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O dilema de Washington: até que ponto armar a Ucrânia?
A guerra na Ucrânia já soma quase 200 mil mortos e feridos, e os apelos por negociações para um cessar-fogo aumentam, sem impedir a intensificação do conflito. Em dificuldades no front, a Rússia bombardeia as cidades ucranianas a partir de seu próprio território. E os Estados Unidos continuam a entregar armas cada vez mais sofisticadas à Ucrânia
O euro, muito forte, muito fraco ou muito dependente?
A mídia tradicional sempre vê a economia pelo ângulo da meteorologia: uma sucessão de fenômenos cujas causas não adiantaria determinar. É o que acontece com o valor das moedas, que passaria por períodos de mau tempo, seguidos de calmarias e até mesmo de raios de sol. No entanto, uma delas se distingue pelo acúmulo contínuo de nuvens: o euro
Ucrânia, as fontes do patriotismo
A resistência a um invasor alimenta-se de símbolos compartilhados, de um fundo comum que afirma uma identidade ao mesmo tempo que constrói uma lenda ao longo dos acontecimentos. A mobilização patriótica na Ucrânia provém das fontes mais heterogêneas. Entre elas, um hino cantado por combatentes ucranianos que atuavam no Exército austro-húngaro em 1914 obtém um sucesso inesperado
Na Polônia, a solidariedade desmorona
Desde a invasão russa à Ucrânia, milhões de refugiados chegaram à Polônia e muitos permaneceram. Nesse país de emigração, resistente à imigração, os recém-chegados têm acesso ao mercado de trabalho e à educação. Porém, o sistema de acolhimento polonês, previsto para ser temporário, depende da hospitalidade da sociedade civil, a qual está perdendo força
Humanizar para melhor capitalizar
Assim como as escolas de gestão ensinam a fazer o melhor uso dos meios financeiros ou das possibilidades de mercado, os novos administradores aprendem a gerir o ser humano, reduzido à categoria de um recurso como outro qualquer. E jogam com as emoções (empatia, cumplicidade, prazer, mas também medo e estresse) para atingir seus objetivos. Tudo decorre do “efeito Hawthorne”…
A China que pensa à margem dos discursos oficiais
Ao contrário do que dizem os clichês que reduzem a China a um bloco monolítico, a população chinesa se movimenta e seus intelectuais pensam. As manifestações contra os confinamentos fizeram as lideranças políticas recuarem. Debates agitam os pesquisadores em torno de questões como essa e mais fundamentalmente em torno do futuro do país, sua especificidade, sua inserção no mundo… A despeito da pouca ressonância que alcançam no mundo ocidental, são debates de grande importância
No Peru, o golpe permanente
Eleito em 2021, o presidente peruano Pedro Castillo cometeu erros. Muitos erros. Porém, os equívocos dos líderes de esquerda pesam mais que os outros, já que a mídia perdoa tudo dos conservadores. Se as falhas de Castillo contaram tanto, foi porque ofereceram a seus adversários uma justificativa para o projeto que haviam imaginado desde que ele chegou ao poder: derrubá-lo
Emirados Árabes, laboratório mundial da vigilância cibernética
Em duas décadas, os dirigentes da federação dos Emirados Árabes Unidos adquiriram importantes meios digitais para fiscalizar e controlar sua população, inclusive a mão de obra estrangeira. A ponto de, hoje em dia, exportar essa tecnologia
As negociações secretas sobre os mísseis em Cuba
O presidente Kennedy estava determinado a manter em segredo a troca dos mísseis norte-americanos na Turquia pelos mísseis instalados em Cuba – tanto para preservar o controle dos Estados Unidos sobre a Otan como para proteger sua própria reputação, que, assim como a de seu irmão, não sairia fortalecida da divulgação de suas conversas com Moscou
Com os menonitas da Bolívia
Por várias semanas, a oligarquia boliviana lançou várias operações destinadas a enfraquecer, ou mesmo derrubar, o poder da província de Santa Cruz: manifestações violentas, greves patronais etc. Longe dessa agitação, mas a apenas algumas dezenas de quilômetros, uma comunidade religiosa evangélica vive uma vida atemporal. Um mergulho num mundo ao lado do mundo…
Novo pacto social para cuidar do Brasil
Cuidar é o oposto de desrespeitar, humilhar e desautorizar. Se Lula quer ultrapassar a retórica hobbesiana sem depender do humanismo cirandeiro, precisa mostrar como políticas públicas geram respeito, evitar vender sustos de desenvolvimento que se transformam em humilhação social e reverter o exercício do poder encarcerador em autoridade simbólica minimamente libertária
Epistemes de terreiro como acolhimento e cura social
Vivemos mais de quatro anos com medo de todos os lados, revestido pela falsa ideia de cuidado, com caminhos a serem trilhados aparentemente para proteger a família, a educação, a saúde, a religião, o bem-estar. Entretanto, sabemos que essa é também uma estratégia de encarceramento para nos confundir com noções de que controle é cuidado. Não é! Cuidado liberta, controle aprisiona
“Construir um lugar em que caibam todas as sociedades”
Em entrevista, a deputada federal eleita Sônia Guajajara (Psol-SP) comenta as expectativas com o novo governo, analisa o legado deixado pela gestão anterior e destaca a agenda de lutas dos povos indígenas e o papel dos movimentos sociais na construção de uma sociedade que valorize a vida, o meio ambiente e as pessoas
Governo Lula: cuidar do povo brasileiro
Em tese, estamos todos de acordo que os programas de governo se baseiem em fortalecer a cidadania e a democracia. Mas nem todos concordam, na prática, que essa é uma via de mão dupla. Se o governo deve, por obrigação, cuidar da população, esta também precisa cuidar do governo escolhido pelo voto da maioria
O afeto como política para a construção de outros mundos
A mesma perspectiva que embasou o colonialismo – de estupros, assassinatos, destruição da natureza, roubos e apagamento de memórias – perdura até hoje. Essa perspectiva corrobora a repetição de um modo de vida e produção que a médio e longo prazos não significam outra coisa senão a morte – e coletiva. É o esgotamento como premissa
Sociedade do cuidado e governo das sementes
Entre a análise do país como está, as expectativas para o próximo governo Lula e os prognósticos apocalípticos que se tornaram corriqueiros, o que seria uma sociedade voltada aos cuidados vista dos lugares mais violentados pela falta deles?
Os desafios que ficam
O novo governo se anuncia com o propósito de restaurar a democracia no Brasil, isso num momento de instabilidades, pressões e conflitos. Não será tarefa fácil e continuaremos assistindo a seguidos embates em uma sociedade fraturada
A esquerda e a mídia
Grande mídia: ir com ela ou não? Todo mundo que quer mudar o mundo já se deparou com esse dilema. De um lado, a necessidade de popularizar as lutas, o êxtase da visibilidade. De outro, a submissão aos padrões jornalísticos e à engrenagem da política como espetáculo