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Onde foi que erramos?
Depois de esgotados todos os recursos, todos os apelos, todas as tentativas de obter apoio e solidariedade tanto da cidadania quanto do governo, estamos em risco de fechar o jornal
A história, uma arma de guerra
Nos últimos dois anos, a guerra na Ucrânia foi comparada à Primeira Guerra Mundial, à crise dos mísseis, a todas as intervenções externas da União Soviética, à Guerra Irã-Iraque, por ser entre dois países vizinhos, àquela do Kosovo… Volodymyr Zelensky e seus comunicadores são excelentes nesse joguinho
Israel: dirigentes laicos lançam mão da religião
Movimento laico cujos militantes eram em sua maioria originalmente ateus, o sionismo não hesitou em se apropriar de conceitos fundamentais do judaísmo e remodelá-los para construir uma identidade nacional. Com essa preponderância histórica do referencial religioso, como podemos nos surpreender que o discurso messiânico seja hoje usado para justificar a devastadora guerra travada pelo Exército israelense em Gaza?
“Deus não existe, mas ele nos deu esta terra”
É certo que o messianismo prevê a reunião de exilados em Israel. Mas inferir a criação de um Estado-nação na Palestina exige distorcer a tradição e o significado que ela dá à expressão Terra Prometida
Retroceder não é uma alternativa
Mesmo sob um governo progressista, direitos reprodutivos continuam sendo minados por uma dominância de grupos religiosos e conservadores nos campos político, judiciário e cultural
A dimensão internacional da cruzada antigênero no governo Bolsonaro
A guinada ultraconservadora na política externa brasileira do governo Bolsonaro constituiu um significativo afastamento dos pilares por meio dos quais o Brasil acumulou um capital diplomático ao longo dos anos. Não à toa, vencidas as tensas eleições, o governo Lula direciona muita energia à política externa como parte central de seu projeto de reconstrução da democracia
Mulheres antifeministas na cena política
Os discursos antigênero e antifeministas são centrais na pauta da direita radical, abarcando o combate à educação em gênero e sexualidades, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o feminismo e os direitos das pessoas trans. Essa realidade traduz-se em legislações e diretrizes de políticas públicas, as quais vêm restringindo os direitos e as liberdades desses grupos em vários países
Quando a vida dos negros nos Estados Unidos era mais dura que na escravidão
Foi para “garantir a democracia no mundo” que os Estados Unidos se envolveram na Primeira Guerra Mundial, enquanto a segregação racial dos negros do sul era mais meticulosa do que as futuras leis nazistas de Nuremberg. Nesta segunda parte dos excertos publicados pelo Diplô de seu novo livro, Loïc Wacquant analisa esse sistema político e repressivo que sobreviveu até os anos 1960
No país onde “the gun” reina
Em uma canção de Johnny Cash, uma mãe implora em vão que o filho não “leve as armas para a cidade”. Um sábio apelo que quase 50 milhões de norte-americanos ignoram. Embora a maioria deles seja constituída por republicanos conservadores interessados em defender a Segunda Emenda da Constituição, que lhes garante o direito de portar armas, a estes se unem muitos democratas e progressistas que passaram a se engajar no princípio da autodefesa
A Índia não é a China
Crescimento, demografia, projeção internacional: o futuro parece sorrir para a Índia. A ponto de uma excitação ter se apoderado das chancelarias ocidentais às vésperas das eleições de 19 de abril. Gangrenada pelas conivências, “a maior democracia do mundo” continua sendo tão democrática assim (pág. 22)? Enquanto os agricultores retomam a luta iniciada há quatro anos, a economia do país não está condenada a desapontar (pág. 23)? Talvez sim, mas, por ora, o trunfo principal da Índia é baseado em uma esperança ocidental: que ela faça sombra a Pequim (ver abaixo)
Modi, outra concepção de democracia
Desde que chegou ao poder, há dez anos, o primeiro-ministro Narendra Modi vem operando uma ruptura com o projeto secular imaginado pelos pais da Constituição indiana. Esse percurso se caracteriza pela etnicização da democracia e pela emergência de uma forma de autoritarismo que corrompe o conjunto das instituições
A nova “fábrica do mundo”?
A vontade de Washington de limitar as trocas comerciais com a China apresenta uma dificuldade considerável para as multinacionais, cujos modelos econômicos levam em conta, há muito tempo, a existência do gigante asiático. Elas achariam suficiente voltar-se para a Índia?
As rodovias e os mercadores de areia
Em 12 de março, o Parlamento Europeu adotou uma diretiva favorável aos “megacaminhões”. A circulação desses mastodontes, que podem pesar até 60 toneladas, enfraquece o frete ferroviário e degrada o estado da malha rodoviária. Na França, como em outros países, o livre-comércio governa o planejamento dos territórios
Os novos cães de guerra
Combates entre a França e a Rússia? Anteriormente inimagináveis, a hipótese se instalou após as declarações de Emmanuel Macron evocando uma “guerra existencial” e o envio de “tropas ao terreno” da Ucrânia. Desde então, o tom não para de subir em Paris e Moscou. Uma escalada que parece encantar os meios de comunicação franceses, em sintonia com o presidente da República
Rússia, lições da Guerra Fria
Avanços russos na Ucrânia, ajuda norte-americana para Kiev bloqueada no Congresso, perspectiva de um retorno ao isolacionismo na Casa Branca: um sentimento de vulnerabilidade está levando a Europa a endurecer sua postura. Para justificar o aumento explosivo dos orçamentos militares, seus líderes comparam a ameaça russa de hoje ao perigo nazista de ontem, esquecendo-se de outras lições que a história ensina
O avanço da extrema direita portuguesa
Há oito anos no poder, o Partido Socialista perdeu as eleições em Portugal. Nenhuma força obteve a maioria absoluta, mas a coalizão de direita foi a mais votada. Seu líder, Luís Montenegro, assume um governo minoritário no Parlamento, por enquanto sem se aliar à extrema direita em ascensão. O que levou ao fim da exceção portuguesa?
A resiliência do modelo senegalês
Depois que a tentativa de adiamento das eleições presidenciais pelo chefe de Estado Macky Sall mergulhou o país na crise, as eleições, enfim realizadas no dia 24 de março, surpreenderam a todos com a vitória do opositor, Bassirou Diomaye Faye. Muito desafiadas, as instituições parecem ter demonstrado sua solidez, apoiadas por uma forte mobilização popular. No entanto, as dificuldades políticas e sociais continuam imensas
O setor automobilístico em uma era darwiniana
O discurso dominante costuma vincular o sucesso econômico das empresas ao temperamento de seus gestores. Estão em forte crescimento? É porque contam com o “talento”, a “audácia”, o “espírito visionário” de homens extraordinários – como Carlos Tavares, diretor da Stellantis (Peugeot, Fiat, Jeep, Alfa Romeo, entre outras). Desse modo, mantêm-se ocultos os reais custos da “competitividade” que tanto deslumbra a mídia
Miscelânea – resenhas
Confira as resenhas dos livros “A Convidada”, de Simone de Beauvoir, “Quem tem medo do gênero?”, de Judith Butler, e “As Sete Vidas de Juarez Transamazônico”, de Nurit Bensusan