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Por que agora?
A combinação de uma irritação que consegue se exprimir coletivamente, da falta de mediação, dos modos de ação direta e da utilização da força policial para contê-los explica em grande parte as explosões de violência.

O poder insuspeito das trabalhadoras
A presença nas rotatórias tomadas pelos “coletes amarelos” de uma forte proporção de mulheres chamou a atenção dos observadores. Essas trabalhadoras fazem girar as engrenagens dos serviços essenciais: saúde e educação. Para além do levante deste outono, elas representam o poder ignorado dos movimentos sociais

Intelectuais de internet chegam ao poder: a luta de classes do saber
Os sábios de internet não são anti-intelectuais. Ao contrário, eles têm seus próprios intelectuais, veículos e critérios, mas se sentem excluídos dos espaços em que o poder intelectual se reproduz. Em razão desse ressentimento e investindo em antagonismos que atualizam uma verdadeira luta de classes pelo poder intelectual, eles foram conquistando uma hegemonia paralela

Gal Costa: “Gosto de me jogar em abismos e experimentar coisas novas”
Com timbre soul e dançante, A pele do futuro, novo álbum da baiana de 73 anos, reúne amigos da Tropicália, canções inéditas e influência do filho, Gabriel, de 13 anos
Dia da vitória
A França festeja a salvação da minha fábrica. Foi o que eu lhe disse. E a honra de meu avô, operário da oficina de Depasse. De meu pai, mecânico de automóveis com 17 anos de idade. A honra de seu filho, que entrou para a Blanquefort em 1974, um ano após sua inauguração por Jacques Chaban-Delmas e Henry Ford II. A honra dos 862 assalariados em luta, aos quais em breve vão se juntar outros 2 mil, como na década de 2000.
A Revolução, ah vai dar certo!*
Ao fazerem filmes sobre a Revolução, os cineastas se proíbem de defender uma ou outra causa, ou no máximo apoiam a causa do povo, sem que essa escolha se manifeste de outra maneira a não ser nas intenções.

Por dentro da Rockstar Games
A fabricante de videogames Rockstar Games acaba de lançar com grande pompa um novo título: Red Dead Redemption II. Mundialmente famosa pela série GTA, ela forjou para si uma imagem de companhia original, oferecendo jogos tidos como subversivos. Mas essa reputação não consegue esconder uma estratégia meramente comercial

Um capitalismo de vigilância
A indústria digital prospera graças a um princípio quase infantil: extrair dados pessoais e vender aos anunciantes previsões sobre o comportamento dos usuários. No entanto, para que os lucros cresçam, os prognósticos devem ser cada vez mais certos. Para tanto, não é necessário apenas prever: trata-se de modificar em grande escala os comportamentos humanos

Denunciar as desigualdades, ignorar suas causas
“Ricos mais ricos, pobres mais pobres.” Dessa constatação zilhões de vezes formulada podemos tirar soluções opostas: adocicar o capitalismo, dizem uns; socializar a riqueza, respondem outros. Antes de ressurgir no Occupy Wall Street, esse debate atravessou o século XXI. O destaque das desigualdades no discurso público também tem uma história
Como fazer as multinacionais pagarem o que devem aos países do Sul
A exemplo da Apple, as multinacionais refinaram suas técnicas de evasão fiscal. O problema se revela mais agudo nos países do Sul, despojados de seus recursos naturais e também descartados das discussões internacionais sobre o aspecto fiscal das empresas. Eles poderiam, contudo, encarnar soluções para apagar parte das injustiças nesse campo
Bons e maus chineses
Público ou privado, local ou nacional, individual ou setorial, um sistema de classificação chamado “crédito social” está sendo introduzido na China. Originalmente, ele imitava o sistema norte-americano, que atribui uma boa classificação aos devedores que pagam corretamente nos prazos. No entanto, cada vez o sistema avança para outros tipos de comportamento…
Fascistização no Brasil do tempo-de-agora
Vivemos o colapso de pactos hibridizadores de demandas populares com estruturas intocáveis, a corrosão da Nova República, o negacionismo capaz de inserir o nazismo na esquerda, a elaboração difusa de vontades coletivas neofascistas sob os auspícios de torturadores de bem, milicianos da verdade e profetas da antidemocracia. E por quê?
PSDB, 30 anos: festa ou funeral?
Fundado em junho de 1988, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) completou 30 anos em 2018. Contudo, o clima de comemoração passou longe das fileiras do partido. Ao contrário, paira no ar uma atmosfera de inquietação e de preocupação com o futuro. A razão para tanto encontra-se no desempenho eleitoral, sem dúvida o pior de sua história
Quem será capaz de parar o pêndulo argentino?
O levante dos “coletes amarelos” franceses desperta a admiração de amplos setores da população argentina. A política do presidente conservador Mauricio Macri, no poder desde 2015, provocou uma explosão dos preços da energia e dos produtos de primeira necessidade. Enquanto a pobreza aumenta, a indignação social é incubada, sem causar explosões. Até quando?
A trajetória da política fiscal de desoneração tributária no Brasil
Com Lula, o Estado passou a ter função mais ativa no processo de acumulação. Depois de mais de duas décadas de relativa estagnação em termos da construção do produto, o governo brasileiro retomou a política de planejamento econômico e influenciou mais diretamente o crescimento de sua economia
Por que o sistema educacional brasileiro nunca adotou Paulo Freire na prática?
Apesar de Paulo Freire ser inspirador e de ter se transformado em patrono da educação brasileira, suas ideias são usadas pontualmente, e não como uma política pública aplicada ao sistema educacional brasileiro como um todo. Os governos anteriores, por mais que tivessem nas ideias de Freire um norte, não quiseram aplicar suas teorias em nosso sistema educacional
“Eu tinha a impressão de estar sozinha”
O movimento dos “coletes amarelos” recusa qualquer forma de organização, disseram. Na verdade, diversas tentativas ocorreram. Mas para se organizar é necessário um conhecimento amplamente perdido, por causa da falta de militantes que fazem trabalho de base no campo
Quando tudo sobe à superfície
Com os “coletes amarelos”, um poder seguro de si e querendo servir de modelo para a Europa teve de ceder diante da revolta de grupos sociais até então pouco mobilizados coletivamente. Em um mês, transportes, cobrança de impostos, meio ambiente, educação e democracia representativa foram colocados em questão (ler abaixo). Agora, após reunir os sem-voz, os “coletes amarelos” hesitam sobre a maneira de se organizar ou de convergir com outras revoltas (pág. 6). A forte presença feminina testemunha uma reviravolta sociológica cujas lições ainda estão por serem tiradas (pág. 9). Tudo concorrendo para engordar a carga que a arrogância do presidente Emmanuel Macron detonou (pág. 7)
São Paulo 2028
Quanto à vida nas cidades, que abrigam mais de 85% dos brasileiros, ela vem melhorando ano após ano. O direito à cidade, direito de acessar bens e serviços públicos e usufruir deles, se amplia em razão da participação das cidadãs e cidadãos nas decisões sobre as políticas públicas.