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Bajular Pinochet, destruir Assange
Como acontece com Julian Assange na atualidade, Augusto Pinochet também foi colocado em prisão extrajudicial britânica. No entanto, ao contrário do jornalista australiano, o ex-ditador chileno não era acusado de ter obtido e publicado provas de tortura, de assassinato e de corrupção, mas de ter efetivamente cometido, ordenado e consentido tais crimes

O nascimento de Drácula
Vampiro é um desses raros mitos que inventaram nossa modernidade. É claro que ele assombrou alguns romances ao longo de todo o século XIX, e diz-se até que existiu um Dracul de má reputação na Transilvânia. Mas foi no fim do século XIX que essa figura assumiu toda a sua força, num pano de fundo de repressão ao portador da desordem, tanto sexual como social

Bigode para todos!
Trabalhadores contra a precarização, clientes “reféns”, sindicatos cuja legitimidade era contestada, contra-argumentos às “realidades econômicas” e questões mais amplas do que a luta particular de ambos os lados. Essa cantilena soa familiar? Talvez. Salvo que, em 1907, o conflito era sobre o direito ao uso do bigode

A vida e a honra dos boxeadores dos Estados Unidos
Em livro a ser publicado em setembro, o sociólogo Loïc Wacquant relembra sua experiência como boxeador, trinta anos atrás, em Chicago. Analisando ao mesmo tempo a esperança de ascensão social de seus companheiros, sua vida, seu trabalho cotidiano e as privações autoimpostas para vencer suas lutas, ele homenageia um esporte cujo prestígio está em declínio

Ecologistas seduzidos pela energia nuclear
É preciso acabar com a energia nuclear? Por muito tempo, essa questão não gerava debate algum entre os ativistas ambientais na Califórnia. Entretanto, desde que o aquecimento global e suas ameaças de secas e incêndios foram alçados ao primeiro plano dos perigos, algumas certezas foram quebradas

A burguesia francesa se recompõe em Versalhes
O coração da direita francesa sempre bateu em Versalhes. Ele bate sobretudo por Emmanuel Macron, com quem o prefeito da cidade se parece. Encarnação do bloco burguês, ele navega com elegância entre uma extrema direita católica assombrada pelo islã e as classes superiores preocupadas com espaços verdes, ciclovias e peças de Molière
Aqui jaz a Internacional Palestina
Desde meados da década de 1960, o Cemitério dos Mártires da Revolução, não muito longe do campo de refugiados palestinos de Chatila, em Beirute, abriga os restos mortais de figuras nacionais palestinas e de militantes internacionalistas que vieram apoiar a Organização para a Libertação da Palestina (OLP)
O que a epidemia mudou foram as pessoas
Dois anos após o início da pandemia de Covid-19, o que acontece em Wuhan, a primeira cidade do mundo a ser confinada? Como vivem seus 9 milhões de habitantes – entre os quais a escritora Fang Fang, que mantinha então um diário? Anteriormente celebrada na China, a autora, que se tornou persona non grata em seu próprio país, dá seu testemunho
A disputada luta por vagas na universidade russa
Professores russos considerados “sob influência estrangeira” podem ser demitidos a partir de 1º de dezembro, inclusive da universidade. Durante trinta anos, o ensino superior no país passou por significativas transformações, e a competição pelo direito de estudar gratuitamente aumentou. Combativas na década de 1990, as mobilizações estudantis podem renascer na época da guerra na Ucrânia?
Farc, o fim do desencanto?
Assassinatos com alvos predeterminados, divisões políticas, pobreza galopante… Cinco anos e meio depois da assinatura dos acordos de paz entre o governo colombiano e as Farc, o desencorajamento ganha os ex-guerrilheiros. Porém, a chegada ao poder de Gustavo Petro e de uma coalizão de centro-esquerda, pela primeira vez na história do país, reaviva a esperança
Qual país pode ser independente?
A regra tem poucas exceções: um Estado que enfrenta separatistas em seu território está menos disposto a reconhecer no exterior a independência de uma antiga região que se tornou soberana. Assim, quando se recusa a abrir uma embaixada no Kosovo, a Espanha pensa na Catalunha… As normas de direito internacional deveriam, no entanto, prevalecer sobre as escolhas arbitrárias dos Estados
Um balanço do atual modelo neoliberal no Brasil
A aposta na austeridade, na “fada da confiança” e na modernização advinda de investimentos externos apresentou resultados absolutamente frustrantes. Seu fracasso, no entanto, não impediu que um candidato de extrema direita tentasse redobrar a aposta no modelo neoliberal, levando-o à sua total perda de credibilidade
Democracia sob ataque
No capitalismo, o maior poder sempre foi o do capital, mas os próprios capitalistas construíram meios de restringir o poder econômico, uma vez que o sistema democrático não pode ser confundido com uma empresa na qual quem possui mais capital detém o controle. As democracias não foram pensadas como sociedades anônimas. Entretanto, isso está mudando
O mercado e o jogo eleitoral
O mercado atua nos processos eleitorais visando constranger candidatos do espectro mais à esquerda da política econômica, ensejando um verdadeiro terrorismo, via seu “mal humor” e “pouca receptividade” a ideias dissonantes de seus interesses de curto prazo
Centralização, autoritarismo e controle do orçamento público
O Congresso Nacional, comandado por aliados do governo, utilizou-se da pandemia para reduzir os espaços de participação social e debate público. O objetivo é aprovar projetos a toque de caixa e, em paralelo, apropriar-se do orçamento público – um processo de centralização e autoritarismo que afasta ainda mais o Congresso de seu papel de casa do povo
Da violência ao suborno
O assassinato do petista Marcelo Arruda pelo agente penitenciário federal Jorge José da Rocha Guaranho, bolsonarista, já não deve ser mais o último ato de violência política dos bolsonaristas contra os opositores do presidente. E as ameaças continuam.
Ardósia mágica
Atribuir todas as dificuldades do momento a uma causa única já era uma prática da Roma antiga. Na época, Catão, o Velho, terminava todos os seus discursos, qualquer que fosse o objeto, exigindo que Cartago fosse destruída. Mais recentemente, em 1984, a televisão pública confiou ao ator Yves Montand a apresentação de um programa, Vive la crise!, destinado a fazer os franceses compreenderem que todos os seus males provinham do Estado de bem-estar social.