Março 2008
Edição 8

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Editorial
O fato novo
O que está em discussão – e constitui o motivo de nossa matéria de capa – não é a sinceridade do homem, porém o fato de ele poder ser o catalisador de pensamentos e sentimentos que pareciam congelados desde 11 de setembro de 2001.

CAPA
O fenômeno Obama
Ele fala nos prejuízos causados pelo vício americano com o petróleo importado. Defende a rápida redução da emissão de gases que causam o efeito estufa. E o investimento de bilhões de dólares em biodiesel, energia solar e energia eólica. Em relação à crise dos empréstimos hipotecários, ela advoga medidas imediatas, destinadas a por fim aos abusos praticados pelos bancos.

União Europeia
Democracia “simplificada”
Rejeitada nos referendos de 2005, a Constituição Européia volta sorrateiramente à cena pelos fundos, travestida no Tratado de Lisboa. Este deverá ser ratificado por todos os países da UE – sem consulta popular e a portas fechadas. Afinal, como declarou o ex-ministro francês Jack Lang, “um tratado é só um tratado”

Guerra no Iraque
Os EUA conseguirão sair do atoleiro?
Em 2006, o fracasso parecia inevitável. Hoje, alguns acreditam na vitória. Bush espera, assim, atar as mãos de seu sucessor e levá-lo a seguir o mesmo caminho. Porém, a escalada de Obama, candidato hostil à manutenção das tropas, mostra que, mesmo no plano interno, o presidente pode não ser bem sucedido

Direita Católica
A nova estratégia do Opus Dei
Valendo-se de uma atuação bem orquestrada na mídia, a organização saiu da defensiva e conseguiu até mesmo virar a seu favor a tempestade desencadeada pelo Código Da Vinci. Frente à guinada à direita promovida pelo Vaticano, as teses da Obra parecem estar cada vez mais em sintonia com a vertente dominante na Igreja

Integração regional I
Infra-estrutura a serviço do grande capital
Com as bênçãos de Washington e o apoio financeiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento, dez países sul-americanos vêm levando adiante um conjunto de obras gigantescas, voltadas para ajustar as economias da região aos interesses do mercado globalizado e das empresas transnacionais

Integração regional II
Banco do Sul: libertação ou ilusão?
É promissora a decisão de criar uma instituição financeira e executar projetos de desenvolvimento regional sem rentabilidade imediata. Mas, para o sucesso do empreendimento, seus protagonistas precisarão superar várias divergências

Ponto de Vista
Energia: Responsabilidade compartilhada
Quando se fala em nova crise é importante analisar a matriz energética brasileira frente ao contexto internacional; explicitar a diferença da política implantada pelo atual governo em relação àquela vigente durante o apagão de 2001; e apontar elementos para que as organizações da sociedade civil se posicionem no debate

Crise econômica
De vendaval a furacão
Quem se surpreenderá com as proporções assumidas pela tempestade quando o próprio objetivo da desregulamentação foi abolir todo entrave à ação dos especuladores e proporcionar-lhes, sem a menor restrição, a mais viciante das formas do lucro: a rentabilidade financeira?

8 de março
Eu, mulher
Num lugar em que as mulheres são mortas pelos maridos, agredidas pelos filhos, torturadas pelas mini-saias, saltos altos e outras “burcas” do Ocidente, escolhi casar e ter crias, e trabalhar na comunidade. Preta, pobre, favelada, escolho não estar à venda. Nascida na Rua dos Ossos, escolho formar consciências

8 de março
Aborto: entre o hospital e a clandestinidade
Ninguém duvida que a interrupção voluntária da gravidez constitui uma dolorosa e até mesmo trágica opção. Mais trágico, porém, é constatar que sob o véu de cruzadas conservadoras pelo “direito à vida” se ocultam em todo o mundo, práticas terríveis como os abortos clandestinos, o abandono de crianças e o infanticídio

Microsoft X Google
Os gigantes brigam na internet
A oferta pública de compra da Yahoo, feita pela Microsoft, é mais um lance da batalha feroz travada pelas principais operadoras do setor. Está em jogo o controle da publicidade na internet, cujas cifras, cada vez mais polpudas, aguçam o apetite insaciável das grandes corporações

Saúde
A conspiração do silêncio
Há 50 anos, as conseqüências sanitárias das atividades nucleares são ocultadas pela Organização Mundial da Saúde. Nesse período, concentrações nocivas de radionuclídeos acumularam-se na terra, na água e no ar. Todos os estudos que alertavam sobre o impacto das radiações foram solenemente ignorados.

Gestão municipal
A sociedade já tem como controlar
Sob pressão de organizações não-governamentais, movimentos e empresas, Câmara Municipal de São Paulo aprova lei que obriga o prefeito a apresentar, em até 90 dias após a posse, seu plano de gestão, garantindo maior transparência na administração pública

França
Juventude fora de controle
Quando se trata de imigrantes, os conservadores culpam os pais pelos maus modos dos filhos. Mas o fato é que o trabalho nas fábricas, que antes funcionava como elemento disciplinador, já não atua mais. Devido à precarização das relações profissionais, os jovens estão agora soltos nas ruas, para o que der e vier

Refugiados Globais
Migração sem escolha
Calcula-se que entre 100 e 200 milhões de pessoas tenham sido obrigadas a deixar suas casas, seja por desastres naturais, guerras ou projetos de desenvolvimento, como construções de barragem e centros industriais

Filipinas
Progressistas na linha de fogo
Com o patrocínio dos Estados Unidos e sob o pretexto de combater o terrorismo islâmico, o governo de Gloria Macapagal Arroyo reprime sistematicamente os movimentos sociais. Cada liderança que se destaca é perseguida e, não raro, exterminada. Agredida, a sociedade civil exige a renúncia da presidente

Tréplica
Dogmas ambientais
Em resposta à crítica que recebeu de Bruno Milanez, o autor defende que “a empresa privada não é uma caixa preta imune à pressão social” e pode, sim, modificar seus comportamentos em relação ao meio ambiente a partir das reivindicações da sociedade: um tema de enorme atualidade e impacto político

França
Sarkozy-Bonaparte
O conceito de bonapartismo por certo não se aplica ao atual regime político francês. Mas as semelhanças entre o novo presidente e o imperador Napoleão III vão além do gosto pelo falso brilhante, dos conchavos com amigos ricos e do liberalismo de tipo anglo-saxão.

LÍNGUA
Falar o árabe
A retórica e a eloqüência da tradição literária árabe remontam a mais de mil e duzentos anos. Foram escritores de Bagdá, como Al-Jahiz e Al-Jurjani, que elaboraram, então, sistemas inacreditavelmente inteligentes e modernos.

TORRES
Pesadelo vertical
O arranha-céu tornou-se a expressão por excelência do capitalismo. Ele não permite o encontro e isola os indivíduos em um mundo doentio de luz artificial e ar condicionado, centrado no elevador e nas entregas em domicílio