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Os fantasmas de Madagascar
Três anos após a queda do presidente Marc Ravalomanana, Madagascar vive um impasse. Apesar de um tratado encerrar a fase de transição, a ilha se afunda na crise. Com ela, revelam-se as disfunções de um país vitimado pela voracidade das elites e por políticas de desenvolvimento impostas por parceiros internacionaisThomas Deltombe
Georges Ibrahim Abdallah, prisioneiro político expiatório
Preso há 27 anos na França, o libanês Georges Ibrahim Abdallah poderia, desde 1999, ter obtido a liberdade condicional, não fosse a obstinação judiciária e as ingerências norte-americano-israelensesMarina da Silva|Alain Gresh
Os economistas engajados
Editoriais, colunas radiofônicas, estúdios de televisão: em plena campanha presidencial, economistas dividem o espaço midiático. Apresentados como acadêmicos, eles encarnam o rigor técnico no coração de uma batalha ideológica. Mas “especialistas” teriam tanta credibilidade se tornassem públicas suas outras atividades?Renaud Lambert
As fontes morais da austeridade
A União Europeia aprovou novo acordo para ajuda financeira à Grécia, com a condição de que ela aceite uma “supervisão reforçada” da sua gestão orçamentária. O plano agrava ainda mais a situação de um país que já sangra. A obstinação em preconizar o rigor se explicaria por convicções morais mais poderosas que a razão?Mona Chollet
O que esconde o entusiasmo pela reindustrialização
A desindustrialização dos países centrais foi um puro produto neoliberal, um divórcio entre os interesses das classes superiores dos países que se beneficiam dos ganhos realizados pelas transnacionais e a economia territorial. A tentativa de reverter esse processo – reindustrialização −, contudo, não rompe esse modeloGérard Duménil e Dominique Lévy

Pistas para uma nova revolução produtiva
Foi-se o tempo em que os defensores da indústria eram tachados de arcaicos. Cada vez mais, os candidatos às eleições presidenciais vangloriam-se da retomada da produção local. Mas, afinal, qual é o futuro da indústria nos países centrais agora que a China anuncia uma escalada da diversificação de seus produtos?Lawrence Carroué
Pentágono se volta para o Pacífico
Enquanto o governo israelense ameaça bombardear o Irã, a União Europeia e os EUA endurecem as sanções contra a república islâmica – uma estratégia com chances duvidosas de atingir seus objetivos. A situação preocupa tanto Washington que o governo procura reorientar suas prioridades e se concentrar no PacíficoMichael Klare
Nos Bálcãs, o charme perdido da Europa
A Croácia será, a partir de julho de 2013, o 28º Estado-membro da U.E. A adesão foi aprovada em janeiro por 67% dos eleitores, mas a participação foi fraca: 43%. Na verdade, é sem entusiasmo que os croatas se preparam para juntar-se à comunidade. A perspectiva europeia perdeu muito de seu interesse em toda a regiãoJean-Arnault Dérens
Impunidade saudita
Os direitos humanos não são mais respeitados na Arábia Saudita do que no IrãSerge Halimi
Vitória histórica no processo do amianto
Em 1998, os habitantes de Casale Monferrato, vila do Piemonte invadida pela poeira mortal de uma usina de amianto, criaram a Associação das Famílias de Vítimas; em 2004, eles prestaram queixa junto ao procurador de Turim. Fim da história: a condenação retumbante, em fevereiro, de dois dirigentes do grupo mundo EternitPatrick Herman
Por detrás da revolta fardada
Fatores históricos, políticos e econômicos explicam a recorrência no país de movimentos reivindicatórios por salários e melhores condições de trabalho da categoria dos profissionais de segurança pública. Volta e meia há greves, paralisações, operações-padrão ou a ameaça de que ocorramMarcelo Freixo
A esquerda governa El Salvador?
Vencedor das primárias organizadas pela oposição venezuelana em fevereiro, Henrique Capriles será candidato nas eleições presidenciais de outubro. Para seduzir os eleitores de esquerda, ele promete imitar o “modelo brasileiro”. Um discurso que lembra muito o de Mauricio Funes, eleito presidente de El Salvador em 2009Hernando Calvo Ospina
A militarização da segurança
O país adotou um modelo de polícia que ainda está fortemente atrelado à defesa do Estado, e não à defesa do cidadão. É um modelo híbrido, no qual convivem uma polícia investigativa de caráter civil e uma polícia preventiva de caráter militarLuís Antônio Francisco de Souza
A catástrofe como oportunidade
“Se um acidente envolvendo um reator nuclear acontecer em Takaimura ou em Fukushima, os prejuízos que deverão ser suportados pela sociedade japonesa serão pesados demais”, escrevia em 1993 o romancista Ikezawa Natsuki. No texto inédito a seguir, ele tira algumas lições da catástrofeIkezawa Natsuki
Qual a política migratória do Brasil?
Caso dos haitianos, embora pouco representativo da realidade migratória brasileira, serviu como laboratório das vicissitudes do “ser potência”. Para estar à altura da inserção internacional que pretende, o país deveria aprovar a “Convenção da ONU para a proteção dos trabalhadores migrantes e membros de suas famílias”Deisy Ventura|Paulo Illes
A luta anônima contra o poder difuso
O que querem os homens e mulheres que se escondem por trás da máscara de Guy Fawkes, o personagem principal da história em quadrinhos V de vingança, de Alan Moore e David Lloyd, e se apresentam ao mundo como Anonymous?Murilo Machado|Rodrigo Savazoni|Sérgio Amadeu da Silveira
Os riscos de uma guerra contra o Irã
A arma de destruição em massa do Irã não é nem uma frota de motor de popa, nem a informática, muito menos uma bomba nuclear: é o preço do petróleo. E, para usá-la, Teerã não fecharia o Estreito de Ormuz. Se todas as sanções internacionais fossem aplicadas, faltaria cerca de 2 milhões de barris/dia de petróleo no mundoGary Sick
A produção das cidades securitárias: polícia e política
Com a atual importância da Polícia Militar, seja pela ampliação dos poderes dos praças no controle cotidiano, seja pela influência dos oficiais na administração pública, dificilmente trabalhadores pobres e com pouca articulação política conseguirão se manter atuantes em lugares cujo potencial econômico é muito grandeDaniel Hirata
Feios, sujos e malvados
As mais recentes operações militares na cidade de São Paulo, como a realizada desde o início deste ano na Cracolândia, apresentadas pelo discurso oficial como formas de intervenção sobre populações vulneráveis e em situação de risco, revelam-se um poderoso instrumento de expansão do controleAlessandra Teixeira e Fernanda Matsuda
Guerra às drogas e territórios em disputa
Na prática, a operação na Cracolândia, em São Paulo, não esconde seu caráter higienista de perseguição aos indesejáveis: moradores de rua, usuários de crack, prostitutas, vendedores ambulantes, comércios “irregulares” etc.Juliana Machado Brito
A militarização do sistema penitenciário brasileiro
Apesar do mal-estar provocado, o Massacre do Carandiru não colocou um ponto final nas intervenções de forças militares em revoltas prisionais. Ao contrário, impunidade dos responsáveis e a ausência de um debate político sobre os acontecimentos estimularam direta e indiretamente a militarização do sistema penitenciárioFernando Salla|Marcos Alvarez