Dezembro 2019
Edição 149

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35 ANOS DE APERTO
“Uma carnificina”
O mesmo vale para a universidade, o hospital, a agricultura, os bombeiros, a escola, o estado das pontes. Na França, como em outros lugares. Trinta e cinco anos de privatizações, recuo dos serviços gratuitos, diminuição de subsídios, controles minuciosos em todas as áreas – graças à internet – e, finalmente, uma sociedade sob pressão, atordoada, arruinada, que queima suas últimas reservas.

EDITORIAL
A gota d’água
As políticas de austeridade chegaram ao limite, no entender dos povos de vários países da América Latina. Os governos autoritários que implantam essas políticas, cada vez mais distantes do povo, ignoram o desespero, os sofrimentos, a pobreza, a exclusão que suas políticas produzem e continuam a aprofundar a espoliação das maiorias.

CAPA
Um desastre no mar brasileiro
As novas táticas empresariais de transporte e logística marítima (off transponder e ship-to-ship), decorrentes das novas estratégias nacionais de guerra comercial (com sanções e embargos), podem ter alguma relação com o recente caso de vazamento ou derramamento de óleo que atingiu a costa do Nordeste brasileiro

CAPA
A qualidade do ar não pode estar na mesa para negociação
Mesmo com 50 mil mortes anuais, a poluição atmosférica ainda não é vista como questão de saúde no Brasil

CONCENTRAÇÃO DE RENDA
Bilionários e a reforma tributária
Hoje, no Brasil, a elite paga muito menos tributos do que a população de baixa renda e a classe média

ONDE ESTÁ O “MILAGRE ECONÔMICO”?
Chile, o oásis seco
Nenhuma outra nação latino-americana foi dotada de uma bússola tão fielmente alinhada com o bem-estar de uma minoria em detrimento do resto da população

UM LEVANTE POPULAR QUE FAVORECE A EXTREMA DIREITA
Na Bolívia, um golpe fácil demais
Desde outubro, um levante popular agita a Bolívia. Expondo a fragilidade da esquerda no poder, ele se tornou um trunfo para as franjas mais extremistas da direita, que aproveitou o caos para derrubar o presidente Evo Morales. Apesar da violenta repressão, o regime de facto não consegue calar a contestação, enquanto o país afunda na crise

HIRAK, O MOVIMENTO DE PROTESTOS POPULARES
O despertar do vulcão argelino
Na Argélia, o Hirak, movimento de protestos populares, não perde força. Após conquistar a queda do presidente Abdelaziz Bouteflika, ele agora se opõe à eleição presidencial prevista para 12 de dezembro. Rejeitando os cinco candidatos, os manifestante reclamam um período de transição e a reformulação do sistema – uma exigência que o poder julga impossível

RECEITA MÉDICA PARA O SUCESSO ESCOLAR
A pílula da obediência
Originalmente, esse remédio deveria ser destinado apenas às crianças “hiperativas”, uma patologia relativamente rara. Contudo, depois de alguns anos, nos Estados Unidos a Ritalina poderia ser prescrita a qualquer criança um pouco bagunceira. Após inundar o mercado norte-americano, a pílula milagrosa se espalha pela França

UMA REGIÃO AUTÔNOMA APENAS NO NOME
No Tibete, uma visita bastante guiada
Quando percorremos a Região Autônoma do Tibete – escoltados, obrigatoriamente –, não vemos nenhuma guarnição militar chinesa, e pouquíssimos policiais. Tudo parece calmo. O poder central passou da “repressão total” a um sistema de liberdade religiosa e cultural condicionada

CRÍTICA DO “ESTADO PROFUNDO”, ABERTURA PARA A RÚSSIA
Reviravolta na diplomacia francesa?
Emmanuel Macron lançou uma formulação chocante para caracterizar a Otan às vésperas da cúpula dos dias 3 e 4 de dezembro: “morte cerebral”. Estupefação nas fileiras atlantistas europeias e francesas… Não é a primeira manifestação de uma inclinação de independência por parte do presidente. Mas há uma grande distância entre os gestos e a ação

UM MERGULHO NO UNIVERSO DOS THINK TANKS FRANCESES
As incubadoras de comentaristas entrevistados na mídia
Aposentadorias, serviço público, mercado de trabalho: em muitos campos essenciais, as reformas liberais das últimas décadas foram precedidas de estudos efetuados por laboratórios de ideias. Privados, mas financiados em parte por subvenções públicas, esses think tanks aproveitaram o vazio ideológico dos partidos para enquadrar o debate público

AMORES E DESAMORES ENTRE LONDRES E OS UNIONISTAS
O quebra-cabeça norte-irlandês diante do Brexit
Entre os cenários de desastre imaginados pelos oponentes do Brexit, um dos mais plausíveis seria uma reativação do conflito que devastou a Irlanda do Norte entre 1968 e 1998 (ler artigo de Daniel Finn). Ultraconservador e defensor de uma linha dura contra os católicos, o Partido Unionista Democrático (DUP) dificultou a tarefa de Londres em suas negociações com Bruxelas

AMORES E DESAMORES ENTRE LONDRES E OS UNIONISTAS
A guerra suja do Estado britânico
No Reino Unido, no entanto, o “Estado profundo” assumiu uma forma tangível durante o período de conflitos na Irlanda do Norte, caracterizado pelo confronto entre as forças nacionalistas favoráveis à reunificação da Irlanda e majoritariamente católicas, de um lado, e, do outro, os legalistas, protestantes e determinados a fazer de tudo para que a Irlanda do Norte permanecesse dentro do Reino Unido.

JUDEU-BOLCHEVISMO, A HISTÓRIA DE UM AMÁLGAMA MORTAL
Quando o ódio ao comunismo alimentava o antissemitismo
De Jeremy Corbyn a Jean-Luc Mélenchon, as acusações de antissemitismo contra a esquerda se multiplicam. A bandeira vermelha encontra-se cada vez mais associada ao ódio racial. Enquanto isso, por muito tempo ela foi associada a uma suposta “conspiração judaica”

FANTASMAS DA AUTOMATIZAÇÃO DO TRABALHO
Robôs, os culpados ideais
Desde o início dos anos 2010, uma série de relatórios alarmistas profetiza o desaparecimento de um terço, por vezes metade, dos empregos ocupados por humanos e sua substituição por máquinas. O robô seria o inimigo número 1 do trabalhador… Mas deve-se culpar as novas tecnologias ou as políticas econômicas que impõem baixos salários?