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Miscelânea
Arrigo de Marcelo Ridenti (Boitempo) e Em busca do tempo perdido de Marcel Proust (Companhia das Letras)
Os problemas com a adoção internacional
Muito disseminada nos anos 1970, a adoção internacional atravessa uma profunda crise ética. Do Chade ao Chile, da França à Suécia, numerosos escândalos desacreditaram uma prática por muito tempo vista como um ato de generosidade. Sobre as ruínas desse setor, surgiu um novo: a barriga de aluguel, que eleva o risco de mercantilização da vida
O que revela a compra do Twitter
Após três décadas de desenvolvimento espetacular da internet, a utopia libertária da rede mundial é a partir de agora reivindicada pela extrema direita norte-americana, em detrimento de uma esquerda – legitimamente preocupada em proteger os vulneráveis contra os ultrajantes discursos extremistas – que abandona às empresas capitalistas a tarefa de regulamentar as redes
A City de Londres, um poder parasita
No ano passado, Londres decidiu suprimir o teto dos bônus dos banqueiros, introduzido após a crise de 2008. A classe política é zelosa em relação ao atrativo de sua posição financeira. Porém, sua importância para a economia britânica poderia se revelar uma maldição, sobretudo num contexto de forte instabilidade dos mercados mundiais
Putin, os juízes e a bomba
Será que George W. Bush e Anthony Blair um dia serão acusados pela justiça internacional por terem desencadeado a invasão do Iraque com base em mentiras? Ao abrir um processo contra o presidente russo, o Tribunal Penal Internacional coloca em jogo não só sua credibilidade, mas também seu futuro
A brutalização da relação da polícia com os manifestantes
Há quase um século, a República francesa assumiu a intenção de lidar com os protestos populares de rua procurando ao máximo evitar o confronto. A partir dos anos 2000, a abordagem se tornou mais punitiva e a prioridade passou a ser prisão dos “agitadores” – uma mudança que favorece a violência e coloca em questão o respeito, por parte do Estado, ao direito de manifestação
A democracia turca em suspenso
Neste 14 de maio, perto de 60 milhões de eleitores turcos vão escolher nas urnas seu deputado e o presidente para os próximos cinco anos. Três meses após o duplo terremoto devastador e num contexto político marcado pelo agravamento do autoritarismo, Recep Tayyip Erdogan enfrentará o candidato de uma oposição heteróclita, mas unida. Ele vai manipular um escrutínio que corre o risco de perder?
A fronteira flutuante entre o Camboja e o Vietnã
Mais de cinquenta fronteiras terrestres no mundo são objeto de disputas entre vizinhos. Alguns conflitos dão origem a confrontos regulares, outros estão congelados, e alguns se encontram ainda em via de resolução, tendo os países envolvidos decidido negociar. É o caso de Hanói e Phnom Penh, que iniciaram discussões há mais de doze anos
Os indesejáveis subsaarianos na Tunísia
No primeiro trimestre de 2023, a Itália registrou um aumento espetacular no número de migrantes que chegam pelo mar. Mais da metade vem da costa da Tunísia. O governo italiano alerta para os riscos de uma grave crise migratória até o verão, já que muitos dos candidatos ao exílio são cidadãos subsaarianos fugindo do ambiente deletério e xenófobo mantido pela Tunísia
Mercosul, o sonho de livre comércio da esquerda latina
Menos de um mês depois de assumir o cargo, o presidente Lula afirmou ser “urgente e altamente indispensável” que seu país ratifique a proposta de tratado de livre comércio que visa vincular a União Europeia e o Mercosul, o Mercado Comum do Sul, criado há mais de trinta anos e que une Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai
Na América Latina, o não alinhamento a serviço da paz
“É preciso que os Estados Unidos parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz”, declarou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 14 de abril, em Pequim, durante uma visita de Estado. Tal posicionamento sobre o conflito ucraniano tem valor simbólico, em um contexto em que muitos países latino-americanos buscam se livrar da hegemonia de Washington
A Guerra Fria 2.0
Quem vencerá a batalha global dos algoritmos e das máquinas “que aprendem”? Os Estados Unidos ou a China? Por trás dessas questões esconde-se uma realidade mais prosaica. Para as empresas do Vale do Silício, o momento é propício para captar centenas de bilhões de dólares em subsídios públicos, mesmo que isso signifique tornar ainda mais dramático o confronto entre Washington e Pequim
Políticas sociais mudam a cabeça do povo?
Quem faz a cabeça do povo é o capitalismo, que exacerba nosso lado mais individualista e narcisista, e promove 24 horas por dia a deseducação da sociedade ao estimular o consumismo, a competitividade, a ambição de riqueza, o “salve-se quem puder”
Sete mitos mostram que o agro é importante, mas não é tudo
É inimaginável o futuro do país sem o agronegócio. Mas é evidente que a imagem de futuro do Brasil não pode ser reduzida à envelhecida metáfora de celeiro do mundo. É hora de fazer o que gerações anteriores fizeram em diferentes momentos do século XX: pactuar uma nova agenda, pensando não a curto prazo, mas nas próximas décadas
Até onde vai o poder do agro?
Uma avaliação do alcance da agenda da Bancada Ruralista no Congresso durante o governo Bolsonaro
Não há democracia sem reforma agrária
Reforma agrária cria comunidades de produção de alimentos, com moradia, saneamento, água, escolas, espaços de lazer e de cultura. Isso fomenta novas sociabilidades, fortalecidas por mulheres, pela juventude, pela comunidade LGBTQIA+, pelo povo preto e toda a gama de comunidades tradicionais que preservam a sustentabilidade de seus território
Significado e dimensões do agronegócio na economia brasileira
Há toda uma publicidade colocando o ator político que se autodefine como “agro” como uma espécie de campeão da economia em todos estes domínios: comércio externo, PIB, geração de emprego, arrecadação tributária e oferta de alimentos. No entanto, o que dizem os números?
O desenvolvimento predatório do agronegócio
No Brasil das últimas décadas, erigimos um altar profano para o agro, no qual são imolados a natureza e os trabalhadores em nome de uma religião abstrata do dinheiro, insensível ao sofrimento e à destruição, mesmo diante da morte e devastação em escalas industriais
A precariedade de tudo
A divulgação dos atentados a escolas pela grande mídia e pelas redes sociais estimula integrantes de grupos na internet que fazem a apologia desses atos, valorizando-os
A vergonha e a fome
Plenamente integrado ao complexo agroindustrial, o auxílio alimentar constitui a parte do pobre, aquela que ninguém quer, mas que muitos, nos dias de hoje, conseguem monetizar