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A religião securitária
Pelas reações que suscitam, os repetidos tumultos urbanos refletem a evolução da paisagem política francesa, que passou pelo rolo compressor da segurança e da identidade
Uma janela de oportunidade
Em meio às muitas crises que hoje o mundo atravessa, há uma janela de oportunidade para a América do Sul, e especialmente para o Brasil, na busca de maior autonomia e de um desenvolvimento sustentável
Deve-se rever a autonomia do Banco Central?
A inflação atual no Brasil é impulsionada não por uma economia superaquecida, mas por um conflito distributivo entre o setor comercializável e o não comercializável. Manter altos níveis de taxa de juros reais de curto prazo não resolverá o problema e aumentará o hiato de produção já existente na economia
A retórica da reação neoliberal e o futuro do igualitarismo
Quanto mais neoliberalismo, maior a diferença entre a renda extraída pela posse de propriedade e a distribuída como retorno pelo trabalho. Em escala mundial, sua incapacidade de produzir crescimento econômico, combinada ao aumento da desigualdade, é proporcional à sua capacidade de corroer, por dentro, regimes democráticos
Para onde vai nosso dinheiro
As finanças não constituem um “setor”; são uma dimensão de tudo o que fazemos. Mas por meio de seu controle é que se decide se vamos financiar saúde e educação ou fortunas de especuladores. O controle do dinheiro constitui o centro da política
Politizar a questão tributária
As discussões sobre a tributação não podem ficar limitadas às questões técnicas sobre as diferentes formas de tributar ou sobre ganhos e perdas financeiras entre os setores ou entre os entes da federação. Elas precisam escancarar as concepções em disputa sobre o modelo de Estado e sobre a capacidade que queremos atribuir a ele
Uma transnacional contra Allende
Há quase cinquenta anos, em 11 de setembro de 1973, um golpe militar apoiado pelos Estados Unidos encerrou a experiência socialista no Chile – e a vida do presidente Salvador Allende. Durante esse período, a gigante das telecomunicações norte-americana ITT desempenhou um papel obscuro na desestabilização do governo. E abriu caminho para os atuais mastodontes do Vale do Silício…
A Ucrânia ingressa nas eleições dos Estados Unidos
Apesar da avalanche de processos judiciais, Donald Trump continua o favorito de seu partido para a eleição presidencial de 2024. Um tema de política externa, a guerra na Ucrânia, é objeto de debates apaixonados entre os candidatos republicanos. Alguns criticam o presidente Joe Biden por não se envolver o suficiente; outros acreditam que as prioridades norte-americanas são outras
A era dos mercenários
As tensões com o Kremlin borbulhavam havia meses, mas a rebelião do Grupo Wagner ainda assim foi uma surpresa. Normalmente, os mercenários obedecem a quem os contrata e executam tarefas sujas em seu nome. A África sabe bem disso, tendo visto muitos desses “terríveis”, como eram chamados os combatentes de milícias privadas no passado
Por que as grandes potências fazem guerra
Segundo os discursos dominantes, a política externa ocidental consistiria em exportar a democracia liberal e o direito para o resto do mundo. No entanto, as relações entre as potências obedecem menos a ideais do que a considerações estratégicas, conforme explica John Mearsheimer, um importante teórico do realismo nas relações internacionais
Longo Maï, o velho sonho em movimento
Um mundo novo, solidário, livre dos imperativos de lucratividade… Como isso funciona? Poucas experiências desse tipo podem afirmar ter um passado. Esse é o caso de Longo Maï, na região francesa da Provença. Há meio século, trabalha-se muito lá, discute-se enormemente. As gerações se sucedem, as pessoas vêm e vão, e a aventura continua
Um plano para arruinar a Alemanha
Das ruínas de Berlim ao “milagre econômico” dos anos 1950, a Alemanha do pós-guerra permanece associada no imaginário coletivo a uma recuperação impressionante, marcada pela ocupação, pelo Plano Marshall e pelo surgimento de dois países, vitrines dos dois sistemas opostos na Guerra Fria. No entanto, no fim do verão de 1944, os Aliados haviam desenhado um cenário completamente diferente…
Captagon, o novo flagelo do Oriente Médio
Em 13 de junho, Bagdá anunciou uma apreensão de 44 mil comprimidos de Captagon destinados ao mercado local. Do Iraque a Omã, passando pela Arábia Saudita, essa droga sintética que provoca euforia representaria um mercado de vários bilhões de dólares. Washington e Riad pressionam os países produtores – Síria e Líbano – para acabar com o tráfico
A história sombria dos feijões
Dos olmecas aos astecas, passando pelos maias, os povos desta região da América Central hoje chamada México organizaram sua alimentação em torno de plantas desconhecidas no Ocidente: feijão, abóbora e milho. No entanto, os conhecimentos e as práticas botânicas acumulados ao longo de milênios foram destruídos pelos conquistadores e saqueados por comerciantes
Os reaças: “Antes era melhor”
Quando a esperança se torna rara, a nostalgia dos aventureiros desiludidos renasce. Políticos ou literários, os autores dessa tradição em geral são críticos a uma ordem que lhes parece muito “burguesa”, submissa às aspirações conformistas da multidão. Porém, sua forma de romantismo, profundamente conservadora, não oferece nenhum futuro desejável – mas esse não é mesmo seu objetivo
Nem todos morriam, mas todos estavam doentes
Os “desertos médicos” são uma realidade já bem documentada na França: estão principalmente nas zonas rurais e nos arredores das grandes metrópoles. Porém, a desigualdade geográfica do acesso aos cuidados é agravada pelas desigualdades sociais, um fato muitas vezes omitido. Um exemplo é Ardèche, departamento do sul da França
“Sem as imagens?”
Um muro de Nanterre, 29 de junho último. Letras roxas escritas com spray: “Sem o vídeo, Nahel seria apenas uma estatística para a praça Beauveau. Foda-se o 17”. Dois dias antes, Nahel Merzouk, 17 anos, encontrara a morte no volante de um carro depois que um policial o atingira no meio do peito
Barcelona, os pequenos segredos de um grande clube
Conhecido no mundo todo por seus sucessos esportivos, o Futbol Club Barcelona é para muitos catalães um motivo de orgulho e atributo de sua identidade. Contudo, o Caso Negreira e as suspeitas de corrupção de árbitros lançaram uma dura luz sobre os desmandos empresariais de uma instituição ainda fortemente controlada pela burguesia regional
Miscelânea
Crítica do espetáculo: o pensamento radical de Guy Debord, de Gabriel Ferreira Zacarias (Elefante) e A casa dos coelhos, de Laura Alcoba (Paris de Histórias)