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O mercado e a imprensa a proteger
Em junho último, o bilionário Vincent Bolloré impôs à chefia do Journal de Dimanche um diretor simpático à extrema direita
A impunidade dos generais golpistas
A politização das FFAA promovida pelo governo Bolsonaro apenas reforçou a postura de extrema direita que já era dominante.
O alvo da educação: rentabilidade e punição
Quem preside os processos educativos se coloca como garantidor do direito à educação, mas o faz convertendo-o em tecnologia de gestão da juventude, associando as bandeiras da educação integral e do acesso ao trabalho à rentabilidade e à punição
O engodo profissionalizante do Novo Ensino Médio
Apesar da sinalização positiva do MEC de que vai rever parte dos retrocessos introduzidos pela reforma de Temer, o chamado “itinerário profissional” não faz parte do pacote
A militarização das escolas públicas
Analisar a militarização das escolas formadoras das infâncias e juventudes requer pensar as implicações desse processo para a educação básica, os desdobramentos na formação das novas gerações, seus efeitos para o futuro da democracia e da sociedade e o papel da segurança e da educação, regidas por princípios diferentes e opostos
A perseguição sistemática contra professores no Brasil
Ao longo da última década, a perseguição contra professores vem se intensificando, sem que isso soe os alarmes do campo progressista. A prática é cruelmente pedagógica: ela ensina aqueles que já passaram por ela e aqueles que a presenciaram ou dela tomaram conhecimento a se autocensurarem
“No entanto, ela se move”
O conservadorismo sabe do papel político dos conteúdos escolares e elege a escola como sua inimiga. Isso mostra que o que ensinamos pode ter impacto no modo como os alunos pensam, sentem e veem o mundo. Em outras palavras, ter uma escola que ensine conhecimento científico, artístico e filosófico não é algo menor; trata-se de algo temido pelo bolsonarismo
O momento de glória dos não alinhados
Crise do petróleo, Guerra do Yom Kippur, golpe de Augusto Pinochet: 1973 marcou o século passado. Para o Ocidente, o ano permaneceu associado a uma grande ruptura, conhecida como “a crise”. O fim de décadas de crescimento contínuo, instabilidade monetária e aumento dos preços das matérias-primas, no entanto, não foram os únicos marcos desse novo mundo. O Reino Unido acabou por se juntar à Comunidade Econômica Europeia (pág. 16); na América Latina, e não apenas no Chile, golpes de Estado se sucederam e esmagaram os movimentos populares (págs. 12, 14 e 18). Em Argel, o movimento dos países não alinhados estava buscando uma “nova ordem econômica”. Contudo, nesse aspecto, não houve grande mudança (ler abaixo)
Dois espectros assombram o Chile
De um lado, um antigo médico, as urnas e a democracia. Do outro, um general golpista, metralhadoras e a ditadura. Entre os protagonistas de 11 de setembro de 1973, a memória chilena deveria ser capaz de escolher facilmente um dos lados. No entanto…
O Uruguai transformado em prisão
Após o golpe de Estado de 27 de junho de 1973, o Uruguai se tornou o país com o maior número de presos políticos proporcionalmente ao tamanho de sua população
Quando os trabalhistas defendiam o Brexit
Apesar da oposição dos militantes do Partido Trabalhista, um de seus líderes, o ex-primeiro-ministro Harold Wilson, conseguiu a ratificação da entrada do Reino Unido na Europa. A medida abriu caminho para uma reconfiguração política que, eventualmente, levaria à saída do país da União Europeia em janeiro de 2020
Resistência e morte de uma geração de intelectuais
No fatídico aniversário de cinquenta anos do golpe de Estado contra o governo de Salvador Allende, este texto descreve a repressão sofrida pelas Ciências Sociais no Chile e, sobretudo, as ações de solidariedade internacional, fruto de relações pessoais e acadêmicas estabelecidas nas décadas pretéritas
Por que todos esses golpes?
“Muitos golpes de Estado”, lamentou a ministra senegalesa das Relações Exteriores, Aïssata Tall Sall. O putsch de 26 de julho no Níger, depois daqueles no Mali, Burkina Faso e Guiné, suscita uma preocupação inédita. O Níger é decisivo na luta contra o jihadismo no Sahel. Porém, o golpe também indica uma mudança na relação da região com a democracia e o Ocidente
Réquiem da esquerda norte-americana
Mesmo as 91 acusações a ele imputadas não parecem ser capazes de impedir que Donald Trump seja o candidato republicano no próximo ano. Do lado democrata, o presidente em exercício também é o grande favorito nas primárias. Onde está a esquerda que, ao lado de Bernie Sanders, parecia tão poderosa durante a última eleição?
Sobre o oportunismo na diplomacia
Grupo de países criado entre 2009 e 2011, os Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – acabam de receber seis novos membros: Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. Embora seja muito diversa para oferecer uma visão comum da ordem internacional, essa aliança ilustra a nova geopolítica: a de um mundo à la carte
O gosto amargo dos cereais ucranianos
Quando a Rússia se retirou do acordo ucraniano sobre cereais, ameaçando a exportação por navios, a União Europeia tentou manter os corredores de segurança a todo custo, evitando que alguns Estados-membros fechassem suas fronteiras para os produtos de Kiev. Para além da guerra, essa crise anuncia as consequências de uma adesão acelerada da Ucrânia ao bloco europeu
“Somos ricos porque temos uma mão de obra estrangeira que sofre”
Por muito tempo, Singapura foi considerada um modelo de prosperidade e estabilidade. No entanto, a cidade, que elege um novo presidente – um cargo em parte honorário – em 1º de setembro, enfrenta problemas: maus-tratos a migrantes, aumento do custo de vida… O descontentamento popular preocupa o primeiro-ministro, que tem amplos poderes e lidera o país há quase vinte anos
Trieste, a fronteira sangrenta esquecida
Até o início do século XX, a Ístria era austríaca, antes de se tornar italiana e, posteriormente, iugoslava, sendo finalmente dividida entre a Eslovênia e a Croácia. É uma região de fronteiras intricadas, facilmente cruzadas pelos migrantes que acabam em Trieste. Para justificar a expulsão deles, o governo italiano instrumentaliza as vítimas da Segunda Guerra Mundial, esquecendo que a minoria eslovena (comunista ou cristã) foi amplamente perseguida
Como garantir uma morte digna para todos?
A Convenção Cidadã sobre o Fim da Vida manifestou-se a favor da abertura da assistência ativa à morte, à qual o Parlamento francês poderá dar contornos jurídicos neste outono. Mais de uma dúzia de países já estabeleceram legislações nesse sentido. Porém, para além dos textos, só a salvaguarda e o reforço do sistema de saúde pública podem garantir que se faça realmente uma escolha
Cantar o fantástico social
Os escritores Boris Vian e Raymond Queneau gostavam de seus livros. Juliette Gréco cantou sua obra. Seu nome evoca o “Quai des Brumes” e histórias de garotos maus. Com o autor Pierre Mac Orlan (1882-1970), as antigas histórias de aventureiros e desamparados ganharam a fria grandeza dos mitos desiludidos
Miscelânea
Campo de terra, campo de vida: alternativas de resistência negra e o negritude futebol clube (Roberta Pereira da Silva), Economia para transformação social: pequeno manual para mudar o mundo (Juliane Furno, Pedro Rossi e Gazetinha da Guanabara) e O rio, a cidade e o poeta: cultura popular e o construtivismo na poética de João Cabral de Melo Neto (Thaís Toshimitsu)