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Catar, uma Copa exagerada
Aproximando-se do pontapé inicial da competição, em 20 de novembro, os críticos se alvoroçam. Como antes tarde do que nunca, todos querem propalar sua cota de indignação

“Não deixar a grande imprensa babar é um ato indispensável”
Por retratar a vida pública, a mídia se beneficia de certa indulgência por parte de partidos e sindicatos: qualquer crítica ao papel social desempenhado pelos jornalistas expõe seus autores à suspeita de antidemocráticos. Não era o caso no início do século XX na França, onde a Confederação Geral do Trabalho (CGT) lutou vigorosamente contra a imprensa dominante

Iranianas acendem o fogo da revolta
Uma revolta contra a obrigatoriedade do véu? Certamente. Porém, o levante que abala a República Islâmica não se limita a isso. Os fundamentos do regime estão sendo atacados e diversas categorias da população unem-se por uma frustração generalizada. Embora o resultado da revolta seja incerto em razão da brutal repressão, a vontade de mudança permanece intacta

Uma gigante do cobre na Indonésia
A Freeport-McMoRan é uma das maiores empresas de mineração listadas em Wall Street. Longe da lenda do chefe genial que começou do nada para dominar o mundo do cobre, os dirigentes da companhia se beneficiaram do apoio de políticos norte-americanos corruptos, golpes baixos da CIA, conluios na América do Norte, na Papua Ocidental… E seguem atuando dessa forma

Conflitos de fronteira na América Latina
Herdadas das independências, as fronteiras latino-americanas estão longe de ser sem importância. Muitas disputas opõem os países a seus vizinhos ou a uma potência europeia. As narrativas nacionais, muitas vezes reforçadas nos currículos escolares, alimentam a sacralização dos territórios e clamam pela recuperação de terras perdidas

Ainda é bom viver na Suécia?
Após crescer de 5,7% para 20,5% dos votos em doze anos, em setembro o partido de extrema direita Democratas Suecos passou a ocupar um lugar privilegiado no Parlamento, apoiando a coalizão de direita. Seu avanço poderia ser uma surpresa em um país que é sinônimo de social-democracia, porém ele se explica pela memória de certa abordagem do Estado de bem-estar social
Quando a Rússia perdeu a Guerra da Crimeia
Em grande medida esquecida nos países que a venceram, como a França e o Reino Unido, a Guerra da Crimeia (1853-1856) é objeto de uma memória vibrante na Rússia. A nação eurasiática, no entanto, saiu derrotada do conflito…
O estupro como arma
A Corte Penal Internacional terá de determinar se os estupros cometidos por soldados russos na Ucrânia constituem crimes contra a humanidade. Enquanto isso, muitos obstáculos para fazer justiça às vítimas permanecem de pé
Sanções, uma faca de dois gumes
Em 1856, a Rússia perdeu a Guerra da Crimeia. Agora que ela desafia o Ocidente na Ucrânia, que lembranças restam dessa derrota? Na época, os vencedores impuseram-lhe um tratado de paz de acomodação. Hoje, os oponentes sonham em deixá-la de joelhos. Os crimes, principalmente os sexuais, estão aumentando no campo de batalha, enquanto Moscou brande a ameaça nuclear: a estabilidade global poucas vezes foi tão frágil… E o que a esquerda propõe para sair dessa espiral? Enquanto uns preferem fugir do assunto, outros defendem as convicções bélicas dos neoconservadores, reclamando a adoção de sanções que também castigam a Europa e os países emergentes
Amazônia fica sem originária progressista no Congresso
Amazônia Legal concentra a maior parte dos indígenas e das candidaturas de mulheres originárias do país, mas esse grupo elegeu na região apenas uma representante, que é bolsonarista. Como motivos da derrota, candidatas apontam desigualdade de verba, compra de votos e violência
A volta da asa-branca e do Brasil como potência socioambiental
Expectativa é que a agenda ambiental continue a ter papel central na esfera governamental federal, mas em direção diametralmente oposta, reconstruindo o desmonte realizado no setor
Da calamidade à retomada do desenvolvimento
O pífio crescimento da economia brasileira desde 2017 é parte de um projeto, condição para manter o desemprego elevado e pressionar os salários para baixo. Já as mudanças nas regras fiscais abriram caminhos para a privatização de serviços públicos universais. Afora essa parte que “deu certo”, o governo Bolsonaro acumula fracassos mesmo para os empresários. Esse pesadelo está próximo ao fim, porém a vitória nas urnas foi apenas um pequeno passo diante dos desafios econômicos e políticos colocados
A consolidação da direita cristã
Encerradas as eleições, uma reflexão desafiadora se impõe sobre o lugar da religião nesse processo. Das tantas possibilidades de análise, acompanhando o que já vinha sendo indicado por colegas pesquisadores das diferentes áreas das ciências humanas e sociais, proponho neste artigo nos determos em um elemento de destaque que provoca interrogações sobre o futuro próximo do cenário político do país: a consolidação de uma direita cristã brasileira
Eleições e democracia
O que temos como resultado das eleições é uma vantagem apertada de uma ampla coalizão política, a mais ampla formada desde o início da Nova República. Ampla e forte o suficiente para iniciar a reconstrução democrática do país
Democracia sem panos quentes
O tratamento que será dado para aqueles que apostam no golpe de Estado e que praticaram crimes contra a democracia será determinante para restabelecer ou não os limites democráticos da ação pública e da convivência social, bem como para conter a violência e o arbítrio.
A esquerda desarmada diante da guerra
De Jean Jaurès a Aristide Briand, de Lenin a Clara Zetkin, quando uma guerra eclodia na Europa e ameaçava enterrá-la, líderes da esquerda e manifestantes pacifistas levantavam sua voz. Esse não é o caso da guerra na Ucrânia. Enquanto o conflito se alastra e a mídia se inflama, a esquerda europeia emudece