assembleias de som e fúria
Declarações como aquela da ministra Rosa Weber – presidente da instituição guardiã da lisura e da legitimidade no processo eleitoral –, de que, diante da avalanche de mentiras das fake news, não podia fazer milagre, devem ser vistas menos na chave da agitação política e mais na da reflexão político-teórica
Três anos de desastre
A vitória de Bolsonaro, declaradamente contrário à defesa dos direitos humanos, do meio ambiente e dos indígenas e quilombolas, dá ensejo a uma expectativa negativa para as pessoas atingidas, em relação tanto à defesa de seus direitos socioeconômicos quanto à construção de soluções para problemas socioambientais enfrentados por elas
A cura da hepatite C em risco
O enfraquecido governo brasileiro de Michel Temer está abrindo mão de tratar todos os pacientes de hepatite C apenas para beneficiar uma megacorporação norte-americana. Nem conceder a patente nem importar o remédio com desconto resolveria o problema para os milhares de cidadãos que dependem desses medicamentos para sobreviver
Pesticidas e agricultores
Os perigos de vários produtos químicos utilizados na agricultura vão sendo aos poucos admitidos; entretanto, sua regulamentação e o reconhecimento dos males que provocam continuam sendo um combate árduo, em particular para os agricultores
Fertilizantes nitrogenados: providência transformada em veneno
Produtos emblemáticos da “revolução verde”, os pesticidas e adubos sintéticos permitiram vencer o desafio alimentar apresentado pela explosão demográfica do século XX. Mas o recurso generalizado a esses produtos afeta gravemente a saúde dos agricultores e o equilíbrio do ambiente. Aprender a limitar seu uso é um dos imperativos da agricultura do século XXI
Febre digital no Quênia
Ao lançar seu primeiro satélite em maio de 2018, o Quênia juntou-se ao punhado de países africanos presentes no espaço. O equipamento coletará dados destinados à prevenção de secas. A conquista é só mais um aspecto do desempenho tecnológico queniano, cujas descobertas inspiram o mundo, sem, contudo, solucionar os problemas estruturais do país
Futuro incerto em Rojava
A Federação Democrática da Síria do Norte abriu conversações, rapidamente suspensas, com o regime de Damasco para consagrar sua autonomia de fato. A organização permanece sob a ameaça do Exército turco e da Organização do Estado Islâmico. Internamente, as tensões entre árabes e curdos se dissipam, mas uma desconfiança recíproca permanece
Direito à educação com igualdade de gênero
Avanços jurídicos e políticos no sentido de garantir a igualdade de gênero na educação encontram fortes obstáculos para sua concretização nas escolas de diversos países da América Latina e do Caribe. Barreiras culturais, falta de vontade dos governos e avanço de tendências fundamentalistas conservadoras e religiosas afetam meninas e mulheres
Pequeno manual de conduta e resistência ao controle do discurso e da libido
Ao perceber que o noticiário sobre o novo governo te faz espumar e compartilhar coisas o dia todo, pense em sair um pouco das redes sociais. Vá ver um filme, ler um livro, ouvir a música que você ama ou um disco novo. Consuma e produza arte, que é uma maneira e tanto de elaborar angústias e mobilizar forças, de forma crítica, inclusive
Guerra de valores
Se esses movimentos já denotam os caminhos que esse novo governo vai trilhar – muito preocupantes por seu caráter autoritário e fundamentalista –, quando essas iniciativas saírem do papel e forem postas em prática vai se instaurar um confronto aberto na sociedade entre os defensores desses valores conservadores e a cultura pluralista e de respeito à diversidade que se desenvolveu no período democrático
Liberdade para Julian Assange
Refugiado há seis anos na embaixada equatoriana em Londres, Julian Assange com certeza não pôde assistir ao vivo na CNN ao emocionante desfecho. Sua existência se parece com a de um prisioneiro.