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Tango e política
De Carlos Gardel a Astor Piazzolla, da versão “clássica” à sua reinvenção, uns mais, outros menos, todos conhecem o tango. Apesar de o identificarmos em geral como sexy e dramático, codificado e estilizado, sabemos que essa música que dança, popular em todos os sentidos do termo, tem um passado intricado com a história política da Argentina

De repente, os Estados Unidos voltam a sorrir para a Venezuela
Preocupada em garantir o fornecimento de petróleo durante a guerra na Ucrânia, a Casa Branca enviou no início de março uma equipe a Caracas, cujas autoridades Washington nem sequer conhecia. Após semearem o caos no país por meio de sanções, os Estados Unidos estimam que talvez a Venezuela tenha mudado suficientemente a ponto de lhes ser novamente útil

No Egito, a modernização passa pelos faraós
Por onde passa, o regime do presidente Abdel Fattah al-Sisi explora o prestigioso passado antigo de seu país, símbolo milenar de poder. Fonte importante de divisas, a valorização desse patrimônio permite também atenuar as críticas formuladas no exterior a respeito das violações de direitos humanos ocorridas recentemente no Egito

O bom artista…
Solidariedade: é em seu nome que é oferecida, e cobrada, a recepção aos artistas ucranianos. Por outro lado, o banimento dos artistas russos e as condições necessárias para sua aplicação parecem ser justificados segundo esse mesmo princípio. O boicote, entretanto, possuiu muitos outros desafios para além da simples prática da fraternidade

A panela russa
A invasão da Ucrânia é contrária ao direito internacional, e nada justifica os crimes de guerra cometidos ali. Mas poderíamos imaginar sair do conflito sem buscar suas raízes? Convencendo-nos de que “simplesmente” resulta de uma passagem repentina para o universo da demência?

Cortina sombria
O conflito na Ucrânia acelera uma degradação iniciada na primavera de 2021, por ocasião dos protestos favoráveis ao opositor Alexei Navalny. Com a guerra contra Kiev, a pressão transformou-se em ameaça. Segundo a mídia online Agence, 150 jornalistas teriam deixado o país apenas dez dias após deflagrada a guerra
O rearmamento alemão
O grande aumento orçamentário recentemente anunciado poderia impulsionar a Bundeswehr ao posto de principal exército da Europa e, em todo caso, da União Europeia, à frente da França, dotando-a de capacidades ofensivas inéditas
Neutralidade, uma arma pela paz
Cientes de que os ocidentais não vão intervir diretamente em seu território, os dirigentes ucranianos poderiam renunciar a integrar a Otan para pôr fim aos combates. Agora no centro das negociações, o status de país neutro pode parecer precário, mas permite uma maior autonomia de decisão, ao mesmo tempo que favorece a coexistência pacífica
Equilibrismo geopolítico
Após um tempo paralisada pelo que chamou, assim como a Rússia, de “operação militar especial” na Ucrânia, a China ressurgiu. Até para agradar a seu “amigo Putin”, o presidente Xi Jinping não pretende abrir mão de sua ambição de modificar a “arquitetura de segurança e governança” do planeta
Evento total, crise editorial
Já esgotados pela pressão do cronômetro e da audiência, os procedimentos de seleção e de verificação afrouxaram. Imagens e testemunhos próprios para provocar emoção (refugiados, crianças chorando) formam o grosso de uma produção jornalística à qual os envolvidos são chamados a “reagir”
Quem são os falcões russos?
A invasão da Ucrânia por Moscou marca a vitória de uma corrente de pensamento que, desde a queda da União Soviética, defende um confronto militar e civilizacional com o Ocidente. Se a ideologia explica apenas parcialmente uma decisão cujas razões são geopolíticas e militares, a influência crescente desses “falcões” russos contribuiu para desencadear a guerra
Os dilemas da soberania
A “bússola estratégica” da qual são dotados os 27 países-membros da União Europeia fixa desde o dia 21 de março os objetivos de segurança e os meios para alcançá-los. Entretanto, longe de afirmarem a “soberania europeia” cara a Emmanuel Macron, essas diretrizes procuram complementar a Otan sem contradizer suas prioridades
Confusão total no mercado de petróleo e gás
Abrir mão dos hidrocarbonetos russos é um objetivo mais tranquilo de alcançar para os Estados Unidos do que para a Europa. Por outro lado, relutantes em se distanciarem de Moscou, muitos países exportadores de petróleo e gás evitam ocupar o espaço deixado pela Rússia
A ameaça de guerra nuclear
Ao anunciar que colocaria seu sistema de dissuasão em alerta, Vladimir Putin forçou o conjunto dos Estados-Maiores a atualizar suas doutrinas, em geral herdadas da Guerra Fria. A certeza de aniquilação mútua não basta para excluir a possibilidade de ataques nucleares táticos, alegadamente limitados – sob o risco de um desenrolar descontrolado
A ética miliciana e o espírito do capitalismo extrativista
Alianças promíscuas entre setores políticos, militares e judiciários com grupos armados apontam para o butim dos escombros do Estado e da economia brasileira, mobilizam uma ética relacionada ao elogio do uso da força não pactuada para a resolução de conflitos e atuam violentamente para aumentar seus recursos políticos e econômicos
Racismo, segurança pública e bolsonarismo
O esvaziamento do principal órgão de combate à tortura, o não cumprimento de compromissos assumidos pelo Brasil com acordos internacionais, o desmonte das políticas de direitos humanos e igualdade racial e o estímulo ao armamento da população somam-se à omissão do sistema de justiça em relação a quadros sistemáticos de violência e violação de direitos
Bolsonaro, entre a expectativa e a realidade
Policiais seguem matando e morrendo aos montes, ano a ano, sem que nada seja feito para inverter a lógica de confronto. As principais vítimas continuam sendo os jovens negros e de periferia, e nada está sendo feito para reverter esse quadro. Nossas expectativas em geral, assim como ocorreu com muitos eleitores de Bolsonaro, nunca estiveram tão distantes da realidade como agora