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O discreto adeus de Jeremy Corbyn
Após suscitar a esperança para bem além das fronteiras do Reino Unido sob a direção de Jeremy Corbyn, o Partido Trabalhista designou um novo dirigente: Keir Starmer, que não chega a encarnar nem a continuidade nem um retorno ao “New Labour” de Tony Blair. Seu principal trunfo? O fiasco da gestão da pandemia pelo atual primeiro-ministro conservador, Boris Johnson

Retratos de missionários midiáticos
Por que Juan Guaidó é o verdadeiro presidente da Venezuela? Com que rapidez o chefe de Estado brasileiro deve cortar as aposentadorias? Como os peronistas vão piorar a crise argentina? Do Le Monde ao Financial Times, um punhado de “especialistas” latino-americanos interpretam as notícias políticas da região em função de suas obsessões: livre-comércio e anticomunismo

A caquistocracia
Derivada do grego kakistos (superlativo de “mau”) e kratos (“poder”), a palavra significa “o governo dos piores”. Inventada no século XVII para descrever a ascensão política de cidadãos menos qualificados ou menos escrupulosos, ela ganhou um novo fôlego com as eleições de Donald Trump e Jair Bolsonaro

Na África, a promessa de “economia emergente” não passa de uma miragem
Agitado sem parar para saudar performances promissoras de diversas economias africanas, o conceito de “emergente” oferece um rótulo aos países que se dobram aos dogmas neoliberais e às exigências do FMI e do Banco Mundial. Em geral, ele cria ilusões de óptica de um crescimento que favorece apenas uma pequena minoria

Petróleo, acordos e desacordos
Há tempos os Estados Unidos delegaram a Riad o cuidado de garantir um preço suficientemente elevado para o barril de petróleo, em troca de proteção militar. Porém, ao obrigar Washington a negociar com outros produtores, a atual queda de preços evidencia a erosão desse arranjo, sem que saibamos se ele será substituído por uma concorrência sem regras ou por outra forma de regulação

Trabalho, família, wi-fi
Os gigantes do setor digital dificilmente poderiam prever que um teste em tamanho real de sua visão de sociedade seria justificado por uma motivação sanitária. Durante semanas, produtores e consumidores tiveram de resolver seus assuntos por meio das telas, inclusive quando se tratava da escola, do divertimento e da saúde
Confinados na matrix
Contagens diárias macabras, vizinhança tóxica, previsões apocalípticas, imagens mórbidas em sequência: protegida pelo combate à Covid-19, a mídia organizou o terror sanitário para uma população francesa tratada como uma criança pequena. Interlocutores únicos de uma audiência confinada por dois meses, ela acabou por construir uma realidade
Por que desconfiar das estatísticas chinesas sobre o coronavírus
A assembleia geral da OMS realizada entre 18 e 19 de maio, sob uma chuva de críticas, propôs tratar toda futura vacina contra a Covid-19 como um “bem comum”. Nada que acalme os Estados Unidos, que acusam Pequim pelo desastre sanitário e destacam a fragilidade dos números de mortes declaradas. Mas o que esconde essa polêmica sobre os dados?
Três hipóteses geopolíticas para o pós-pandemia
A brutal desaceleração da economia mundial por causa da pandemia obriga as grandes potências a repensar suas estratégias industriais e comerciais. Muitos países, incluindo os EUA, continuarão seus esforços para se tornarem menos dependentes da China. As reconfigurações que se anunciam não estarão isentas de tensões geopolíticas, e as que se estabelecem entre Washington e Pequim estão entre as maiores
No Texas, armados contra o confinamento
Confinar a população para protegê-la do vírus? A proposta está longe de ser unanimidade no Texas, onde certas lideranças enxergaram na medida um atentado contra as liberdades individuais
Nos Estados Unidos, “no fundo, nada vai mudar”
Nenhum país conta tantas vítimas de Covid-19 – mais de 100 mil em maio – quanto os Estados Unidos. Além disso, a falta de uma rede de proteção médica e social provoca uma crise que não se via há um século. Em ano eleitoral, esse quadro poderia provocar um terremoto político. Entretanto, a reeleição de Trump não está descartada, e seu rival apenas ambiciona um retorno à era Obama
A disputa de discursos sobre a pandemia
Em poucos meses, a pandemia de Covid-19 alcançou quase todos os países do planeta. Ameaça a saúde e modifica o cotidiano de bilhões de pessoas. Ressuscita demandas e expectativas sobre o Estado. Abre espaços para a importância da solidariedade na sociedade. Ofusca o papel redentor do mercado no imaginário hegemônico
A escalada da desigualdade em meio à “coronacrise”
As crises têm nos ensinado muitas coisas. Uma delas é o aumento exponencial da vulnerabilidade social, que acaba criando condições para um processo acentuado de centralização e concentração de renda e patrimônio
Que a austeridade fiscal não volte da quarentena
No pós-pandemia, o conservadorismo econômico concentrará todos os esforços no resgate de uma suposta normalidade, apoiado no argumento de que a dívida pública cresceu e com uma retórica de que é necessário pagar a conta da crise. De outro lado, será preciso apontar para a hipocrisia e a demagogia desse discurso
O laboratório e a experimentação do trabalho na pandemia do capital
A pandemia do capital tratou de demonstrar sua impostura: “colaboradores” estão sendo demitidos aos milhares, “parceiros” estão podendo optar entre reduzir os salários ou conhecer o desemprego e os pequenos empreendedores não encontram consumidores e veem sua renda se esvanecer
É nóis por nóis!
Agora que a situação se complica, o coronavírus chega às periferias das grandes cidades, às favelas, ao interior, às regiões mais pobres do país; agora que a morte, o desemprego e a fome batem à porta, de quem essas pessoas podem esperar amparo, proteção, cuidados? A quem elas poderão recorrer?
A aposta no caos
Esse imobilismo do campo democrático abre espaço para Bolsonaro avançar em sua estratégia de golpe. Há uma agenda de urgências a ser implementada, e o primeiro passo é a conformação de uma frente antifascista. As disputas entre partidos por força das eleições municipais, que aliás ninguém discute e não sabemos quando vão ocorrer, não podem impedir a formação dessa frente.
Vender Audis na Birmânia
Ninguém consegue obrigar um bandido a agir contra sua natureza. Ora, a Europa é obcecada por construir um grande mercado. Sem fronteiras, direitos aduaneiros ou subvenções. Com efeito, sem novas liberalizações comerciais, ela cairia por terra. É a chamada “teoria da bicicleta”: ou pedalamos rumo a uma maior integração, ou a queda é inevitável.