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Um jornal não alinhado
Da crise financeira de 2008 ao conflito no Oriente Médio, passando pela crise climática e pela invasão da Ucrânia, o planeta experimentou nos últimos quinze anos uma série de abalos que perturbaram as bússolas intelectuais e geopolíticas. Não a do Le Monde Diplomatique, que defende, quase sozinho, o não alinhamento e solicita a seus leitores apoio nesta luta
Cortar o mal pela raiz
As milícias foram se multiplicando à sombra do poder do Estado, são um fenômeno nacional e tiveram um crescimento acelerado nos últimos anos
Mudanças climáticas e direito ao território
Não há como enfrentar a crise climática sem uma política nacional de regularização fundiária no Brasil
A financeirização da natureza não solucionará as crises ambientais
Não é possível que o próprio modelo que provoca os impactos ambientais e toda a destruição que vivemos hoje seja o protagonista e promotor das soluções e saídas para eles. Pelo contrário, as saídas apontadas geram mais contradições e desigualdades
O Brasil que escolheu as commodities e esqueceu a vida
O Brasil no singular que conhecemos é um projeto de homogeneização de paisagens, de uniformização de agendas culturais, de padronização de pacotes alimentares com veneno, de produção em massa de autoritarismo e de destruição em massa de nossos biomas. Esse país no singular é violento, mas teve sua violência transformada em heroísmo
Avanços e contradições nas políticas socioambientais
O Brasil voltou a ser protagonista na política climática global, um grande alento num cenário mundial conturbado. Lula assumiu a bandeira da “transição ecológica”, vem reduzindo o desmatamento e ofereceu Belém para sediar a COP-30. Porém, o governo também é composto de forças conservadoras e desenvolve políticas que atendem a interesses que podem impactar a agenda socioambiental
A França lava as mãos
Visto de longe, tudo parecia calmo. Ou caminhando para a normalização, após os recentes acordos entre Tel Aviv e vários países árabes. No entanto, quando o Hamas lançou seu ataque em 7 de outubro, os canais de notícias entraram em edição especial: para atribuir a operação ao Irã e para focar a natureza do ataque e impor o adjetivo “terrorista”. Enquanto em Israel a raiva cresce contra um poder falho que não conseguiu evitar o massacre, os palestinos contam suas mortes aos milhares. Alinhada com a dos Estados Unidos, a diplomacia francesa se fecha na impotência voluntária
Hamas, as engrenagens da guerra
Com um ataque militar surpresa em grande escala em solo israelense a partir de Gaza, na madrugada de 7 de outubro, o Hamas provocou uma resposta devastadora para as populações civis e as infraestruturas do enclave. Embora se diga campeão da resistência palestina, os abusos cometidos por ele durante a ofensiva prejudicam seu futuro político
O fracasso da solução de dois Estados
A Questão Palestina parecia ter sido resolvida com a assinatura de acordos de normalização entre Israel e vários Estados árabes. No entanto, o ataque perpetrado pelo Hamas trouxe-a de volta ao primeiro plano, lembrando como a realidade que se impôs no território impede qualquer paz e segurança duradouras
Em Israel, uma união nacional de fachada
À frente de um governo ampliado às pressas, Benjamin Netanyahu não assumiu responsabilidade alguma pelas falhas colocadas sob os holofotes pelo ataque perpetrado pelo Hamas contra seus concidadãos. Ele é também censurado por ter dado provas de pouca empatia para com as famílias das vítimas. Seu futuro político está suspenso pelo fio da guerra
O espectro de um conflito regional
O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, ameaçou Israel de uso da força caso persistissem os bombardeios aéreos em Gaza. Expressando-se claramente, Teerã explica que não poderá impedir que o Hezbollah e outros atores que lhe são subordinados ataquem
Barbárie dos colonizados, massacre dos civilizados
Quem não se indignaria com os assassinatos do Hamas? E diante do dilúvio de bombas ordenado pelo governo israelense? O primeiro é rotulado como “terrorista” – o segundo, não. Ao longo da história, essa noção de “terrorismo” variou significativamente
Um freio na normalização
Há meses a diplomacia norte-americana vem fazendo de tudo para favorecer uma reaproximação entre Riad e Tel Aviv. A guerra, porém, compromete os esforços de Washington. Ainda assim, tais esforços teriam contribuído para ampliar o prestígio do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, que não poupa iniciativas para aumentar a influência de seu país
Nas redações, o terrorismo inibe a análise
“O ataque dos terroristas do Hamas” parece interromper um cotidiano tranquilo, sem vínculo com os 75 anos de história do conflito, o bloqueio de Gaza há dezessete anos e a marcha da colonização
Seria mesmo o fim do dólar?
A cúpula do Brics em Johannesburgo, em agosto, foi acompanhada de declarações oficiais denunciando o lugar da moeda norte-americana na economia mundial, bem como sua utilização para fins políticos. Rússia e Brasil anunciaram que pretendem limitar sua exposição às verdinhas. Contudo, será que basta declarar o fim da hegemonia do dólar para executá-la?
Longe do front, sociedade ucraniana se divide em duas
Com o aumento do custo humano dos combates, a Ucrânia tem dificuldades para recrutar voluntários para a frente de batalha. Diante de um povo que pede justiça, o governo exibe uma política anticorrupção, mas acelera o desmantelamento do Estado social e dos sindicatos. Tudo isso em um país em guerra no qual combatentes mutilados precisam contratar advogados e cidadãos deslocados têm de abrir procedimentos administrativos pelo smartphone
Em Cuba, big bang monetário agrava as dificuldades econômicas
Escassez, filas em lojas, crescimento do mercado paralelo de moeda estrangeira e inflação: há três anos, a economia cubana enfrenta uma profunda crise. Embora o embargo seja estruturalmente responsável por essa situação, uma reforma monetária para unificar o peso piorou as coisas. A população procura enfrentar as dificuldades, mas as partidas para o exterior se multiplicam
Gaza e a política francesa
O novo conflito no Oriente Médio teve repercussões imediatas na política francesa. As análises da França Insubmissa geraram críticas intensas, inclusive à esquerda, e facilitaram a marginalização dessa organização por um governo que está constantemente se movendo para a direita. Parece que a extrema direita é a principal beneficiária dessa operação
Miscelânea
Confira críticas dos lançamentos “Palavra engajada”, de Reginaldo Moraes, “Tempo Discos”, de Rodrigo Febronio, Samuel Sajo e Al Stefano e “Terebentina”, de Alexandre Gil França