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Músicas certificadas
Valorizar um patrimônio imaterial da humanidade parece uma medida benéfica. No entanto, as características estabelecidas pela Unesco para definir quem destacar implicam valores questionáveis. E as consequências dessas práticas de rotulação estão eivadas de ambiguidades, particularmente no caso da música
O pequeno-burguês gentil
Como combater uma ordem social que instalou em nós mesmos sua visão de mundo? Esse dilema atravessa a obra do sociólogo Alain Accardo, assim como a figura que o encarna: o pequeno-burguês gentil, dividido entre suas aspirações frustradas e sua revolta represada. A crise climática e a exigência de uma ecologia anticapitalista serão o fim desse gênero humano?
Emprego garantido para a juventude bielorrussa
Para lutar contra o desemprego de jovens, a Bielorrússia aplica uma política cada vez mais rara na Europa: o governo garante um primeiro emprego para os formandos na graduação. Herança da economia planificada soviética, essa instituição é parte integrante de um monumento de direitos aos quais a população permanece conectada
Doenças genéticas e classe social
Novas tecnologias reprodutivas prometem prevenir doenças genéticas graves. O que aconteceria se apenas os ricos tiverem acesso a elas?
Vidas que valem mais que as outras
Quando alguém sofre um prejuízo, a Justiça deve fixar uma indenização. Nos Estados Unidos, elas se apoiam em critérios como salário e expectativa de vida. As desigualdades sociais repercutem mecanicamente nas compensações, de tal modo que um médico receberá mais que um enfermeiro, um branco mais que um negro, um homem mais que uma mulher etc.
O Sahel desafiado pela corrida do ouro
Mal equipados, milhares de homens cruzam o Saara em busca de ouro após a descoberta de veias no Sudão, Chade e Níger… Rápida e recente, essa corrida pegou de surpresa os Estados do Sahel, já desestabilizados pelos movimentos jihadistas e por tráficos de todo tipo, especialmente de drogas. Apesar de lucrativo, o garimpo artesanal é uma atividade perigosa e precária
Quem, de fato, manda no México?
O presidente mexicano assumiu o poder há um ano, após uma vitória eleitoral esmagadora. Se desde então o México fez seu retorno ao cenário mundial em termos de política externa, a fragilidade do Estado, o ativismo dos mercados financeiros e um vizinho norte-americano bastante espaçoso ameaçam as ambições da equipe de governo
Na Bolívia, o leilão da cadeia do lítio
Em outubro de 2019, um golpe derrubou o presidente Evo Morales. Enquanto o governo em exercício promete eleições para março, um dos projetos mais ambiciosos do ex-chefe de Estado parece já enterrado: permitir que a Bolívia não se satisfaça em meramente exportar o lítio que tem em abundância, mas que possa ela mesma garantir sua industrialização
Um ano de ultraliberalismo de coturnos e pés de barro
Graças a esse acabrunhado keynesianismo de última instância e à irresponsável prática de vender ativos públicos para custear despesas correntes, o ultraliberal Paulo Guedes conseguiu enfim evitar o pior e chegar vivo a seu primeiro ano no comando da economia do país
A vida de pequenos agricultores em terras amazônicas cercadas pela soja
Reportagem acompanhou os impactos da monocultura no meio ambiente e na vida dos habitantes da região do Planalto Santareno, no Baixo Rio Tapajós. “A maioria da população é afetada negativamente: aumenta a pobreza, aumenta a miséria, aumenta a fome, a insegurança pública, a violência. Concentra renda, concentra terra e aumentam os impactos negativos na área social”
Colapso ou atualidade do empreendimento colonial?
A uberização do trabalho consolida a transformação do trabalhador em um autogerente subordinado. Nada está garantido, nem mesmo a remuneração por dia de trabalho. Um trabalhador que se encontra disponível ao trabalho, mas só é utilizado e remunerado na exata medida do que produz, e nem mesmo sua carga de trabalho está garantida
Em nome da urgência ecológica
Nenhum tomador de decisão público ou privado de relevo pode ignorar a questão climática… pelo menos no discurso. Essa vitória ideológica do movimento ecologista precisa traduzir-se em medidas concretas. Entretanto, a conquista abre outro campo de disputa, provocado por sua instrumentalização reacionária por parte dos comandantes do capitalismo verde
Na Austrália, uma temporada no inferno
“A terra está queimando.” Até o momento, a expressão não passava de uma imagem. Na Austrália, ela descreve com precisão incêndios gigantescos que há três meses destroem o país, a ponto de os bombeiros desistirem de apagar o fogo. Tais catástrofes podem ser classificadas como “naturais”, quando se acumulam provas de sua origem industrial?
O retorno das leis celeradas
A repressão policial e judiciária que atinge os movimentos de protesto na França ilustra um processo mais do que centenário: as leis de exceção votadas em momentos de emergência acabam se tornando a norma
Precariedade e salário estudantil
Como remediar a miséria que atinge os estudantes? Na França, após a Segunda Guerra Mundial, as forças sindicais e associações promoveram o surgimento de uma ideia hoje em dia esquecida: assalariar os “jovens trabalhadores intelectuais”
De Santiago a Paris, o povo na rua
Esta já é a terceira ou quarta onda de mobilizações de massa contra a ordem neoliberal e seus governantes? De Beirute a Santiago, sem esquecer Paris, o poder político parece em todo caso incapaz de restabelecer a situação, inclusive quando apela para a forte repressão
Nem mais um dia de trabalho
O ambiente corporativo torna-se cada vez mais estressante e, por vezes, letal – um desenvolvimento que contribuiu para explicar por que muitos assalariados rejeitam a ideia de aposentar-se ainda mais tarde
Fragmentar o coletivo
Independentemente da coloração partidária, sucessivos governos pelo mundo encadeiam reformas da previdência. É hora de reconsiderar completamente esse momento da vida e de repensar o conjunto da carreira, estabelecendo, por exemplo, um salário mínimo estudantil. Já os assalariados, que sofrem com o aumento das doenças laborais, não querem adiar a idade da aposentadoria nem deixar seus filhos sem direitos. Essa rejeição do individualismo suscita manifestações duramente reprimidas, que entram em ressonância com outras manifestações pelo mundo
O medo da multidão
O neoliberalismo ataca o Estado e busca suprimir os bens públicos, que se transformam em negócios privados. Só quem paga tem acesso. O que antes era considerado um direito e também um salário indireto, pois compunha os bens e serviços necessários para a vida, transformou-se em mercadoria. E os trabalhadores, precarizados, não conseguem pagar a conta.