
R$ 24,00


Os pontos cegos do feminismo burguês europeu: raça e classe
“O feminismo liberal serve para pacificar as lutas feministas de libertação, oferecer uma respeitabilidade e um pedaço da torta capitalista”, analisa em entrevista a feminista decolonial francesa Françoise Vergès

David Bowie vai a leilão
As diversas transformações na indústria fonográfica mudaram os modelos de remuneração dos artistas. Os mais famosos agora preferem ceder catálogos inteiros a gravadoras, experientes mestres na arte de fazer frutificar os direitos autorais. Essas aquisições permitem negociar em uma posição de força com os novos canais de difusão online

A falsificação alimentar
Os diferentes elos da cadeia alimentícia (produtores, comerciantes, donos de tabernas…) sempre procuraram modificar a aparência dos alimentos que vendem. Aos métodos clássicos somaram-se as novas falsificações, que se tornaram possíveis dado o progresso da química

O espectro da fome
A brutal diminuição das exportações ucranianas de cereais e as sanções impostas a Moscou provocam uma alta de preços dos alimentos nos mercados. Os países importadores procuram novos fornecedores, enquanto cerca de 1,7 bilhão de indivíduos sofrem com a pobreza, a miséria e a fome

Diante do colapso, o Líbano tenta proteger sua memória
Em 15 de maio, os libaneses vão às urnas escolher os 128 membros da Câmara dos Deputados. A eleição chega em um contexto de grave crise financeira, colapso social e ressurgimento de tensões políticas e religiosas. Apesar das dificuldades, organizações da sociedade civil e intelectuais se mobilizam para preservar e digitalizar o patrimônio nacional

Na Colômbia, um obstáculo chamado Medellín
Em 29 de maio de 2022, os colombianos irão às urnas eleger seu presidente. Pela primeira vez na história, a esquerda, com Gustavo Petro, pode vencer. Apesar do renascimento de um movimento social poderoso, governar o país não seria fácil. A aliança histórica entre o poder econômico e o crime organizado é um grande obstáculo, como ilustra o caso de Medellín
Como Pequim absorveu Hong Kong
Hong Kong está sendo sufocada. A maior parte dos opositores está na prisão ou no exílio. John Lee, o chefe do Executivo indicado para substituir em julho a atual Carrie Lam, é o ex-chefe de segurança que se encarregou da repressão aos protestos. Debilitadas, as especificidades da ilha a ajudarão a resistir à vontade política do Estado chinês?
A ONU corre o risco de morrer?
Refugiados, alimentação, cuidados médicos… Todas as agências das Nações Unidas foram ativadas diante da guerra na Ucrânia. Entretanto, a instituição falha em sua missão primordial de garantir a paz e a segurança. O secretário-geral António Guterres levou 54 dias para lançar uma iniciativa diplomática. Depois do fiasco na Síria, a ONU vai falhar ainda mais profundamente?
O Sul se recusa a se alinhar com o Ocidente na questão da Ucrânia
Diferentemente da maioria das nações ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos, os países do Sul adotam uma posição prudente diante do conflito armado entre Moscou e Kiev. A atitude das monarquias do Golfo, aliadas de Washington, é emblemática: elas denunciam tanto a invasão da Ucrânia como as sanções contra a Rússia. Assim se impõe um mundo multipolar em que, a despeito das divergências ideológicas, os interesses dos Estados prevalecem
O complexo militar-intelectual
Se todos os dirigentes políticos procuram justificar as intervenções militares para sua população, nas democracias ocidentais essa operação assume uma forma particular imposta pela influência midiática. Fazer da guerra uma “causa justa”, demonizar o inimigo, exaltar aliados, acelerar decisões, esse é o papel atribuído aos especialistas e intelectuais
Quando o direito dos estrangeiros se torna a regra para todos
Complicado e flutuante, o direito dos estrangeiros na França é pouco conhecido, o que permite à extrema direita denunciar uma pretensa indulgência do Estado. Um exame mais minucioso mostra, contudo, uma legislação cada vez mais dura e que por vezes serve de laboratório: certas medidas restritivas, de início experimentadas com os migrantes, terminaram estendidas ao conjunto da população
Três blocos, dois perdedores
Ainda que os votos de Emmanuel Macron cresçam de acordo com o aumento da renda e a idade dos eleitores, esses dados não resumem a sociologia eleitoral da última eleição francesa. As posições em relação à Europa, vacinas, islamismo e crise climática tiveram um papel decisivo, assim como o nível de desconfiança em relação ao “sistema”
A recriação contemporânea da tecnologia de poder de Goebbels
Os onze princípios da propaganda nazista, atualizados, são aprofundados agora como tecnologia de governo na “democracia”, o que implica regimes políticos híbridos (convivência entre exceção e regras), pois atuam em zonas cinzentas entre autoritarismo e democracia
Redes políticas e a política das redes
Dez anos atrás, predominava um discurso extremamente positivo sobre as possibilidades que se abriam pelas mídias sociais. Contudo, a visão mais comum sobre o que o digital pode oferecer à democracia mudou diametralmente. O que essas duas vertentes têm em comum é uma visão essencialista da tecnologia. É importante, no entanto, conectar técnica e política, duas instâncias interdependentes
Combate à desinformação não pode depender apenas das plataformas
As plataformas não são neutras. Para elas, quanto mais determinado conteúdo gerar cliques e outras formas de interação, melhor, pois isso resulta em mais audiência e dados. Não há, portanto, uma preocupação ética por parte da indústria em combater o fenômeno da desinformação, mas essencialmente o objetivo de lucrar com a captura da atenção e sua venda para publicidade
O triunfo do cinismo
O resultado das eleições legislativas na França de 12 e 19 de junho vai mostrar com clareza a amplitude do mandato do presidente Emmanuel Macron e os contornos de seu programa. O esgotamento do sistema político francês, bem como a ausência gritante de representatividade fazem aumentar o desalento geral, num momento em que cresce a insatisfação social